Lula deu uma surra no Panelaço
Por Paulo Nogueira - de Londres
Lula falou em rede de rádio e TV no
programa do PT
A
direita não deve ter ficado muito feliz na noite da terça-feira passada (dia 5).
Porque o fato é: Lula surrou o Panelaço.
Aconteceu com o Panelaço o mesmo que ocorrera com o protesto de 12 de abril:
murchou, pifou, depois de uma primeira edição surpreendentemente bem sucedida.
O
duplo
fracasso – do Panelaço e do Protesto – trai uma verdade doída para os
interessados na derrubada de Dilma: seu momento passou.
Passou
primeiro porque é simplesmente uma estupidez querer cassar 54 milhões de votos
sob pretextos cínicos, falsos e vis.
Segundo
porque o governo Dilma e o PT retomaram a iniciativa. Ficou claro, por exemplo,
que ao contrário do que a imprensa vinha tentando propagar os problemas
econômicos do país não são exclusividade nacional. Fazem parte de um drama
mundial.
Foi
grande o esforço dos comentaristas das corporações de mídia em levar os
inocentes a crer que o dólar alto era um fenômeno apenas do
Brasil.
Mentira. Houve também uma mobilização conservadora para retratar uma Petrobras
aos pedaços.
Outra
mentira. As ações da Petrobras não param de subir, e investimentos bilionários na
empresa feitos pela China e pela Shell mostram que a mídia brasileira definitivamente não é
levada a sério fora do seu quadrado de atuação.
E
então chegamos a Lula, a grande estrela do programa do PT que foi
ao ar na noite da terça dia cinco, em rede nacional. Para desespero da oposição, Lula demonstrou que é o
Lula de sempre. Não apenas exibe vigor físico como continua a dominar a arte de
falar e convencer.
É
um caso único de poder de retórica no universo político brasileiro. Lula reúne
simplicidade e profundidade em seu discurso, e transmite sinceridade mesmo quando fala alguma
bobagem.
Comparemos.
Aécio fala com pedantismo, com ares de político da Velha
República, um Tancredo com implante de cabelo e dentes artificialmente brancos.
FHC é aquele professor que repete a mesma coisa há meio século, e que ninguém
aguenta mais escutar. Alckmin é uma mistura de Frontal com Dormonid.
E
Dilma pensa melhor que fala, muito melhor. Usa frases longas e repete
expressões que acabam com qualquer estilo. (Acredito que etc etc, por exemplo).
Dilma poderia – deveria – ter treinado a arte de falar em público, mas é
preciso reconhecer que mesmo com todas as suas limitações neste terreno ela não teve maiores problemas em lidar com
Serra e Aécio.
As
circunstâncias precipitaram os debates sobre 2018, e Lula aparentemente leva
muita vantagem sobre seus eventuais oponentes. A direita talvez se preocupe com
o tom incisivo de Lula nos últimos tempos, mas não há razões para pânico.
Lula
está mobilizando
a militância do PT com seu discurso ligeiramente radicalizado, o mesmo grupo
que provavelmente o levará ao Planalto em 2018. Depois, seu espírito
conciliador, de sindicalista acostumado a negociar, prevalecerá.
Num
país tão polarizado, tão dividido, tão cheio de ódio, um conciliador pode devolver o sentimento perdido de unidade. Até por isso Lula
sobra, desde já, para 2018.
ATENÇÃO: as palavras na cor vermelha
constam originariamente no texto, mas os destaques são deste BLOGUEIRO.
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