sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Virando o jogo ! ! !

    por RONALDO LESSA     

Não há como uma nação alcançar patamares econômicos altos sem uma correlata elevação dos níveis educacionais, salvo se for belicista e beligerante. Mesmo assim, a riqueza adviria da predação e seria, por conseguinte, efêmera. Para a sustentabilidade, a educação do povo se faz necessária, e de maneira verticalizada, ou seja: que contemple desde o básico até estágios superiores.

Considerado durante muito tempo como o país do futuro, o Brasil só agora parece acordar para o problema. Nossa renda per capita patina enquanto nossos estudantes dão vexame. Vide o último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), quando meio milhão de candidatos tiveram nota zero (isso mesmo, zero!) em redação; os mesmos candidatos que não desgrudam do celular e inundam as redes sociais com pérolas como “vossê” e “xeguei”. O fato é que a tecnologia chegou sem estarmos preparados para ela. Muita gente que discorre sobre aplicativos é incapaz de redigir um mero bilhete (ou e-mail) sem cometer barbaridades.

Outro aspecto a considerar é que há um certo preconceito com quem se dedica a ser educado e culto. A maioria dos jovens brasileiros sonha em ser jogador de futebol, morar na Europa e receber salários altíssimos, com muitos zeros (aí os zeros são bem vindos). Poucos realizarão o sonho. Permanecerão anônimos em meio à massa de trabalhadores que ganham pouco, em empregos inexpressivos, porque não estudaram e não possuem especialização. Os raros que se tornam mestres e doutores não encontram apoio para desenvolver pesquisas no País e acabam, como os talentos do futebol, indo morar no exterior.

Se quisermos crescer economicamente temos que estabelecer educação como prioridade, avançar no ensino básico e oferecer condições dignas a nossos professores e pesquisadores. Fazer do ensino superior motivo de orgulho e não apenas muleta para concursos – pouco importa o conhecimento, o diploma vale apenas como ingresso para a carreira pública.

É bom lembrar que temos cinco títulos mundiais de futebol e nenhum Prêmio Nobel. Nesse quesito, o vexame é ainda maior: Alemanha 105 x 0 Brasil, por exemplo. Entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), nosso país é o único sem Nobel algum – a África do Sul tem 10. Os países com maior número de premiados são justamente os mais avançados economicamente. É perceptível que não se trata de coincidência. Para inverter o placar é necessário treino, com papel lápis e livros, além de investimento. Vamos ao jogo.

*RONALDO LESSA – ex prefeito de Maceió e ex governador de Alagoas. É engenheiro e deputado federal (PDT-AL)


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