Que o Congresso assuma responsabilidade pela perda do grau de
investimento
Eduardo Cunha e Renan Calheiros
Presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente
Curiosamente, dramaticamente,
assustadoramente, umas tantas horas após a publicação do artigo Cobrar imposto de quem tem mais ganharia apoio da sociedade, este Blog assistiu,
decepcionado, à confirmação do seguinte trecho do texto que publicara:
“O desequilíbrio fiscal pode
afundar a economia. Trocando em miúdos, se o país continuar a gastar mais do
que arrecada em breve o investidor começará a tirar dinheiro daqui e aplicar em
outros países que não corram risco de, em algum lugar no futuro, quebrar, pois
quem gasta mais do que ganha pode até pagar as contas enquanto tiver reservas,
mas, em algum momento, essa pessoa, empresa ou país deixará de cumprir seus
compromissos (…)”
Por volta das 13 horas do day
after ao rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de
classificação de risco Standard & Poor’s – nota que, agora, nos coloca no
“grau especulativo” –, o Banco Central do Brasil já havia posto à venda 1,5
bilhão de dólares de nossas reservas cambiais.
O intento foi o de
pôr fim ao início de um ataque especulativo que o país não sofria há mais de
uma década, desde o ocaso do governo Fernando Henrique Cardoso.
Conforme previu o
parágrafo do post anterior (acima reproduzido), a perda do grau de investimento
– ou desconfiança do mercado na solidez econômica do Brasil – fez investidores
do mercado financeiro começarem a tirar seus dólares daqui, no que, se nada for
feito, serão seguidos pelos investidores do setor produtivo tão certo é quanto
o alvorecer de cada dia.
Ainda que seja inútil
essa discussão, em vez de haver comunhão emergencial para o país evitar um
ataque especulativo que lhe ceifou quase meio ponto percentual de suas reservas
em cerca de duas horas de funcionamento do mercado financeiro, começou a
discussão sobre de quem é a culpa pelo que aconteceu.
Nesse contexto, os presidentes da
Câmara e do Senado vestiram a carapuça, segundo o UOL:
“O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmera [nota do editor:
o português do UOL], Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmaram nesta
quinta-feira (10) que o Congresso não tem culpa pela perda do grau de
investimento do Brasil, retirado nesta quarta (9) pela agência de classificação
de risco Standard & Poor’s”
Bingo. A culpa é deles mesmos. O governo propôs o
ajuste fiscal. O Congresso rejeitou. Não importa que agentes políticos externos
atuaram para interferir na decisão do Congresso de não aprovar o ajuste fiscal
com a celeridade necessária, o que importa é que quem tem voto e poderia ter
aprovado medida que a própria S&P atribuiu à falta do ajuste, é o Congresso.
Sem caixa, Dilma
manda para o Congresso um Orçamento para 2016 com previsão de déficit de 30
bilhões. O Congresso que não quis aprovar medidas para equilibrar o Orçamento
diz que não aponta soluções (E PRÁ QUE SERVE ?)*, apenas faz críticas
e se recusa a dizer de onde esse dinheiro será tirado.
Falam em cortar
gastos do governo, mas sempre de forma genérica.
“Reduzam
ministérios”, dizem uns; “demitam funcionários públicos”, dizem outros; “criem
imposto sobre fortunas”, “criem CPMF”, dizem aqueles que sabem que para criar
impostos é preciso que o Congresso aprove.
O Congresso se
recusou a aprovar todas as tentativas que o governo fez de adotar o ajuste
fiscal, em meio a “pautas-bomba” que CRIAVAM GASTOS em vez de economia em um
momento em que o país tem que economizar para não sofrer fuga de
capitais que pode afundá-lo em recessão e desemprego.
Não importa o que
dizem os formadores de opinião da grande ou da pequena mídia, o que dizem os
empresários, o que dizem os sindicatos e movimentos sociais. Quem tem a caneta
na mão é o Congresso.
Não fizemos o ajuste
porque o Congresso não deixou.
Ponto final.
Fonte:
ATENÇÃO:
as palavras nas cores vermelha
constam originariamente no texto, mas os destaques, inclusive deste *,
são deste BLOGUEIRO.
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