Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior – GONZAGUINHA, nasceu
em 22 de setembro de 1945, no Rio de Janeiro, filho legítimo de Luiz Gonzaga, o
rei do baião, e Odaléia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.
A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos, Leopoldina de Castro Xavier – a Dina, e Henrique Xavier, o conhecido Xavier, baiano do violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São Carlos foram eles que me criaram e por isso eu toco violão.
Moleque Luizinho – seu apelido de infância, ia aprontando das suas. Pipas, peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infância. Como as três vezes em que furou o olho esquerdo. Na primeira, com uma pedrada, depois, com um estilingue e, na quina da cama, com isso perdeu 80% da visão desse olho.
A mãe morreu de tuberculose ainda muito moça, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos, Leopoldina de Castro Xavier – a Dina, e Henrique Xavier, o conhecido Xavier, baiano do violão das calçadas de Copacabana, do pires na zona do mangue, morro de São Carlos foram eles que me criaram e por isso eu toco violão.
Moleque Luizinho – seu apelido de infância, ia aprontando das suas. Pipas, peladas, bolinha de gude, pião e os acidentes da infância. Como as três vezes em que furou o olho esquerdo. Na primeira, com uma pedrada, depois, com um estilingue e, na quina da cama, com isso perdeu 80% da visão desse olho.
"É
somente através do trabalho da comunidade que nos vamos conseguir realizar
alguma coisa, somente o trabalho conjunto e o respeito ao trabalho que vai nos
levar aquilo que nos queremos. Uma melhor qualidade de vida. E nos queremos o
melhor. É ou não é?" (Show em Exu em 1989)
Do pai, recebia o nome de certidão, dinheiro para
pagar os estudos e algumas visitas esporádicas. Imerso no dia-a-dia atribulado
da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a
injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a
nada.
Aos catorze anos, Gonzaguinha escrevia sua primeira
composição: Lembranças da Primavera. Pouco mais tarde, compôs Festa e From U.S
of Piauí, que seu pai gravaria em 1967.
Em 1961, Gonzaguinha, que estava completando 16
anos, foi morar com o pai em Cocotá. Xavier e Dina não podiam dar estudos para
o garoto, que queria estudar economia.
“Algumas
pessoas acham que o artista tem que rir tem que encher o vídeo de dentes. Não
tenho a menor pretensão de ser coerente. Além do mais, sou feio. E faço letras
claras que às vezes, as pessoas demoram a sacar”. (Gonzaguinha)
Neste ano Gonzaguinha estudou muito, desde então
jamais repetiu um ano, lia todos os jornais e guardava tudo num saco de estopa,
ele dizia que esses jornais podiam ajudar ele nos estudos. Só depois de formado
é que ele jogou tudo fora.
Trancado no quarto, estudava economia e tocava violão. Quando saía, ia para a praia jogar futebol, sua outra paixão. Como já fizera no morro de São Carlos, esquecia dos horários e nunca vinha almoçar.
Trancado no quarto, estudava economia e tocava violão. Quando saía, ia para a praia jogar futebol, sua outra paixão. Como já fizera no morro de São Carlos, esquecia dos horários e nunca vinha almoçar.
"A
música não faz a revolução, nosso poder é o de encantar, informar,
alegrar, e, em determinados momentos, formar. Podemos fazer política sem ser
políticos. Mas não somos donos do país, somos regidos por um sistema, de acordo
com ele ou não" (Gonzaguinha, em 1978)
Em dezembro de 1961, ocorreu o primeiro acidente
automobilístico de sua vida, em viagem com o pai e uma amiga, a caixa de
mudança do carro enguiçou, isso ocorreu no Rio, em direção a Miguel Pereira,
Gonzagão ficou um mês hospitalizado, e Gonzaguinha só sofreu um grande susto.
Os desentendimentos com Helena, esposa de Gonzagão,
fizeram com que o menino acabasse sendo interno em um colégio. Talvez tenha
sido a partir daí que o "homem" Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior
tenha começado a se delinear. Não só concluiu o Curso Clássico, como ingressou
na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (Rio de Janeiro). Aquele que
tinha tudo para não dar em nada, começava a mostrar o cidadão consciente social
e politicamente.
"Uma
coisa eu aprendi pelas estradas por onde eu andei, e que eu sei que vou levar
para estradas por onde eu vou andar. Eu aprendi que é fundamental que eu tenha
respeito pela minha pessoa, pra que eu possa evidentemente passar esse respeito
para outras pessoas. Porque não há uma coisa "mais maior de grande"
do que a pessoa e porque somente juntos, somente unidos, é que nos vamos
conseguir uma coisa bem maior chamada a nossa liberdade"
(Gonzaguinha em 1984 show com Gonzagão)
O começo da amizade com Ivan Lins e alguns outros
teve inicio na Rua Jaceguai, na Tijuca onde morava o psiquiatra Aluízio Porto
Carrero, um homem que gostava de levar pessoas a sua casa para longas
conversas, jogos de cartas ou uma roda de violão.
Foi nesta casa que Gonzaguinha conheceu Ângela, sua
primeira esposa, mãe dos seus dois filhos mais velhos, Daniel e Fernanda.
Das rodas de violão na casa do psiquiatra nasceu o
M.A.U. (Movimento Artístico Universitário) e dele faziam partes nomes como Ivan
Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, César Costa Filho. "Éramos um Grupo com
pretensões de romper as barreiras do mercado de trabalho, com a consciência de
que os festivais não projetavam ninguém" (Ivan Lins). O MAU acabaria sugado
pela TV Globo que em 1971 lançava o programa "Som livre exportação".
"De tempos em tempos ele vinha me visitar, ia me levar pra comprar uma roupa. Geralmente aparecia e eu não estava em casa" (Gonzaguinha, 1979, em relação a ausência do seu pai na infância)
"De tempos em tempos ele vinha me visitar, ia me levar pra comprar uma roupa. Geralmente aparecia e eu não estava em casa" (Gonzaguinha, 1979, em relação a ausência do seu pai na infância)
Nos primeiros dois meses as coisas caminharam bem e
o grupo fez grande sucesso. Passando esse período, na hora da renovação do
contrato, a Globo só queria Ivan Lins, Gonzaguinha e César Costa Filho. No
início eles procuraram manter-se unidos, "na base do ou assina todo mundo
ou ninguém assina". Passados os primeiros dias, as grandes somas
envolvidas, as diferenças pessoais e outros fatores cindiram o grupo. O
programa continuou por mais algumas semanas, comandado por Ivan Lins, que foi o
que mais vacilou na defesa do grupo.
"Não era uma questão de eu ser mais ou menos
forte que o Ivan. É uma questão estrutural. Só isso. A minha imagem de
antipatia não permitia que as pessoas tentassem me cooptar. Isso me deixava
muito distante. (Gonzaguinha)
Foi nessa época que se difundiu a imagem de
Gonzaguinha como um artista agressivo, chegando um jornalista a chamá-lo de
"cantor rancor". Para o compositor, sua agressividade foi criada pelo
sistema para ele vender mais.
“A vida é bonita, é bonita e é bonita.”
“A vida é bonita, é bonita e é bonita.”
Em 1973, Gonzaguinha participou do programa Flávio
Cavalcanti apresentando a música Comportamento Geral num dos concursos
promovidos pelo programa. Os jurados ficaram apavorados com a letra que dizia
"Você deve aprender a baixar a cabeça e dizer sempre muito obrigado/ São
palavras que ainda te deixam dizer por se homem bem disciplinado/ Deve pois só
fazer pelo bem da Nação tudo aquilo que for ordenado".
Muita polêmica, uma advertência da censura, mas, em
compensação, o compacto gravado pelo compositor, que estava encalhado nas
prateleiras das lojas, esgotou-se em poucos dias e logo Gonzaguinha pulava do
quase anonimato para as paradas de sucesso na Rádio Tamoio e era convidado para
gravar um novo disco.
“Viver
e não ter a vergonha de ser feliz.”
Como era de se prever naqueles anos de chumbo, a
divulgação da música logo foi proibida em todo o território nacional e
Gonzaguinha "convidado" a prestar esclarecimentos no DOPS. Seria a
primeira entre muitas visitas do compositor ao órgão público. Para gravar 18
músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à censura - 54 foram vetadas!
Apesar de toda a perseguição, Gonzaguinha nunca
deixou de divulgar seu trabalho: quer seja em discos onde driblava os censores
com canções alegóricas, quer seja em shows onde, além de cantar as músicas que
não podiam ser tocadas nas rádios, Gonzaguinha não se continha e exprimia suas
opiniões e sua preocupação com os rumos que a nação tomava.
Colheita
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Seja calma como a luz do sol rasgando
a negra noite dor de março
Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio Será justiça para com as mãos cobertas de tanto calor flor de outubro Será beleza como a chegada do colorido das primaveras Seja forte como a união dos nossos corações trabalho e dor Seja firme como as águas lentamente tomando as tantas terras Será o fogo que arde em cada peito nas fogueiras das paixões E violento como o amor o corpo exige, grita, toma e berra Que seja um parto dolorido e farto de vida e alegria trabalho e festa Que seja novo como a emoção de um cego vendo a luz de um dia Será justiça para com as mãos cobertas de tantos calos flor de outubro Seja fruto do suor tão santo que envolve o trabalho flor de maio |
Não dá mais prá segurar
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Chega de tentar
Dissimular E disfarçar E esconder O que não dá mais pra ocultar E eu não quero mais calar Já que o brilho desse olhar Foi traidor e entregou O que você tentou conter O que você não quis desabafar Chega de temor Chorar Sofrer Sorrir Se dar E se perder E se achar E tudo aquilo que é viver Eu quero é mais me abrir E que está vida entre Assim como se fosse o sol Desvirginando a madrugada Quero sentir a dor Dessa manhã Nascendo Rompendo Tomando Rasgando meu corpo E então Eu Chorando Sofrendo Sorrindo Adorando Gritando feito louca alucinada E criança Eu quero meu amor se derramando Não dá mais pra segurar Explode coração
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