terça-feira, 15 de setembro de 2015

Os contrastes de um casal de namorados, por Renato Russo ! ! !

Os contrastes de um casal de namorados



música
Eduardo e Mônica

Renato Russo,  grande Renato



Quem um dia irá dizer 
Que existe razão 
Nas coisas feitas pelo coração? 
E quem irá dizer 
Que não existe razão? 

Eduardo abriu os olhos, 
Mas não quis se levantar 
Ficou deitado e viu que horas eram. 
Enquanto Mônica tomava um conhaque 
No outro canto da cidade, 
Como eles disseram... 

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer 
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer... 
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse 
"Tem uma festa legal e a gente quer se divertir!" 

Festa estranha, 
Com gente esquisita 
"Eu não 'tô' legal, 
Não agüento mais birita!" 
E a Mônica riu e quis saber um pouco mais 
Sobre o boyzinho que tentava impressionar 
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa 
"É quase duas, eu vou me ferrar!" 

Eduardo e Mônica trocaram telefone 
Depois telefonaram e decidiram se encontrar. 
O Eduardo sugeriu uma lanchonete, 
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard. 

Se encontraram então no parque da cidade 
A Mônica de moto e o Eduardo de camelo. 
O Eduardo achou estranho e melhor não comentar, 
Mas a menina tinha tinta no cabelo. 

Eduardo e Mônica eram nada parecidos 
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis. 
Ela fazia Medicina e falava alemão 
E ele ainda nas aulinhas de inglês. 

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, 
De Van Gogh e dos Mutantes, 
Do Caetano e de Rimbaud. 
E o Eduardo gostava de novela 
E jogava futebol-de-botão com seu avô. 

Ela falava coisas sobre o Planalto Central, 
Também magia e meditação 
E o Eduardo ainda estava no esquema 
"Escola, cinema, clube, televisão..." 
E, mesmo com tudo diferente 
Veio mesmo, de repente 
Uma vontade de se ver 
E os dois se encontravam todo dia 
E a vontade crescia, 
Como tinha de ser... (eeer) 

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia 
Teatro, artesanato e foram viajar. 
A Mônica explicava pro Eduardo 
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar. 

Ele aprendeu a beber, 
Deixou o cabelo crescer 
E decidiu trabalhar. 
E ela se formou no mesmo mês 
Que ele passou no vestibular. 

E os dois comemoraram juntos 
E também brigaram juntos, muitas vezes depois 
E todo mundo diz que ele completa ela 
E vice-versa, 
Que nem feijão com arroz. 

Construíram uma casa há uns dois anos atrás 
Mais ou menos quando os gêmeos vieram. 
Batalharam com grana e seguraram legal 
A barra mais pesada que tiveram. 

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília 
E a nossa amizade dá saudade no verão. 
Só que nessas férias não vão viajar, 
Porque o filhinho do Eduardo 
Tá de recuperação. 
Ah! Ahan! 

E quem um dia irá dizer 
Que existe razão 
Nas coisas feitas pelo coração? 
E quem irá dizer 
Que não existe razão?

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