Lula é vitima da máquina de lama
Mais do que ódio de classe é o ressentimento diante da derrota interminável
De uma entrevista http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/26/cultura/1427393303_512601.html de Umberto Eco
sobre seu próximo romance “Numero Zero”.
“Eu tinha em mente um personagem da história da Itália, Pecorelli, um senhor que fazia uma espécie de boletim de agência de notícias que jamais chegava às bancas. Mas suas notícias acabavam na mesa de um ministro, e se transformavam, em seguida, em chantagem. Até que um dia foi assassinado. Disseram que foi por ordem de Andreotti, ou de outros… Era um jornalista que fazia chantagens e não precisava chegar às bancas: bastava que ameaçasse difundir uma notícia que poderia ser grave para os interesses de outro… Ao escrever o livro pensava nesse jornalismo que sempre existiu, e que na Itália recebeu recentemente o nome de “máquina de lama”.
P. No que consiste?
R. Em que para deslegitimar o adversário não é necessário acusá-lo de matar sua avó ou de ser um pedófilo: é suficiente difundir uma suspeita sobre suas atitudes cotidianas. No romance aparece um magistrado (que existiu de verdade) sobre quem se lança suspeitas, mas não se desqualifica diretamente, se diz simplesmente que é extravagante, que usa meias coloridas… É um fato verdadeiro, consequência da máquina de lama.
A partir da experiência italiana, Eco trata da “máquina de lama” em que se transformou a internet.
Aqui, a máquina de lama se confunde com os detritos sólidos de maré baixa – a chamada “grande imprensa”, o PiG.
A internet, hoje, no Brasil, é único espaço alternativo ao PiG fedorento.
Embora nela também tenha muita lama.
Mas, aos poucos, o navegante distingue o Azenha do Rola-Bosta.
O Fernando Brito do 247.
Aqui, o PiG – e seus cães amestrados, os jornalistas que são piores que os patrões – não deixa de publicar ou exibir.
O PiG publica e exibe, no jornal nacional.
Funciona assim a máquina de lama brasileira: o jornal impresso publica, o jornal nacional copia, o PSDB repercute o jornal nacional no Congresso, o jornal nacional repercute a repercussão do Congresso.
E o fedor se espalha.
A máquina de lama faz a chantagem com a própria publicação e exibição, não guarda nada: ou você deixa de ser o que é ou te executo em praça pública.
Ou você põe fogo às próprias vestes e confessa o crime, delata premeditadamente, ou te encaminho ao fundo do Hades pútrido.
Não fica nada inédito, como fazia o Pecorelli.
Aqui, a máquina de lama inundou a Justiça, o Tribunal de Contas, a Policia Federal e o Ministério Publico.
E, como na máquina de lama do Eco, para deslegitimar o adversário e assassinar seu caráter, levantam-se suspeitas extravagantes que, nos outros, não provocariam nenhuma indignação.
Por exemplo, o Fernando Henrique pode cobrar US$ 50 mil por palestra, exigir jatinho e que seja acompanhado da secretaria e de um segurança.
Porque ele precisava trabalhar, depois de deixar a Presidência: para sustentar a fazendola que o Jovelino, depois, comprou dele.
O Lula e o Dirceu não podem trabalhar depois que deixaram o Governo.
Tem que esmolar.
Tem que rastejar debaixo da ponte e pedir um prato de comida, pelo amor de Deus !
Aqui, a máquina de lama fixa critérios de condenação que só se aplicam aos inimigos.
A filha do Cerra e o genro do Cerra podem participar da Privataria Tucana.
Mas, o Lula não pode fazer conferência para a Odebrecht.
Por que não ?
Por acaso a Odebrecht é uma central de produção de cocaína ?
E o Lula vai à África difundir o consumo de cocaína ?
A Odebrecht, por acaso, está na lista das empresas inidôneas, como esteve a Delta, até que o Ministro Gilmar, que conhece as submersas realidades de Goiás, lhe absolvesse ?
A diretoria da Odebrecht já foi encarcerada na Vara de Guantanamo?
Quer dizer que o Itaúúú pode contratar o Fernando Henrique e a Odebrecht não pode contratar o Lula …
Por que o Itaúúú é casto e a Odebrecht é pecadora ?
A Camargo pode contribuir para o iFHC e ajudá-lo a fundar uma revista – leia as perguntinhas que a Conceição Lemes sugeriu ao Dr Moro que fizesse à Camargo e ele não fez.
Mas, a Camargo não pode contribuir para o Instituto Lula.
Os empreiteiros contribuem para as campanhas do PT.
Mas, não contribuem para as do PSDB.
Porque o PSDB se financia em quermesses e com a venda de tombolas.
Quá, quá, quá !
É a máquina de lama, amigo navegante.
É a máquina de lama que esparrama a gosma escura e densa, fecha as cortinas, e não deixa ninguém saber que o Lula foi recebido como um estadista na Italia.
Enquanto o Fernando Henrique, no jatinho do Doria, se prestava a uma operação caça-dólarno Waldorf-Astoria: um baile à fantasia de magnatas brasileiros, conhecidos no mercado imobiliário de Nova York como mais provincianos – e perdulários – que os russos.
A máquina de lama vai produzir com mais intensidade até 2018.
E com mais ódio e rancor, porque como diz o Lula, a crise está no departamento de finanças da própria máquina.
A máquina de lama brasileira não gosta de Democracia.
Finge que gosta.
Gosta é de Golpe.
E, agora, diante de mais uma iminente derrota eleitoral, quer rachar o país ao meio.
A máquina de lama, aqui, assume, a cada dia, as feições da SS, como disse o Lula, no Congresso do PT:
- – O PT precisa entender que criaram um processo de criminalização contra ele. É importante que a gente saiba como funciona: É só assistir um filme. Como surgiu o nazismo ou o fascismo? A gente sabe como isso começa. E começa exatamente tentando desacreditar pessoas, tentando levantar coisas sobre as pessoas até que elas fiquem desacreditadas
Começa a provocar noites de cristais – http://pt.wikipedia.org/wiki/Noite_dos_cristais – porque, como diz o PiG, o Lula é a “única” opção do PT à Presidência.
Já a Casa Grande é mais “afortunada” – quá, quá, quá !
Tem quatro opções vitoriosas: o Cerra, derrotado duas vezes, o Alckmin e o Aecím, derrotados uma vez, e o Fernando Henrique Cardoso, que consegue ser um ex-presidente pior do que foi Presidente.
Paulo Henrique Amorim
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