Se o golpe no TSE vingasse,
todos perderiam
Já que os fatos finalmente estão
mostrando que jamais foi “alarmismo” denunciar (com muita antecedência) que a
análise das contas de campanha de Dilma pela Justiça Eleitoral iriam produzir
os devaneios golpistas que estão produzindo, pulemos a parte do “eu avisei” para a parte sobre “o que fazer”, que, no frigir
dos ovos, é o que interessa a todos.
Na
semana passada, surgiu o primeiro sinal concreto de que as contas de campanha
de Dilma seriam alvo do que estão sendo. Denúncia de um dos empreiteiros
envolvidos na operação Lava Jato afirmou que o PT recebeu doações legais nas
campanhas eleitorais de 2008, 2010 e 2012 que, na verdade, provieram de dinheiro de corrupção.
Aquele
foi um balão de ensaio do que estava por vir. Exposta a teoria de que dinheiro
do caixa 1 da campanha de Dilma teria ligação com corrupção justamente no
momento em que o relator dessas contas eleitorais – Gilmar Mendes,
inimigo notório do PT – mobilizou TCU, Receita etc., para que
passassem um pente-fino nelas, agora a mídia trataria de denunciar uma
irregularidade nessas contas.
Na
sexta-feira 5, a Folha de São Paulo publica a primeira
matéria apontando
irregularidade nas contas da campanha petista, antes de qualquer anúncio
oficial. O vazamento da informação precederia outro,
que seria feito na última segunda-feira, dizendo que “técnicos” anônimos do TSE
teriam encontrado irregularidades em cerca de 4% das receitas de campanha de
Dilma e em cerca de 14% das despesas.
O
roteiro da TENTATIVA de golpe, a partir desse ponto, já está sendo amplamente
veiculado. Suponhamos, então, que dê certo.
Gilmar
Mendes terá que decidir se acolhe o pelo em ovo encontrado pelos técnicos aos quais delegou a
tarefa de encontrá-lo. Será uma surpresa e um ineditismo se, pela primeira vez,
o ministro tucano no TSE e no STF decidir alguma coisa a favor do PT. Desse
modo, suponhamos que ele acolha a recomendação dos “técnicos” e rejeite as
contas de campanha de Dilma.
Suponhamos,
agora, que, no TSE, os ministros João Otávio Noronha, Gilmar Mendes, Luiz Fux e
Dias Tóffoli cumpram o script e, por maioria de quatro a três, rejeitem as contas
de campanha de Dilma.
Nesse
momento – ou, talvez, até antes –, que ninguém tenha dúvida de que movimentos
sociais, sindicatos e muitos militantes autônomos ou filiados ao PT sairiam às
ruas exigindo respeito à vontade das urnas, ao que seriam confrontados
pelos militantes tucanos, inclusive pelos que querem a volta da ditadura
militar.
Como
se sabe, Lula já está se preparando para enfrentar um golpe no TSE que
ainda há quem diga que é delírio.
Nesse
processo, não é difícil imaginar que protestos pró e contra a perda de mandato
de Dilma acabariam se encontrando e produzindo uma guerra campal de magnitude
imprevisível, podendo gerar até mortos e feridos.
A
essa altura, o país já estaria parado. As empresas estariam não apenas
postergando investimentos, mas, também, apelando à boa e velha prática de
“demissões preventivas”. A incerteza sobre quem iria governar o país derrubaria
as ações das empresas, faria a inflação explodir, desencadearia demissões em massa etc.
Nesse
momento, o PT estaria recorrendo ao STF contra a decisão do TSE, assim como fez
durante a campanha eleitoral a revista Veja, que conseguiu cassar no Supremo o
direito de resposta que a Corte eleitoral concedera ao partido.
Suponhamos,
então, que, no STF, Gilmar Mendes, Dias Tóffoli, Celso de Mello, Marco Aurélio
Mello, Luiz Fux, Carmem Lúcia e Rosa Weber derrotassem Ricardo Lewandowski, Teori Zavascki e Luís Roberto
Barroso – a inspiração para compor esse quadro se baseia no julgamento do
mensalão.
Com
a hipotética derrota também no STF, Dilma perderia o mandato e novas eleições
seriam convocadas.
O
país, nesse momento, estaria conflagrado e afundando economicamente. A radicalização de parte a parte racharia a sociedade, o
eleitorado. Com Dilma impedida, Lula se candidataria, a menos que prevalecesse
a sugestão do Reinaldo Azevedo e o PT fosse colocado na ilegalidade, em pleno
século XXI.
Como
aí já é demais, pois seria a volta da ditadura militar, suponhamos que Lula não
seria preso e o PT não seria posto na ilegalidade.
Assim,
com o país conflagrado, a economia afundando, Aécio Neves e Lula disputariam uma nova
eleição. O mais provável é que Lula venceria, mas mesmo se perdesse e Aécio
fosse eleito, ele receberia um país conflagrado e uma oposição tão feroz quanto
a que está comandando.
Será
que vale a pena herdar um governo assim? Será que vale a pena
atirar o país em tal buraco achando que não será cobrado pelo que os
brasileiros vierem a passar?
Só
o que já se pode garantir é que, até lá – e até o país se recuperar disso tudo
–, você, cidadão comum que odeia o PT, se não for ligado a políticos provavelmente
estaria desempregado e com a vida virada de cabeça para baixo. E é
possível garantir que a mídia e o PSDB não resolveriam os seus problemas
pessoais só por você odiar o PT.
A
pergunta que fica, pois, é a seguinte: vale a pena correr tal risco só por
marra da oposição e da mídia, só porque não querem aceitar uma derrota nas
urnas e esperar a próxima eleição?
Você
tem certeza de que é isso o que quer?
Vale a pena afundar um país só por birra?
Você, que apoia essa aventura, tem certeza de que sabe o que está fazendo?
Fonte:
ATENÇÃO: as palavras com fundo na cor amarela constam no texto original, mas os destaques são
deste BLOGUEIRO
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