Paulo Nogueira: Uma breve análise psicológica do fanático que gritou
insultos para Mantega.
Vítima do ódio cego de um filho da mídia
Vamos a uma breve análise psicológica
do fanático que gritou insultos para Mantega num restaurante em São Paulo.
Primeiro, examinemos o conteúdo de
suas palavras.
Ele disse que o PT está destruindo o
Brasil. E citou a Petrobras, especificamente.
Falou com ódio.
De onde vem esse tipo de afirmação?
Não dos fatos, não das estatísticas
frias. O Brasil, econômica e socialmente, avançou nos últimos anos.
Virou um dos objetos de cobiça das grandes empresas internacionais, e de potências globais como a
China, como se viu recentemente.
E a Petrobras, a despeito dos
recentes acontecimentos, é maior do que jamais foi antes. Seu valor em dólar
multiplicou-se desde 2003, quando Lula assumiu, e o pré-sal é uma realidade que
atrai corporações como a Shell.
Não encontra amparo nos dados,
portanto, a explosão do homem que agrediu Mantega.
Pensemos nele próprio.
Se está comendo num restaurante como
aquele em que cruzou Mantega, é porque sua situação pessoal é boa.
Em apuros financeiros, uma das
primeiras coisas que você corta é a ida a restaurantes, sobretudo os mais
caros.
Se não são as coisas reais que
alimentam a distopia em que vive e sofre o agressor de Mantega, o que é?
É a mídia, naturalmente.
Aquele é um homem atormentado não
pela situação em si, mas pelo que chega a ele pelas grandes empresas de
jornalismo.
Uma coincidência notável se deu no
domingo.
Faustão disse a Marieta Severo que
este é o “país da desesperança”. Ela cortou. Replicou que este é o país da “inclusão social”.
A mensagem de Faustão – a
desesperança, o sofrimento – jamais sofreu antes a correção feita por Marieta
Severo.
É um símbolo do que acontece no
Brasil.
As corporações de mídia bombardeiam
cidadãos como o do caso Mantega com um noticiário que distorce torrencialmente a realidade.
É o extremo oposto do que acontecia
na ditadura militar, quando as notícias dessas mesmas empresas pintavam uma ilha
de prosperidade num mundo convulso.
O alvo mais fácil dessa manipulação
são pessoas como o homem que insultou Mantega.
Eles acreditam que jornais e revistas publicam verdades. Se saiu no jornal, é fato. É essa a lógica.
Disso tudo nasceu a cultura do ódio
cego, obtuso que vai dar em cenas como a do restaurante.
As administrações petistas têm sido
inoperantes em se contrapor a esse mar de lama jornalística.
O paradoxo maior é que as empresas de
mídia vivem do dinheiro público, derivado de anúncios, financiamentos e outras
mamatas.
Nunca o governo se debruçou, com coragem, sobre a forma como financia uma mídia que é fundamentalmente antipovo.
Como em tantas outras coisas, o PT no
poder não reformou isso – a brutal quantidade de dinheiro público que vai dar
nas empresas jornalísticas.
Sobrou esperança e faltou coragem.
A esperança era que, como aconteceu
sempre, o dinheiro comprasse, se não simpatia, ao menos alguma objetividade.
A coragem não se apresentou diante do
medo da retaliação dos barões da mídia.
Foi neste quadro que surgiram
absurdos como a “mídia técnica”, um eufemismo para o Planalto continuar a
privilegiar nas suas decisões publicitárias companhias que sabotam
incessantemente tudo que fuja do interesse da plutocracia.
A melhor defesa das administrações
petistas acabou vindo de algo que nada tem a ver com o partido: a internet. Ali, você tem contrapontos à intoxicação pseudonoticiosa das empresas
jornalísticas.
Nem Getúlio e nem Jango tiveram isso,
e caíram.
O fanático que assediou Mantega é
filho da mídia. É um analfabeto político, um midiota que pensa saber
muito quando, na verdade, se contorce histérico num espetáculo de marionetes.
Manobram-no quando ele imagina andar com as próprias pernas.
O rápido avanço da internet vai
acabar minando o poder boicotador da imprensa. A manipulação será, a cada dia,
mais difícil.
Mas, até lá, seremos obrigados a
engolir cenas como a do restaurante em que Mantega foi insultado.
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O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de
notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha
constam originariamente no texto, mas os destaques são deste BLOGUEIRO.
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