Já dizia o grande Tom Jobim que fazer sucesso no Brasil é uma ofensa pessoal aos que não deram certo na vida. Rogério Ceni, o goleiro do São Paulo que fez nesta quarta-feira sua última partida pela Libertadores, é um bom exemplo da veracidade da máxima jobiniana.
Não pretendia tratar de futebol hoje, mas vou acatar a sugestão do leitor Nicanor Amaro da Silva Neto, em mensagem enviada às 13h45, para falar desta figura rara do nosso futebol, jogador que vestiu a camisa de um único clube durante toda a sua longeva carreira.
Com aposentadoria marcada para agosto, Ceni já poderia ter parado há muito tempo, não precisava mais do futebol para viver. Quem disse? Para quem gosta do que faz e tem paixão em competir sempre, não é só o patrimônio acumulado e a conta bancária que contam. Em muitos casos, como no dele, o trabalho representa a própria razão de viver.
Por isso, a tristeza profunda do goleiro ao deixar o gramado do Mineirão, após a eliminação do São Paulo, que perdeu por 4 a 3 a disputa por pênaltis com o Cruzeiro. Rogério tinha defendido dois pênaltis e convertido um, mas seus colegas conseguiram perder três cobranças.
Ali ele começava a se despedir do futebol, aos 42 anos, pois ser mais uma vez campeão da Libertadores foi o motivo que o levou a renovar contrato até agosto. A mesma grandeza que mostrou dentro de campo Rogério mostrou também na saída, ao se calar e não culpar ninguém pela derrota. Ao contrário, a única coisa que fez foi agradecer aos seus companheiros de time que o ajudaram nas muitas vitórias conquistadas.
Dono de uma personalidade forte e com nível cultural superior ao da média dos jogadores, muitas vezes foi considerado arrogante, mas ele só queria uma coisa na vida: jogar e ganhar sempre. Rogério certamente vai sentir muita saudade dos gramados e, nós, das suas atuações brilhantes, principal responsável por tantos títulos conquistados pelo São Paulo nestas últimas duas décadas.
Nesta reta final da carreira do maior ídolo do São Paulo em todos os tempos, quero registrar aqui meu reconhecimento a quem honrou a camisa tricolor e nos deu tantas alegrias.
Valeu, Rogério.
Vida que segue.
Ricardo Kotscho
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