divulgação
O Brasil
construiu sua sociedade republicana com base em três pilares: a concentração de
renda como mecanismo central de reprodução rápida do capital, uma vez que o
capitalismo das bandas de cá se organiza principalmente para atender as
demandas externas; o racismo como mecanismo ideológico para legitimar as
desigualdades sociais, por isto há uma coincidência entre a pirâmide social e
as hierarquias raciais; e a violência como prática política sistemática e não
episódica para garantir a manutenção tanto da concentração de renda como do
racismo que é o mal pior.
Por isto, lutar contra o racismo tem um caráter radical, no sentido de se pegar o problema pela raiz. Por isto que o racismo atravessa, de forma direta e explícita - ou indireta e implícita -, os comportamentos das classes hegemônicas brasileiras e também da parcela mais conservadora da classe mérDiA. E também é por esta razão que estes setores odeiam governos e partidos que tentam, minimamente, construir uma proposta política que vai de encontra isto.
O ódio contra o governo de Lula e Dilma, contra o PT, contra o Bolsa-Família, contra as políticas de transferência de renda, embasam as falas preconceituosas contra o próprio povo brasileiro – de que este mesmo povo não presta, que este país não tem jeito mesmo, etc., etc., e etc.
O interessante é que estes que falam mal do Brasil são exatamente os mesmos que fazem este país ter muito mais problemas.
São os que
criticam a corrupção, mas são os primeiros a tentar subornar o policial para
não ser multado; são os que adoram o “jornaZISMO” da revista Veja, em especial
as ofensas e grosserias travestidas de opinião de alguns colunistas desta
publicação; os que aplaudem as execuções extrajudiciais e torturas e maus
tratos praticados por policiais nas periferias; os que praticam ou aplaudem a
sonegação de impostos por parte de empresários; os que querem que suas filhas
sejam puras mas não hesitam em ter casos extraconjugais (preferencialmente com
mulheres negras e pobres); os que se recusam a respeitar os direitos
trabalhistas das trabalhadoras domésticas.
Enfim, o
“cancro” da sociedade brasileira está justamente nestes que criticam o país, a
MALDITA CLASSE mérDiA racista e os seus representantes na grande mídia e nos políticos
conservadores e vassalos dos grandes empresários.
Foi divulgado ontem (7) o Índice de Vulnerabilidade
Juvenil à Violência e Desigualdade Racial. Os dados são revoltantes e devem ter
desagradado o “sociólogo” Ali Kamel, diretor de jornalismo da rede “grobo” – que obrou no ano de 2006 o memorável livro
“Não somos racistas” (Editora Nova Fronteira).
Segundo o estudo, o jovem negro corre 2,5 vezes maior risco de ser morto no Brasil do que os jovens brancos entre 12 e 19 anos. Em alguns estados, a situação é ainda mais dramática. Na Paraíba, por exemplo, um jovem negro corre risco 13 vezes mais de ser vítima de homicídio do que um jovem branco. Em Pernambuco, o risco é 11,5 maior.
O índice que serviu de base para o relatório (IVJ –
Violência e Desigualdade Social), lançado pela Secretaria Nacional de Juventude
da Presidência da República, leva em conta vários indicadores, como mortalidade
por homicídios, grau de pobreza nos municípios, situação de emprego e
frequência à escola. A escala vai de 0 a 1. Quanto maior o valor, maior a
desigualdade. O estudo revela que Alagoas é o Estado com maior IVJ - 0,608.
Altamiro
Borges e Dennis de Oliveira contribuíram decisivamente para a edição deste
artigo.
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