Rosa dos Ventos
Alckmin atropela Aécio
O ninho tucano pega fogo. Quem soprou a
brasa foi o deputado estadual Pedro Tobias, recém-eleito presidente do
diretório paulista do PSDB. A posse de Tobias virou um ato quase oficial de
lançamento da candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência da
República em 2018.
O
deputado fez o anúncio emoldurado por um gracejo bisonho: “O País precisa de um
médico porque está doente, corrompido”. Não era blague. Formado em medicina,
Alckmin seguiu o mote e mirou o PT: “A política se exerce essencialmente com
ética (...) Um partido político se faz com ética”.
Quem não
enxerga nessa obviedade um roteiro planejado? A crise interna no PSDB,
provocada pela longínqua eleição presidencial de 2018, é maior do que supõe, e
do que publica, a vã filosofia da mídia. A ignorância é um objetivo calculado.
Bloqueia a informação e torna inocentes úteis os militantes tucanos e os
próprios quadros políticos do partido. Tudo se passa nos limites da cúpula
concentrada em São Paulo.
Aécio
sentiu o impacto do ataque de Alckmin e se abrigou na circunstância política
disponível. Ou seja, a antecipação da disputa interna: “É confortador (...)
termos no PSDB, em condições de disputar as eleições e de vencê-las, nomes da
estatura do governador de São Paulo”. Alertou, porém: “Teremos a
responsabilidade de não saltar etapas”.
A regra, neste momento, é a de negar evidências. Restam, no
entanto, fatos. Não há condições de evitar ou mesmo de contornar a situação. É
frágil a responsabilidade invocada pelo presidente do partido. Ele mesmo vai
ignorar a restrição se preciso for.
Aécio
Neves saiu chamuscado da
eleição de 2014. Sofreu duas derrotas em casa, para o PT, ao perder a disputa
pela Presidência da República e pelo governo de Minas Gerais. Na perspectiva da
competição interna os dias de agora também não lhe são favoráveis. Derrotado na
competição eleitoral, o senador mineiro pôs-se a comandar praticamente sozinho,
sem sucesso, os movimentos radicais contra Dilma.
Perdeu também esse “terceiro turno”.
O governador de São Paulo surgiu em cena e
reagiu ao movimento pelo impeachment da presidenta. Frustrou os planos de
Aécio.
Agora os
dois estão novamente em lados opostos. Alckmin atacou a proposta do fim da
reeleição, que chamou de “mudancismo”, e a redução da maioridade penal apoiada
pelo colega de legenda.
São esses alguns fatos. Quem irá para a luta eleitoral? Geraldo
Alckmin ou Aécio Neves? Ou, quem sabe, José Serra?
Serra, à margem do choque entre
Aécio e Alckmin, é, por ora, candidato de si próprio. Mantém, no entanto, o
sonho no qual sempre se intrometem os fantasmas de duas derrotas. Para Lula, em
2002, e para Dilma, em 2010. O sonho, nesses momentos, vira pesadelo.
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