“Ainda
há juízes em Berlim”. Assim o advogado do réu Delúbio Soares, o
criminalista Arnaldo Malheiros Filho, concluiu a terceira defesa da
sessão do julgamento do mensalão desta segunda-feira no
plenário do Supremo Tribunal Federal. A frase resume conto em verso
de François-Guillaume-Jean-Stansislas-Andrieux, “O Moleiro de
Sans-Souci”.
Diz
o conto que o rei da Prússia resolvera mandar construir o Castelo de
Sans-Souci e que, para tanto, havia que retirar um moleiro do terreno
em que haveria a construção. O moleiro, porém, não aceitou a
proposta e desafiou a ameaça do rei de expulsão violenta. Decidido
a lutar na justiça, disse a célebre frase “Il y a des juges à
Berlin” (Há Juízes em Berlim)
Séculos
depois, sempre que a justiça dá um mau passo, dobrando-se ao poder,
usa-se a expressão “Não há mais juizes em Berlim”, que
denuncia falta de magistrados imparciais. Malheiros inverteu a máxima
de forma a manifestar, sim, confiança no STF quanto a sentenciar
falta de provas contra seu cliente.
Antes,
o advogado de José Dirceu, José Luís de Oliveira Lima, iniciou por
onde o sucessor, Malheiros, terminou. Abriu sua fala com elogios à
propalada capacidade do ministro Celso de Mello de resistir à
pressão da imprensa. Uma homenagem cheia de simbolismo…
A
grande novidade apresentada ao distinto público pelas defesas de
Dirceu, José Genoino e Delúbio reside na revelação de que para
cada testemunho acusatório contra eles há um testemunho
desmentindo.
Acusações
de Roberto Jefferson que se basearam no que diz ter ouvido do hoje
deputado Miro Teixeira foram negadas por este sob juramento, enquanto
que o próprio Jefferson, como réu, não tem compromisso de dizer a
verdade. Jefferson ainda acusou Marcos Valério de ter ido a Portugal
procurar o presidente da Portugal Telecom levando propostas
desonestas de José Dirceu. O presidente da empresa, sob juramento,
nega.
Nenhuma
das cerca de 600 testemunhas do processo, além de Roberto Jefferson,
acusa Dirceu de chefe de quadrilha. Só que Jefferson é réu e,
portanto, tem interesse óbvio em mentir e jamais apresentou uma só
prova, inclusive testemunhal, de sua acusação ao ex-ministro.
O
simbolismo da manifesta confiança em que “Ainda há juízes em
Berlim”, é enorme. O advogado de Dirceu citou a biografia do
ministro Celso de Mello para destacar confiança no apreço dele e de
cada um de seus pares pelas próprias biografias. Em princípio, este
blogueiro subscreve a confiança do Moleiro da Prússia e de
Malheiros filho.
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Um comentário:
Você IMAGINA cirurgiões de coração DORMIREM durante um transplante !
Que FELIÇIDADE ou INFELIÇIDADE !! Que dúvida CRUEL, né mesmo?
Amanda Feliz
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