terça-feira, 22 de setembro de 2015

GONZAGUINHA, um GÊNIO da nossa música que se FOI ! ! !

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Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior – GONZAGUINHA, nasceu em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho legítimo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.

A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos, Leopoldina de Castro Xavier – a Dina, e Henrique Xavier, o conhecido Xavier, baiano do violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São Carlos foram eles que me criaram e por isso eu toco violão.

Moleque Luizinho – seu apelido de infância, ia aprontando das suas. Pipas, peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infância. Como as três vezes em que furou o olho esquerdo. Na primeira, com uma pedrada, depois, com um estilingue e, na quina da cama, com isso perdeu 80% da visão desse olho.
"É somente através do trabalho da comunidade que nos vamos conseguir realizar alguma coisa, somente o trabalho conjunto e o respeito ao trabalho que vai nos levar aquilo que nos queremos. Uma melhor qualidade de vida. E nos queremos o melhor. É ou não é?" (Show em Exu em 1989)
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Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para pagar os estudos e algumas visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada.
Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira composição: Lembranças da Primavera. Pouco mais tarde, compôs Festa e From U.S of Piauí, que seu pai gravaria em 1967.
Em 1961, Gonzaguinha, que estava completando 16 anos, foi morar com o pai em Cocotá. Xavier e Dina não podiam dar estudos para o garoto, que queria estudar economia.
“Algumas pessoas acham que o artista tem que rir tem que encher o vídeo de dentes. Não tenho a menor pretensão de ser coerente. Além do mais, sou feio. E faço letras claras que às vezes, as pessoas demoram a sacar”. (Gonzaguinha)
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Neste ano Gonzaguinha estudou muito, desde então jamais repetiu um ano, lia todos os jornais e guardava tudo num saco de estopa, ele dizia que esses jornais podiam ajudar ele nos estudos. Só depois de formado é que ele jogou tudo fora.

Trancado no quarto, estudava economia e tocava violão. Quando saía, ia para a praia jogar futebol, sua outra paixão. Como já fizera no morro de São Carlos, esquecia dos horários e nunca vinha almoçar.
"A música não faz a revolução, nosso poder  é o de encantar, informar, alegrar, e, em determinados momentos, formar. Podemos fazer política sem ser políticos. Mas não somos donos do país, somos regidos por um sistema, de acordo com ele ou não" (Gonzaguinha, em 1978)
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Em dezembro de 1961, ocorreu o primeiro acidente automobilístico de sua vida, em viagem com o pai e uma amiga, a caixa de mudança do carro enguiçou, isso ocorreu no Rio, em direção a Miguel Pereira, Gonzagão ficou um mês hospitalizado, e Gonzaguinha só sofreu um grande susto.
Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão, fizeram com que o menino acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha sido a partir daí que o "homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior tenha começado a se delinear. Não só concluiu o Curso Clássico, como ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que tinha tudo para não dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social e politicamente.

"Uma coisa eu aprendi pelas estradas por onde eu andei, e que eu sei que vou levar para estradas por onde eu vou andar. Eu aprendi que é fundamental que eu tenha respeito pela minha pessoa, pra que eu possa evidentemente passar esse respeito para outras pessoas. Porque não há uma coisa "mais maior de grande" do que a pessoa e porque somente juntos, somente unidos, é que nos vamos conseguir uma coisa bem maior chamada a nossa liberdade"  (Gonzaguinha em 1984 show com Gonzagão)
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O começo da amizade com Ivan Lins e alguns outros teve inicio na Rua Jaceguai, na Tijuca onde morava o psiquiatra Aluízio Porto Carrero, um homem que gostava de levar pessoas a sua casa para longas conversas, jogos de cartas ou uma roda de violão.
Foi nesta casa que Gonzaguinha conheceu Ângela, sua primeira esposa, mãe dos seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda.
Das rodas de violão na casa do psiquiatra nasceu o M.A.U. (Movimento Artístico Universitário) e dele faziam partes nomes como Ivan Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, César Costa Filho. "Éramos um Grupo com pretensões de romper as barreiras do mercado de trabalho, com a consciência de que os festivais não projetavam ninguém" (Ivan Lins). O MAU acabaria sugado pela TV Globo que em 1971 lançava o programa "Som livre exportação".

"De tempos em tempos ele vinha me visitar, ia me levar  pra comprar uma roupa.  Geralmente aparecia e eu não  estava em casa" (Gonzaguinha, 1979, em relação a ausência do seu pai na infância)
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Nos primeiros dois meses as coisas caminharam bem e o grupo fez grande sucesso. Passando esse período, na hora da renovação do contrato, a Globo só queria Ivan Lins, Gonzaguinha e César Costa Filho. No início eles procuraram manter-se unidos, "na base do ou assina todo mundo ou ninguém assina". Passados os primeiros dias, as grandes somas envolvidas, as diferenças pessoais e outros fatores cindiram o grupo. O programa continuou por mais algumas semanas, comandado por Ivan Lins, que foi o que mais vacilou na defesa do grupo.
"Não era uma questão de eu ser mais ou menos forte que o Ivan. É uma questão estrutural. Só isso. A minha imagem de antipatia não permitia que as pessoas tentassem me cooptar. Isso me deixava muito distante. (Gonzaguinha)

Foi nessa época que se difundiu a imagem de Gonzaguinha como um artista agressivo, chegando um jornalista a chamá-lo de "cantor rancor". Para o compositor, sua agressividade foi criada pelo sistema para ele vender mais.

“A vida é bonita, é bonita e é bonita.”
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Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia "Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado".
Muita polêmica, uma advertência da censura, mas, em compensação, o compacto gravado pelo compositor, que estava encalhado nas prateleiras das lojas, esgotou-se em poucos dias e logo Gonzaguinha pulava do quase anonimato para as paradas de sucesso na Rádio Tamoio e era convidado para gravar um novo disco.
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz.”
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Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a primeira entre muitas visitas do compositor ao órgão público. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas!
Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.
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Colheita

Seja calma como a luz do sol rasgando a negra noite dor de março
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio
Será justiça para com as mãos cobertas de tanto calor flor de outubro
Será beleza como a chegada do colorido das primaveras
Seja forte como a união dos nossos corações trabalho e dor
Seja firme como as águas lentamente tomando as tantas terras
Será o fogo que arde em cada peito nas fogueiras das paixões
E violento como o amor o corpo exige, grita, toma e berra
Que seja um parto dolorido e farto de vida e alegria trabalho e festa
Que seja novo como a emoção de um cego vendo a luz de um dia
Será justiça para com as mãos cobertas de tantos calos flor de outubro
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio
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Não dá mais prá segurar


Chega de tentar
Dissimular
E disfarçar
E esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não quero mais calar
Já que o brilho desse olhar
Foi traidor e entregou
O que você tentou conter
O que você não quis desabafar
Chega de temor
Chorar
Sofrer
Sorrir
Se dar
E se perder
E se achar
E tudo aquilo que é viver
Eu quero é mais me abrir
E que está vida entre
Assim como se fosse o sol
Desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor
Dessa manhã
Nascendo
Rompendo
Tomando
Rasgando meu corpo
E então
Eu
Chorando
Sofrendo
Sorrindo
Adorando
Gritando feito louca alucinada
E criança
Eu quero meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar
Explode coração
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Vai meu povo

Vai meu povo
Esquecido da verdade
Pintado com a cor da liberdade
Vestindo fantasia de alegria
Cai na dança, avança na folia

Vai
Seguindo braço dado com a esperança
Contando voz bem alta enquanto avança
Erguendo as mãos aos céus
No rosto um riso
Mascarado, indeciso
Vai
Que esse é nosso bloco
E é bom tentar
Dessa vida esquecer de se lembrar

Segue, vai cantando, vai
Lembrando da alegria
Cai na brincadeira
Gira, pula, ri, se agita
Roda, samba e grita
Se dando de alma inteira
Deixa ir embora o tempo
Oi vira-vira, tem que virar de primeira
Quem sabe um dia chega alguém
Anunciando que não há mais quarta-feira

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O que é? o que é?

Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Cantar, e cantar, e cantar
A beleza de ser um eterno aprendiz
ai meu Deus, eu sei (eu sei)
Que a vida devia ser bem melhor
E será, mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita, é bonita

E a vida, e a vida o que é diga lá meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão, ê ô
E a vida, ela é maravilha ou é sofrimento
Ela é alegria ou lamento
O que é, o que é meu irmão
A quem fale que a vida da gente
É  um nada no mundo
É uma gota, é um tempo que nem dá um segundo
Há quem fale que é um divino mistério profundo
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der ou puder ou quiser
Sempre desejada
Por mais  que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
A pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza da resposta das crianças
É a vida, é bonita, é bonita
Viver

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