
Se houve alguém investigado nesse país esse alguém tem nome: Luis Inácio
Lula da Silva.
O grande sonho de consumo dos militares? Imputar ao sindicalista Lula algum
crime, algum ilícito, para tirá-lo de circulação e aplacar os ânimos dos
metalúrgicos do ABC, e as polícias Civil e militar não conseguiram, o
DOI-CODI não conseguiu, o DOPS não conseguiu.
Candidato a presidente, pela primeira vez, todo o aparato midiático e de
segurança nacional estava nas mãos dos adversários, que o investigaram, e nada.
Veio a eleição seguinte, a do estelionato do Plano Real, novas investigações,
novas suspeitas, novas calúnias, e nada.
Veio a reeleição comprada, mais investigações, as mesmas acusações, e nada.
Outra eleição, o pavor não só da direita brasileira como internacional,
farejando o risco de perder uma propriedade de 500 anos, investigações
redobradas, necessidade urgente de desmoralizá-lo, e nada.
Governo bem sucedido, com os eternos deserdados do país conseguindo conquistas,
a classe média na festa do consumo, a burguesada ganhando dinheiro a rodo e o
pânico no império, a necessidade de retomar o poder, e nasceu o Mensalão.
De Joaquim Barbosa pode se dizer tudo, menos que não seja astuto, usuário de
pouca ética e manobrador.
Pois Joaquim fez de tudo, o lícito e o ilícito, o moral, o imoral e o amoral,
chegando aos amigos mais íntimos de Lula, vasculhando-lhe cada botão da cueca,
rastreando, farejando como um cão faminto, e nada.
Reeleito Lula, o Mensalão teria que continuar, era preciso cassá-lo, execrá-lo,
desmoralizá-lo, levá-lo ao impeachment, e o Mensalão se contentou com
inocentes, a título de “domínio do fato”, porque contra Lula... Nada.
Segundo mandato terminando, moral lá em cima, popularidade a toda, capaz de
fazer o sucessor, e as investigações, as mesmas suspeitas, as mesmas ilações,
as mesmas calúnias, as mesmas investigações, e nada.
Nova eleição, Dilma Vana Rousseff no poder, continuidade do projeto Lulopetista
de soberania nacional com partilha social, e as baterias das calúnias, da
maledicência, dos boatos, mudaram de direção, vasculharam até as latas de lixo
da presidente, em busca de restos de documentos, notas fiscais, qualquer coisa
capaz de imputá-la ladra, e nada.
Certos da absoluta honestidade de Dilma, fato notório, reconhecido até pelos
seus detratores e investigadores, comentado, por eles, em declarações e
entrevistas, havia que se buscar por vias indiretas, e apareceu Pasadena, com
todos os assessores dela sendo ladrões, a filha, procuradora, portanto impedida
de ter outra atividade, exceto o magistério, passou a ser dona de dezenas de
empresas, sem que Joaquim Barbosa e milhares de Policiais Federais, o
Ministério Público, ninguém percebesse.
E veio a campanha da reeleição, novamente necessário desconstruir Lula, e
pariram a Lava Jato, escritório norte americano no Brasil. O alvo? Lula.
E chegaram na Odebrecht, a maior empreiteira da América Latina e uma das
maiores do mundo, concorrente direta da empreiteira da família Bush, e sob os
aplausos norte americanos começou o desmonte da nossa infra-estrutura.
Quando chegaram em Marcelo Odebrecht, amigo íntimo de Lula, de viagens, peladas
e churrascos, a certeza: chegaram no Lula.
Arbitraria e covardemente, atropelando as leis e a dignidade, o juiz, promotor
e garoto propaganda da operação Lava Jato, mandou que a polícia invadisse a
empresa e apreendesse tudo: computadores, anotações contábeis, agendas
particulares, recibos, bilhetinhos... Quebraram os sigilos telefônicos dos
diretores da empresa e foi tanta a certeza de terem chegado em Lula, que Moro
afirmou: “em poucas horas o Nine estará preso”, o nine referindo-se aos nove
dedos de Lula, uma mutilação resultado de acidente de trabalho, mostrando a
cínica e verdadeira face do juiz, num comentário indigno de um magistrado, em
nível de moleque de esquina.
No dia seguinte, nada encontrando, ao invés de ter a dignidade de dizer que
nada encontraram capaz de incriminar Lula, a afirmação do juiz foi de que “Lula
não está sendo investigado”.
Sem terem o que dizer, passaram ao ataque por vias transversas, e o filho de
Lula passou a ser dono da Friboi, o maior exportador de proteína animal do mundo,
de propriedade de empresário ligado ao PSDB, sendo processado por sonegação
fiscal, em ação previamente acordada com o governador de Goiás, na campanha
eleitoral; passou a ser dono de um castelo no Pantanal, e que fica na Toscana,
sendo propriedade de um conde italiano; e comprou uma mega fazenda, que se
constatou ser a Esalq, Escola de Agricultura Luis de Queirós, uma universidade
pública; isso viajando em seu jatinho particular, de propriedade do empresário
Eike Batista; as noras de Lula passaram a ser beneficiárias de fortunas vindas
da Petrobras e de empreiteiras, culminando, agora, com Lulinha proprietário do
iate do dono da Rede Tevê, calúnia propagada por um dopado troglodita lutador.
Nesta semana Lula afirmou que neste país pode existir gente tão honesta quanto
ele, mas ninguém mais honesto que ele, diante do silêncio dos seus opositores,
salvo os coxinhas, que ironizaram, mas estes fizeram da política religião, ato
de fé, vivendo de crenças sem respaldo na realidade, comendo merda e justificando
não ser merda porque colocaram sal ou açúcar, ao gosto de cada um.
Depois de décadas de investigações e da declaração de Lula, a minha pergunta é
óbvia: será que neste país, da direção da polícia federal ao guardinha da
esquina, só há policiais babacas, incompetentes, incapazes de investigar e
denunciar um delito?
Será que neste país, de qualquer um dos ministros do supremo tribunal federal
ao mais anônimo e amador aprendiz de advogado, só há babacas, incompetentes,
incapazes de levar a bom termo uma peça acusatória?
Será que neste país, na do mais experiente e experimentado
jornalista investigativo aos contínuos das redações, só há babacas,
incompetentes, incapazes de criar fatos jornalísticos consistentes e
verossímeis?
Lula é o primeiro humano, em toda a história da humanidade, a só cometer crimes
perfeitos ou Lula é, realmente, um homem moralmente íntegro, limpo?
Francisco Costa
Rio, 22/01/2016.