O Brasil mudou. Nos últimos anos, o lema que
impulsionou o esforço por um país mais justo e igual dizia que “O fim da miséria
é só um começo”. O país é outro e a mudança será relatada aqui na voz de alguns
brasileiros, com o testemunho de suas vidas.
Estamos falando de crianças bem nutridas e com
saúde, que não trabalham mais para ajudar em casa, nem morrem precocemente.
Estão na escola, investindo num futuro diferente do de seus pais. Falamos em
brasileiros que já não passam fome, como seus pais, avós e bisavós.
Falamos de um Brasil onde a pobreza mais severa,
considerada em suas várias dimensões e não apenas na baixa renda, caiu de 8,3%
da população, em 2002, para o equivalente a 1,1% da população em 2013, segundo
dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, com
base em metodologia do Banco Mundial.
É um avanço incontestável. Em pouco mais de dez
anos, deixaram a situação de pobreza mais severa, sobretudo, as famílias com
crianças, os negros e os nordestinos, parcelas da população que mais sofriam
com as privações.
Não estamos medindo apenas a renda. O indicador de
pobreza crônica multidimensional leva em conta a escolaridade das famílias, a
frequência das crianças às aulas, o acesso a serviços de energia, saneamento e
água, as condições da habitação e a posse de bens como geladeira e telefone.
Os números atestam o sucesso das ações de combate à
pobreza em suas várias dimensões, estratégia que direcionou a elaboração do
Plano Brasil Sem Miséria, lançado pela presidenta Dilma Rousseff em 2011 com o
objetivo de superar a pobreza extrema no país. O compromisso do governo
traduziu-se em decisão política firme, que colocou a pobreza no centro da
agenda de políticas públicas do Brasil.
Crianças mais saudáveis e mais educadas são o
principal caminho para resolver a pobreza de forma duradoura e sustentável. O
Brasil Sem Miséria cuidou de ampliar o acesso a creches e a escolas em tempo
integral, assim como a melhores moradias. E fez mais.
No caso do Semiárido nordestino, foram as cisternas
o motor da mudança. Em pouco mais de três anos, mais de 750 mil cisternas foram
instaladas na região, garantindo o acesso à água a quem, por vezes, tinha de
buscá-la a horas de distância de casa.
Outro eixo importante do plano foram as ações de
inclusão produtiva, que registraram mais de 1,5 milhão de matrículas em cursos
de qualificação profissional. Entre os beneficiários do Bolsa Família, mais de
400 mil tornaram-se microempreendedores individuais e contaram com crédito a
juros mais baixos para produzir. No campo, agricultores familiares pobres
também contaram com assistência técnica e acesso a crédito.
Parte dessa produção reforçou a merenda oferecida
nas escolas públicas do país a 43 milhões de crianças e jovens todos os dias. E
ajudou o Brasil a superar outro problema histórico: a fome. Em pouco mais de
dez anos, 15,6 milhões de pessoas deixaram a condição de subalimentadas,
segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO),
que em 2014 tirou o país do Mapa da Fome.
São brasileiros que falam em nome das cerca de 14
milhões de famílias beneficiárias do Bolsa Família e que, por meio da inscrição
no Cadastro Único, tiveram acesso a uma vida melhor. Alguns abriram mão do pagamento
do programa de transferência de renda. A maioria viu mudar a perspectiva de
futuro.
São histórias como a da beneficiária que passou no
vestibular de Direito de uma universidade pública, de cidades inteiras que
deixaram de ver seus habitantes virarem retirantes da seca, de mulheres que se
qualificaram profissionalmente e abriram seus próprios negócios, de sertanejos
que, com acesso à água e à assistência técnica, estão deixando o sertão mais
vivo e produtivo, de crianças sadias com brilho nos olhos que hoje brincam e
estudam. E sonham com a universidade.
Não são preguiçosos ou perdedores. Metade dos
beneficiários não trabalha porque são crianças e adolescentes. Seu lugar é na
escola. As crianças, aliás, são um alvo especial das políticas públicas. Elas
começam a ser cuidadas ainda no ventre das mães. E os resultados já aparecem
até na redução do déficit de altura, indicador da desnutrição crônica, que
costuma ser acompanhado por comprometimento intelectual. Ao lado de resultados
medidos cientificamente, há outros, quase intangíveis, como a da menina
Andressa, de Nova Iguaçu (RJ), que sonha em ser arquiteta.
Da construção do sonho de uma sociedade menos
desigual, Andressa já faz parte. Esperamos que as histórias narradas a seguir
ajudem o Brasil a vencer o preconceito contra os pobres e a ter orgulho da
inclusão social que orienta o projeto de desenvolvimento do nosso país.
Tereza
Campello
Ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
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