O
melancólico papel de
Hélio Bicudo
por Altamiro Borges
O advogado
Hélio Bicudo se projetou no cenário nacional no período sombrio do regime
militar. De forma corajosa, ele denunciou os "esquadrões de morte"
acobertados pela ditadura e tornou-se uma referência na luta pelos direitos
humanos.
Sem nunca
abdicar da sua visão liberal da democracia, ele ajudou a fundar o PT-PARTIDO
DOS TRABHADORES, fez parte do governo de Luiza Erundina, elegeu-se deputado
federal em 1990 e foi vice-prefeito de Marta Suplicy. Alegando "problemas pessoais", nunca explicitados, ele rompeu com o PT em
2005. Na eleição presidencial de 2010, Hélio Bicudo já garantiu os holofotes da
mídia ao apoiar Marina Silva (PV), no primeiro turno, e o tucano José Serra, no
segundo(?????????????). Agora,
porém, ele chega ao fundo do poço ao se aliar aos fascistas mirins que exigem o
impeachment de Dilma.
Na semana passada, o veterano jurista se reuniu com alguns líderes das
marchas golpistas que rosnam pelo 'Fora Dilma' e pela volta dos milicos ao
poder.
Neste papel
melancólico, Hélio Bicudo autorizou que seu "parecer jurídico" sobre
o impeachment seja anexado ao pedido que PSDB, DEM, PPS e SD protocolarão na
Câmara dos Deputados nos próximos dias.
"Procuramos
o doutor Hélio para conferir mais prestígio popular ao pedido", disse
Carla Zambelli, do grupelho "Nas ruas contra a corrupção". Na
ocasião, o jurista voltou a expor, em vídeo, o seu ódio doentio contra o
ex-presidente Lula.
O fim de
carreira do jurista não surpreende apenas os democratas que o respeitaram no
passado. Sua postura rancorosa gerou críticas até na sua própria família. No
início de setembro, três filhos de Hélio Bicudo fizeram questão de explicitar
suas divergências. José Eduardo Bicudo inclusive expôs as suas críticas na sua
página no Facebook:
Sou um dos filhos de Hélio Bicudo e como meus irmãos, que já se
manifestaram em público, também me manifesto contra o pedido de impeachment
feito pelo meu pai. É triste ver uma pessoa que possuía um patrimônio político
e uma história de vida digna juntar-se à direita mais sórdida do nosso país
para fazer um papel no mínimo ridículo, extemporâneo, e se expondo de uma
maneira pueril. Infelizmente, a sua luta contra o esquadrão da morte acaba
ficando menor, neste momento pelo qual passa o Brasil, diante da insensatez que
é o seu pedido de impeachment.
Nas entrelinhas do texto é possível verificar que o pedido de
impeachment de Dilma é uma cortina de fumaça e o objetivo principal do pedido é
atingir Lula, de um lado se juntando à campanha da mídia conservadora contra a
candidatura de Lula para presidente em 2018 e de outro lado revelando mais uma
vez a sua desesperada 'briga' pessoal com Lula, a qual vem se arrastando por
mais de uma década.
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