sábado, 16 de março de 2013

DESABAFO !!!

Por: » RAFAEL FEITOSA D’ALMEIDA – escrivão judicial do Tribunal de Justiça de Alagoas - No Jornal "Gazeta de Alagoas" de hoje.
 
Dias atrás, ouvi em uma rádio que Alagoas e Maranhão foram os únicos Estados no Nordeste em que a educação não evoluiu nos últimos anos.

Como foi dito na reportagem, destacaram-se por serem os melhores entre os piores.

Mas Alagoas está no pódio em outras áreas: é ouro, por ser a Unidade federativa mais violenta para homens jovens e ter os maiores índices de analfabetismo e mortalidade infantil do país; e bronze, por Maceió ter figurado, no ranking elaborado por especialistas da organização não governamental mexicana Conselho Cidadão, entre as cidades mais violentas do mundo.

Até quando vamos ter de conviver com esta realidade? Será que nossos gestores não se incomodam com isso?

Alagoas é um Brasil dentro de outro Brasil; um território miscigenado e de contradições absurdas; um lugar onde o consumo cresce no mesmo ritmo acelerado em que a pobreza se agrava; um espaço onde mansões verticais são construídas em um piscar de olhos, enquanto obras públicas importantes, como o Canal do Sertão, passam 21 anos para que tenham concluídos 65 km de um total de 250 km de extensão;enfim, um Estado em que tudo poderia dar certo, não fosse por uma minoria que se afortuna à custa da miséria alheia.

E ainda há quem se contente com o título, atribuído à cidade de Maceió, de capital mais bonita do país. Bonita, mas ordinária!

Salvo para fins pirotécnicos, de nada adianta a presença da Força Nacional em nosso Estado para o combate da violência.

O que o povo precisa é de educação. Só assim será possível minorar (acabar, nunca!) o imenso abismo que separa, no âmbito do mesmo território, ricos e pobres caetés (segundo o IBGE, no ano de 2007, os 10% mais ricos de Alagoas consumiam 15,6 vezes mais do que a média dos 40% mais pobres, e o Estado detinha o maior índice de desigualdade social do país).

No ritmo em que vai, o futuro de Alagoas segue incerto. Espero que quando termine a obra do Canal do Sertão (pelas contas, daqui a mais ou menos 59 anos), ainda haja sobreviventes nas regiões beneficiadas.

Enquanto isso, vamos vivendo da cana-de-açúcar, andando no mesmo passo. Aqui em Alagoas, ainda por muito tempo, poucos continuarão a extrair o sumo para que muitos se contentem com o bagaço.

Eis o meu desabafo.

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