Bolsonaro é a cara – sem máscara – da oposição
No meio da tarde de ontem (9/12),
estava reunido com blogueiros discutindo o quadro político atual quando uma
jovem que participava da reunião interrompeu o orador do momento para anunciar que alguma coisa chamada “Jair Bolsonaro” grunhiu, da tribuna da Câmara
dos Deputados, que só não estupraria a deputada
pelo PT gaúcho Maria do Rosário porque ela “não merece” ser estuprada por ele.
Desta
vez, Maria do Rosário teve mais sorte. Em 2003, além de dizer a mesma coisa
esse portento de “valentia” que atende por “Jair Bolsonaro” ainda empurrou a
parlamentar enquanto a chamava de “vagabunda”.
Porém,
esse “homem” não se limitou a agredir moralmente apenas a deputada petista;
também cobriu outra mulher
de insultos e calúnias, a presidente da República, Dilma Rousseff:
“(…) A Maria do
Rosário saiu daqui agora correndo. Por que não falou da sua chefe, Dilma
Rousseff, cujo primeiro marido sequestrou um avião e foi para Cuba, participou
da execução do major alemão? O segundo marido confessou publicamente que
expropriava bancos, roubava bancos, pegava armas em quarteis e assaltava
caminhões de carga na Baixada Fluminense. Por que não fala isso? (…)”
O
sujeito citou o “primeiro” e o “segundo” maridos de Dilma como um anátema. Acusou-os de crimes, mas, na mesma frase, a principal acusação
que fez, de forma implícita, foi a de que uma mulher, veja só, é tão
questionável moralmente que até já teve dois maridos (!) (canalha, escroto, nojento, anômalo, arcaico,
assecla da direita brasileira, impiedoso, vulgar, bruto, truculento, usurpador, trapaceador, tirano, déspota,
azedo, malicioso, langoroso, tirano, anti probo e que tem misoginia *) . Para uma aberração como a que atende por “Jair
Bolsonaro”,
mulher que teve dois maridos dispensa maiores comentários.
Você,
mulher de qualquer orientação político-ideológica, faixa etária, nível de
escolaridade, de renda, que resida em qualquer parte do país e que tenha a cor
da pele ou dos cabelos que tiver, gostaria de ser casada com esse sujeito?
Algum dia, quando era uma adolescente, você sonhou que o homem da sua vida
poderia ser alguém capaz de admitir a hipótese de estuprar uma mulher?
Você
amaria essa coisa chamada “Jair Bolsonaro”? Que mulher pode amar um homem que
demonstra prazer ao violar mulheres mental e
moralmente e, pelo que propôs em sua teoria sobre meritocracia de suas vítimas,
também fisicamente?
Não
é preciso dizer mais sobre esse que atende por “Jair Bolsonaro”. O relato de sua última
fala conhecida resume a sua vida pública e, mais ainda, a sua vida privada. O
fato, porém, é que, apesar de sua ultra sinceridade, esse espécime não passa de
um resumo da oposição a Dilma Rousseff.
Além
da tese sobre meritocracia das vítimas de estupro, o que foi que “Jair
Bolsonaro” expeliu,
nessa diarreia verborrágica que o acometeu na Casa do Povo, que não diz a
oposição formal a Dilma ou essa oposição envergonhada que habita os verdadeiros
canis que teimam em se autodenominar “redações”?
Eis
um trecho da “argumentação” padrão da oposição a Dilma Rousseff:
“(…) Dilma
Rousseff, deve estar envergonhada, sim, Vossa Excelência, por ter roubado, só,
dois milhões e meio de dólares da casa do Ademar. Agora, são bilhões da
Petrobrás. Presidente do Conselho de Administração, ministra das Minas e
Energia, chefe da Casa Civil, Presidente da República, não sabe de nada…
Quantas dezenas de milhares de pessoas morrem por esse dinheiro desviado para o
seu partido, para a sua casa (…) Esteve agora na Unasul reunida com a escória
da América Latina tratando, entre outras coisas, da abertura do espaço aéreo
para os países aqui da Unasul… Cuba não faz parte mais; tá no bolo. Além do
tráfico de drogas e o tráfico de armas e munições… Já tem onze mil cubanos aqui (…)”
Ufa! Não é
fácil ouvir esse animal…
Mas o mais engraçado é que ele acusa o partido de Maria do Rosário
apesar de o partido a que pertence, pelos seus critérios, ser muito pior. “Jair
Bolsonaro”,
do PP, acusa o PT baseado, por exemplo, nas “delações” de gente como o doleiro
Alberto Youssef, o mesmo que, segundo matéria do Estadão do último dia 1º, deu declarações nada
abonadoras sobre o grupo político do agressor de deputada e da presidente da República.
Abaixo,
trecho da matéria do jornal paulista:
“(…) O doleiro
Alberto Yousseff afirmou a investigadores da Operação Lava Jato que ‘só sobram
dois no PP’ ao reforçar o envolvimento de políticos do partido no esquema de
corrupção da Petrobrás (…)”
Detalhe:
O PP, de “Jair Bolsonaro”, tem 39 deputados e 5 senadores. Se “sobram dois” no partido, de
onde esse energúmeno tirou coragem para acusar o partido de Maria do
Rosário?
Enfim,
a parte publicável da catilinária do agressor de mulheres emula o que diz, por exemplo, Aécio Neves. A tese de que Dilma “deve se
envergonhar” foi usada à exaustão pelo tucano ao longo da recente campanha
eleitoral. Se fosse dito que a fala acima sobre corrupção na Petrobras partiu
do senador pelo PSDB mineiro, ninguém duvidaria. A oposição encontra seu símbolo nesse monumento à covardia.
ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha
constam
no texto original, mas os destaques são * deste BLOGUEIRO
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