Morreu ontem (28), em São Paulo, o ator, diretor e
apresentador Antônio Abujamra, aos 82 anos. Ele apresentava o programa
“Provocações” na TV Cultura desde o ano de 2000. Era conhecido
pela irreverência de suas encenações e por seu humor crítico em relação a tabus
sociais.
Considerado uma figura inovadora no cenário teatral
brasileiro nas décadas de 1960 e 1970, Abujamra nasceu em 13 de setembro de
1932, na cidade de Ourinhos, no interior paulista. Formou-se em filosofia e
jornalismo pela PUC do Rio Grande do Sul. Ao voltar da Europa, onde passou uma
temporada, estreou profissionalmente no ano de 1961 dirigindo a peça teatral “Raízes”,
de Arnold Wesker, no Teatro Cacilda Becker, e “José, do Parto à Sepultura”, de
Augusto Boal, no Teatro Oficina. Na sequência, dirige uma série de espetáculos
para a produtora Ruth Escobar, começando por “Antígone, América”, de Carlos
Henrique Escobar no ano de 1962.
Em 1963, fundou o Grupo
Decisão juntamente com Antônio Ghigonetto e Emílio Di Biasi, com a intenção de
fazer um teatro político, influenciado por Bertold Brecht. Posteriormente, ele
trabalhou com Nicette Bruno e Paulo Goulart no Teatro Livre. Em 1975, a censura
proíbe a estreia de “Abajur Liás”, de Plínio Marcos. No mesmo ano, ele dirigiu
Antônio Fagundes no monólogo “Muro de Arrimo”, de autoria de Carlos Queiroz
Telles.
No início dos anos 1980,
dedica-se a recuperar o Teatro Brasileiro de Comédia, em um movimento que acaba
lançando grandes nomes, como Millôr Fernandes. Em 1991, funda a companhia “Os
Fodidos Privilegiados” e recebe um Prêmio Molière pela direção do espetáculo
“Um Certo Hamlet”.
Jair Magri é
fotógrafo do Provocações há
cinco anos e participou do velório do corpo do apresentador na manhã
desta quarta-feira, no Teatro Sérgio Cardoso, na capital paulistana. Ele falou
sobre a perda.
- Acho difícil o "Provocações” continuar, porque o programa era ele. Sem ele vai
ficar muito difícil. Com aquele jeito ácido, nunca vi um convidado que não
tremesse na hora da entrevista.
Frases incríveis ditas pelo provocador
Abujamra
“Esteticamente, o fracasso é mais interessante que o
sucesso. Sou um homem de fracassos”. Em
1982
“Quem não pensa que é sério quando jovem? Quando
jovem eu pensava dirigir uma peça para mudar o mundo. Tinha uma fúria dedicada.
A maioria que quis continuar sério: provocou o que está acontecendo no País”.
Em 1988
“E para que serve a utopia? Eu dou um passo, o
teatro dá dois passos. Eu dou dois passos, o teatro dá quatro passos. A utopia
serve para isso: continuar caminhando”. Em discurso de agradecimento em
1996 no Festival Hispânico de Miami, nos EUA
Eu perco tudo para não perder uma frase”. 1991
“Pergunte-me: o que você fez de bom nestes mais de 30
anos de televisão? Eu posso dizer: alguns segundos”. Ano 2000
"Não tenho esperança em nada. Odeia a esperança.
A esperança é f... a América Latina e você vem me perguntar, aos 79 anos, se
tenho esperança? Minha esperança é que você não viesse aqui hoje. Era a
única". 2012
“Dirigi trabalhos durante 43 anos, fui um imbecil. O
negócio é ser ator. Diretor tem regras, é chato. O palco é do ator". 2012.
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