Que crime os
manifestantes contra o aumento das passagens de metrô, ônibus e trens cometeram
para serem alvo de bombas da Polícia Militar, na tarde de ontem, (12), em São
Paulo, antes mesmo do protesto começar?
Resposta:
nenhum.
Mas
o governo do Estado de São Paulo tem outra resposta: nenhum ainda.
Sim,
a principal razão do ataque foi o risco de causar problemas. Risco na opinião
da polícia, é claro.
Mas
se alguém é atacado e/ou preso antes de cometer um crime, essa pessoa pode ser
acusada por este crime uma vez que o motivo que levou à sua prisão nunca
ocorreu e muito provavelmente não ocorra?
Pouco
importa. Em nome de manter as aparências para o mundo, a lógica foi assassinada
há tempos.
Fiquei
quebrando a cabeça para entender como a inteligência (sic) da polícia paulista
tem tanta certeza que os ativistas vão cometer crimes para terem seus direitos
fundamentais enterrados.
Descobri
que, encantada com o filme Minority Report – A Nova Lei (estrelado por Tom
Cruise e dirigido por Steven Spielberg), a área de Segurança Pública de São
Paulo, criou a Divisão de Pré-Crime.
Nesse
setor, o futuro é visualizado antecipadamente por paranormais. Dessa forma, o
culpado é descoberto antes que o crime seja cometido. Essa informação é
fornecidas ao Batalhão de Choque, que lança bombas e realiza prisões para
bloquear a ocorrência.
A
experiência já havia sido adotada pela polícia do Rio de Janeiro por ocasião da
Copa do Mundo e foi relatada neste blog. Agora, começa a ser implantada em São
Paulo e retomo aquele texto, atualizando para a terra do orgulho bandeirante.
Vocês
que estão tristes porque isso parece mais o comportamento de uma ditadura do
que de uma democracia, alegrem-se. Percebam o potencial disso.
Se
aplicarmos a tecnologia dos paranormais da polícia de São Paulo para as
eleições descobriremos quais políticos que, quando chegam ao poder, são
incapazes de garantir os direitos mais fundamentais de seus cidadãos. Como o
direito à livre manifestação. E o direito de não ser atacado, nem preso, por um
crime que não se cometeu.
Assim,
fica fácil saber quem não deve ser eleito.
Em
tempo: a Divisão Pré-Crime passou a ser usada contra manifestações, mas já é
testada, há anos, contra moradores de favelas e jovens pobres e negros em
geral.
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