quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Não resisti...e CHOREI ! ! !


"Confesso que chorei. Quando vi a destruição do plenário do Supremo Tribunal, não pude conter as lágrimas. Aquela Tribuna sagrada que ocupei tantas vezes, em nome da liberdade e da democracia, usurpada por bárbaros. Quando vi as cenas daqueles energúmenos se vangloriando da invasão vil, eu entendi, de maneira definitiva, a força deletéria da mensagem de ódio e de violência inoculada nesses idiotas pelo chefe deles, o ultradireitista Jair Bolsonaro"

Imagem: Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo

08.01.2023 - Bolsonaristas golpistas destruíram plenário do STF; também atacaram sedes do Executivo e do Legislativo


O país só será pacificado com a condenação desse líder fascista e deletério. Vamos dar a ele todos os direitos constitucionais, inclusive o direito de só ser preso definitivamente após o trânsito em julgado da sentença condenatória. Digo definitivamente, porque, se ele insistir em promover atos insurrecionais, estarão presentes os requisitos para uma prisão cautelar

 

A invasão das sedes dos Três Poderes comprova o que tenho escrito há meses: Bolsonaro sempre intentou uma ruptura institucional. Só não conseguiu quando era presidente por não ter nenhum prestígio junto à intelectualidade das Forças Armadas. Qualquer pessoa com razoável descortino racional tem solene desprezo por esse ser escatológico. E nossos chefes militares são, em regra, preparados intelectualmente. Bolsonaro nunca teve o respeito que seria natural como comandante em chefe

 

É necessário olhar com a acuidade os fatos graves dessa tentativa de golpe de Estado. Estamos ainda no meio da intentada criminosa. E ter a maturidade para apoiar o governo no repúdio ao golpe. Um governo, com uma semana de exercício do poder, para enfrentar uma tentativa violenta de golpe tem que ter muita competência para resistir. E esse governo teve. Induzido em erro por um irresponsável secretário de segurança do Distrito Federal, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que convenceu o governador do DF de que existia segurança, enquanto alimentava o golpe

 

A cena da Polícia Militar do Distrito Federal protegendo e acompanhando os terroristas até a porta dos três palácios na Praça dos Três Poderes é revoltante. Dá asco. Desce um sentimento punitivista que leva à certeza da necessidade de retirar tais pessoas do convívio social

 

Nesta nossa resistência democrática, devemos ter a humildade para reconhecer os erros, talvez o excesso de confiança, depois de uma posse pacífica, histórica, comovente, mas também a maturidade da reflexão dos nossos acertos. A postura de estadista do presidente Lula fez toda a diferença

 

Depois de um forte discurso em Araraquara, onde estava em solidariedade cívica, junto com o prefeito Edinho, ao povo sofrido pela chuva, Lula desceu em Brasília e foi direto mostrar que ele é o nosso condutor da estabilidade democrática

 

A visita do presidente Lula aos escombros do interior do plenário do Supremo Tribunal, acompanhado da Ministra Rosa Weber, presidente da Corte, do ministro Barroso e do ministro Tofolli, é carregada de forte simbolismo. O respeito aos poderes institucionais. O apreço à democracia. O necessário resgate da independência entre os poderes, mas com o apoio institucional

 

O presidente Lula só não foi ao Congresso por recomendação de sua equipe de segurança. Por ele, iria. O espírito indomável de um estadista tendo que se submeter aos cuidados em plena tentativa covarde de um golpe de Estado

 

A resistência se faz com cada um exercendo seu papel na sociedade. O repúdio frontal ao golpismo. A palavra sem medo, em nome da democracia. A alegria, os fascistas cultuam o ódio. A recitação de poesia em público, eles não suportam poesia. A demonstração pública de afeto e carinho, eles são, em regra, enrustidos, não assumem a sexualidade

 

Enfim, vamos vencer a barbárie, porque o tempo deles, que nem deveria ter existido, acabou. Ninguém mais vai rasgar o Di Cavalcanti, ou quebrar a Peretti, ninguém vai estuprar novamente nossa esperança em tempos mais leves e felizes

 

Ser feliz é um destino revolucionário, não a felicidade individual ensimesmada no individualismo, mas a felicidade coletiva, aquela que invadiu a rampa do Palácio do Alvorada no dia da posse do Lula. O símbolo mais significativo de um país tomando posse de si mesmo. A pluralidade representada pelos invisíveis sociais

 

Eu não tenho dúvida de que o que impulsionou o ataque fascista ao Palácio do Governo foi o inconformismo com o fato de o povo ter subido democraticamente a rampa. Os fascistas enlouqueceram. Vamos vencê-los e vamos esperançar juntos. O povo brasileiro merece

 

Lembrando nosso Pessoa, no Livro do Desassossego na Estalagem da Razão: "A meio caminho entre a fé e a crítica está a estalagem da razão. A razão é a fé no que se pode compreender sem fé; mas é uma fé ainda, porque compreender envolve pressupor que há qualquer coisa compreensível"




Extrema-direita RELIGIOSA em ação (maléfica e raivosa) ! ! !

 Por Gutierres Fernandes Siqueira *

O dia 8 de janeiro de 2023 ficará marcado como o pior dia da democracia brasileira desde a redemocratização. Nas filmagens é possível observar que parte dos extremistas oravam e carregavam Bíblias, o que faz crer que são evangélicos, base eleitoral importante do ex-presidente. É a extrema-direita religiosa em ação.

Este fenômeno não é novo, mas é crescente. Trata-se de uma forma de nacionalismo religioso que se concentra na promoção e proteção da religião cristã evangélica em uma determinada nação. Isso pode incluir a implementação de leis e políticas baseadas no evangelicalismo, a promoção de programas educacionais e culturais, e a defesa de práticas e costumes evangélicos. Mas, tudo isso, desprezando os valores da democracia liberal.

É fruto de uma leitura errônea do conceito de "nação cristã" ou "nação escolhida". A ideia de "nação escolhida" é uma expressão bíblica que se refere ao povo de Israel, que conforme a tradição judaica e cristã, foi escolhido por Deus para ser um povo especial e receber a graça de Deus. Segundo a Bíblia, Deus escolheu o povo de Israel para ser um exemplo para outras nações.

Mas, conforme as Escrituras, apenas Israel serviu a Deus como nação escolhida. Depois de Israel, não houve, não há e nem haverá nação escolhida. Qualquer leitura que faça em qualquer país usurpa o papel da Igreja como nação escolhida. A Igreja não é nacional, mas transnacional; não é parte de uma cultura, mas abarca todas as culturas. Os nacionalistas cristãos querem fazer de sua nação um novo Israel, mas o novo Israel é a Igreja de Jesus Cristo.

O nacionalismo evangélico é também sedutor para muitos pastores e líderes da Igreja. Afinal, é uma forma de exercer poder. Mas, como todo tipo de poder, está envolto em vários perigos:

1) Falta de humildade: geralmente produz arrogância e superioridade religiosa, contrária aos ensinamentos bíblicos de humildade e amor ao próximo.

2) Desvio da missão: desvia a missão cristã e da mensagem do Evangelho a todas as pessoas e foca na defesa de interesses nacionais e eleitorais.

3) A polarização: leva a uma polarização religiosa e política na sociedade, prejudica a unidade e o diálogo entre diferentes grupos. Além disso, a polarização namora as obras da carne ao cultivar dissensão, ira e sectarismo.

4) Foco na política em vez da espiritualidade: o radicalismo leva os evangélicos a se concentrarem mais na política e no poder terreno do que na vida espiritual e no amor ao próximo. É excessivamente ativista e pouco piedoso; é engajado, mas nada generoso; é transtornador, mas nada transformador.

5) Perigo de misturar religião e política: leva a conflitos e violência, e que os evangélicos devem se concentrar em praticar sua fé de forma pacífica e respeitosa. Embora seja impossível cultivar uma religião neutra politicamente, é necessário separar Igreja e Estado, fé e política. Separar não é divorciar completamente, mas é saber discernir quando a aproximação é saudável ou não.

6) Dependência da cultura do medo e teorias conspiratórias: o nacionalismo cristão, como todo nacionalismo, precisa de inimigos, nem que sejam inimigos imaginários inventados em teorias conspiratórias. Em sua guerra cultural, os nacionalistas respiram ameaças e vivem em um mundo binário de constante estado de conflito.

Vários extremistas depredaram o patrimônio público enquanto oravam. Esse tipo de ato é sacrilégio da fé. Jesus elogiou os pacificadores. Paulo disse que a nossa luta não é contra carne e sangue. O cristianismo nos ensinou que o amor é mais forte do que o poder das armas. O dia 8 de janeiro é uma vergonha para a democracia brasileira, mas também para parte da Igreja que esqueceu o Evangelho.


*Gutierres Fernandes Siqueira  teólogo e jornalista; autor do livro "Quem tem medo dos evangélicos?" (Editora Mundo Cristão)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Não é MAIS hora de anistia ! ! !

Fontes: @alexvilacaf - canalmeio.com.br





Os primeiros NAZISTAS no Brasil ! ! !


 

Um professor de História, em uma escola no Rio de Janeiro, foi dar aula sobre nazismo.

Ele mostrou para seus alunos a suástica e disse que aquele era o símbolo dos nazistas.

Uma aluna levantou a mão e disse que já viu no sítio da sua família um tijolo com aquele mesmo símbolo.

Isso despertou a curiosidade no professor, que procurou saber mais sobre o assunto.

Aquele tijolo pertencia a uma construção demolida no sítio que era um casebre. 

Sidney Aguilar (o professor) não sabia que em sua pesquisa iria descobrir uma história tão bizarra que iria se transformar no documentário chamado "Menino 23".  

Esse sítio pertence a família Rocha Miranda, uma das famílias mais importantes da História do Rio de Janeiro de origem escravocrata.

Em sua pesquisa, Sidney descobriu que a família Rocha Miranda tinha um integrante que era MEMBRO do partido nazista aqui no Brasil, que era o MAIOR partido nazista fora da Alemanha e que outras pessoas da família eram ligados ao Partido Integralista Brasileiro, que era um "fascismo tupiniquim".  

Tá achando bizarro? Calma que vai ficar ainda mais.

Em sua pesquisa, Sidney descobriu que a família Rocha Miranda adotou 50 crianças de um orfanato para escraviza-las e todas elas eram NEGRAS.

No documentário, um homem conhecido como Seu Aloísio, que foi uma das vítimas, disse que as crianças não eram chamadas por nomes, mas sim por números e o seu era 23. 

Os meninos só foram libertados do cárcere quando o governo Vargas rompeu de vez as relações com o Eixo.

Daí, os nazistas, assim como o Partido Integralista, foram perseguidos e a família Rocha Miranda perdeu o status que tinha.  

Hoje isso parece algo extremamente absurdo, mas para época não era.

Segue uma frase de um Deputado Federal chamado Alfredo da Matta em discurso no ano de 1933: "A eugenia, senhor presidente, visa a aplicação de conhecimentos úteis e indispensáveis para reprodução e melhoria da raça."

No tempo que os garotos foram feitos de escravos, o Brasil vivia o ápice da política de superioridade racial e de "branqueamento", impulsionadas pelo darwinismo social.

Isso não faz 200 ou 100 anos: isso faz apenas 89 anos.

Como que em tão pouco tempo o nosso país deixou de ser racista?

Aos que dizem que o Brasil não é um país racista: será mesmo?  

Hoje, o nome da família Rocha Miranda carrega o nome de um importante bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. 

Segundo a pesquisadora Adriana Abreu Magalhães Dias, antropóloga da Unicamp, o Brasil tem mais de 300 células nazistas em funcionamento.

Em suas pesquisas especializadas na ascensão da extrema direita, Adriana também identificou mais de 6.500 endereços eletrônicos de organizações nazistas somente em língua portuguesa e dezenas de milhares de neonazistas brasileiros em fóruns internacionais.

OBS: esse documentário INCRÍVEL foi realizado pela Produtora Giros Interativa LTDA com o grande apoio da ANCINE e está disponível no Youtube.  https://youtu.be/7wHNxOohoPA

Texto interessante para REFLEXÃO ! ! !

TEXTO QUE SERVE MUITO BEM PARA O BRASIL

P O R

Rosa Freire d'Aguiar

 

- Militares, poder e ditaduras: longe da tentação

nos anos em que cobri a redemocratização da Espanha, desde a morte de Franco em 1975 até a eleição do socialista Felipe González, em 82, a questão militar era um tema onipresente. A ditadura de Franco durou 40 anos, as Forças Armadas -- especialmente o Exército -- estavam coalhadas de oficiais de alta patente medularmente franquistas e de ultradireita. Os dois primeiros governos pós-Franco fizeram grandes reformas, votaram a nova Constituição, mas não conseguiram avançar no front militar.  Resultado: em fevereiro de 1981 um alucinado tenente-coronel da Guardia Civil (este aí abaixo) invadiu o Parlamento, de arma em punho, tendo a seu lado 150 soldados, e pôs todos os parlamentares no chão, literalmente, exigindo, para soltar os reféns, que o Exército tomasse o poder.  

Cheguei a Madri na manhã seguinte ao golpe e tremi ao conversar com um grupo de velhos exilados que, já de passaporte no bolso, e diante do Parlamento, temiam que os militares voltassem ao poder, obrigando-os a mais um exílio.  O receio não era infundado: desde a morte de Franco tinha havido uma dúzia de estados de alerta e sedições potenciais nos quartéis, finalmente abafados.

Tudo isso mudou a partir de 1982, quando Felipe González foi eleito. Seu ministro da Defesa, o economista Narcis Serra, promoveu uma profunda reforma militar que, em poucos anos, afastou de vez a tentação golpista dos militares. 

A ideia de González era formar um Exército mais moderno, mais reduzido e mais operacional. A reciclagem deu certo.

A reforma teve três eixos principais: 

(1) enterrar de vez a noção de "inimigo interno", que identificava as correntes de esquerda em todos os seus matizes. Dentro da pátria não há inimigos; inimigos são os que estão más allá de la frontera, e podem ameaçar a pátria; sai o conceito de "inimigo interno", entra o de "defesa nacional". Eram essas as diretrizes. 

(2) rever de alto abaixo o ensino militar. Multiplicaram-se os contatos entre alunos e professores militares e civis. Lançaram-se programas para levar professores universitários às academias e, inversamente, jovens cadetes às aulas de história e ciências sociais nas universidades. O currículo das academias, que era elaborado apenas por chefes do Estado-maior, passou a ser definido em acordo com o Ministério da Defesa. Simbolicamnte, aboliu-se a disciplina "Guerra civil: cruzada contra o comunismo".

(3) remover das chefias os militares franquistas. Este foi sem dúvida o eixo mais difícil e o mais caro da reforma, pois o governo teve de bancar, com polpudas indenizações, o afastamento de centenas de oficiais superiores. Sob Franco não havia reforma compulsória, e a Espanha tinha 1300 generais , número maior do que o de todos os exércitos da Europa ocidental. A reforma reduziu pela metade o total de generais, e diminuiu de 250 mil para 90 mil os efetivos do Exército. As promoções passaram a obedecer a critérios profissionais e não apenas de antiguidade. 

A reforma ainda incluiu mudanças profundas na Justiça Militar, na disciplina dos quarteis etc.

A reciclagem deu certo. Muito hábil e prudente, Felipe González neutralizou o antagonismo de um Exército que ainda era dado a espasmos golpistas.

Gonzalez era desses que afirmavam, com razão, que com militares ou se manda ou se obedece. (sub-texto: nada de contemporização).

E lembro de um grande intelectual espanhol que repetia à exaustão: Civilização vem de civil.