sexta-feira, 19 de junho de 2015

O Brasil é um país curioso, porque o passado é lembrado ou esquecido seletivamente ! ! !

O Brasil é um país curioso, porque o passado é lembrado ou esquecido seletivamente

por Fernando BritoResultado de imagem para fernando brito do blog tijolaçono blog tijolaço

Por exemplo: quando Severino Cavalcanti elegeu Augusto Nardes – deputado pela Arena e suas sucessivas reencarnações – para uma vaga destinada à Câmara no Tribunal de Contas, o então presidente do órgão, Adylson Motta escreveu ao presidente Lula pedindo que não sancionasse a nomeação devido “à inobservância do requisito constitucional da reputação ilibada e idoneidade moral”.
Nardes era processado. Respondia ao Inquérito 1827-9 – crime eleitoral, peculato e concussão, doação de campanha eleitoral, segundo a publicação “No banco dos réus”, do site Congresso em Foco (…).
Lula o nomeou, porque a vaga pertencia à Câmara e a Câmara o escolheu.
Curioso é que, nove anos depois, Nardes pegou emprestado os argumentos que usaram contra ele e, já na Presidência do TCU, ameaçou vetar a posse do senador Gim Argelo por falta de “reputação ilibada e idoneidade moral”. De novo, minha fonte é a revista Veja, onde, aliás, o moralíssimo Ricardo Setti o saudou entusiasticamente dizendo que, ainda bem, existem homens como Nardes, “com vergonha na cara”.
Agora, Nardes – redimido pela mídia – assume uma postura agressiva como jamais se viu no TCU, sob completa cumplicidade dos veículos de comunicação, sem que um único deles aponte e recorde quem é este senhor.
A Folha chega a dizer que os “Ministros temem desmoralização do TCU ao julgar contas de Dilma“. Ora, quem teme desmoralização tem um presidente da corte que foi acusado de crime eleitoral, peculato e concussão, doação de campanha eleitoral e se acertou com uma multa e algumas palestras como pena alternativa?
O Brasil virou o país onde o cinismo é virtude, a hipocrisia é a verdade e a imprensa transforma em vestais as figuras mais sombrias, desde que isso ajude a derrubar o governo que – absurdo! – foi eleito pelo voto popular.
Se para isso precisam esquecer – como disse FHC – que escreveram, pouco se lhes dá.
Afinal, nessa história de ausência de reputação ilibada e idoneidade moral a mídia brasileira não é melhor que os personagens desta história.

ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha constam originariamente no texto, mas os destaques são deste BLOGUEIRO.

Nenhum comentário: