terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Nordestino "xique" ! ! !

“O rapper é aquele que faz apenas rap. Não me defino como rapper por que não faço rap, faço rapente.
                                “Norte Nordeste Me Veste”
"O nordeste é poesia
Deus quando fez o mundo
Fez tudo com primazia
Formando o céu e a terra
Cobertos com fantasia
Para o sul deu a riqueza
Para o planalto a beleza
E ao nordeste a poesia"
(Trecho de Patativa do Assaré)
Rasgo de leste a oeste como peste do sul ao sudeste
Sou rap agreste norte-nordeste epiderme veste
Arranco roupas das verdades poucas das imagens foscas
Partindo pratos e bocas com tapas mato essas moscas
Toma! eu meto lacres com backs derramo frases ataques
Atiro charques nas bases dos meus sotaques
Oxe! querem entupir nossos fones a repetirem nomes
Reproduzindo seus clones se afastem dos microfones
Trazem um nível baixo, para singles fracos, astros de cadastros
Não sigo seus rastros, negados padrastos
Cidade negada como madrasta, enteados já não arrasta
Esses órfãos com precatas, basta! ninguém mais empata
Meto meu chapéu de palha sigo pra batalha
Com força agarro a enxada se crava em minhas mortalhas
Tive que correr mais que vocês pra alcançar minha vez
Garra com nitidez rigidez me fez monstro camponês
Exerce influência, tendência, em vivência em crenças destinos
Se assumam são clandestinos se negam não nordestinos
Vergonha do que são, produção sem expressão própria
Se afastem da criação morrerão por que são cópias
Não vejo cabra da peste só carioca e paulista
Só frestyleiro em nordeste não querem ser repentistas
Rejeitam xilogravura o cordel que é literatura
Quem não tem cultura jamais vai saber o que é rapadura
Foram nossas mãos que levantaram os concretos os prédios
Os tetos os manifestos, não quero mais intermédios
Eu quero acesso direto às rádios palcos abertos
Inovar em projetos protestos arremesso fetos
Escuta! a cidade só existe por que viemos antes
Na dor desses retirantes com suor e sangue imigrante
Rapadura eu venho do engenho rasgo os canaviais
Meto o norte nordeste o povo no topo dos festivais, toma!
Êha! ei! nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte nordeste norte nordeste
Êha! hei! nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte nordeste norte nordeste
"Minhas irmãs, meus irmãos, oxe! se assumam como realmente são
Não deixem que suas matrizes, que suas raízes morram por falta de irrigação
Ser nortista & nordestino meus conterrâneos num é ser seco nem litorâneo
É ter em nossas mãos um destino nunca clandestino para os desfechos metropolitanos"
Devasto as galerias tão frias cuspo grafias em vias
Espalho crias nas linhas trilhas discografias
Arrasto lp's, ep's cds, dvds
Cachês, clichês, surdez, vocês? não desta vez!
Esmago boicotes com estrofes em portes cortes nos flogs
Poetas pobres em montes dão choques em hip pops
Versos ferozes em vozes dão mortes aos tops blogs
Repente forte do norte sacode em trotes galopes
Meto a fita embolada do engenho em bilhetes de states
Dou breaks em fakes enfeites cacete nas mix tapes
Bloqueio esses eixos os deixo sem alimentação
Alheios fazem feio nos meios de comunicação
Essas rádios que não divulgam os trabalhos criados em nossos estados
Ouvintes abitolados é o que produz
Contratos que pagam eventos forçados com pratos sobre enlatados
Plágios sairão entalados com esse cuscuz
Ao extremo venho ao terreno me empenho em trampo agrônomo
Espremo tudo que tenho do engenho a um campo autônomo
Juntos fazemos demos oxigênios anônimos
E não gêmeos fenômenos homogêneos homônimos
Caros exteriores agrários são os criadores
Diários com seus labores contrários a importação
São raros nossos autores amparo pra agricultores
Calcários pra pensadores preparo pra incitação
Sou coco e faço cocada embolada bolo na hora
Minha fala é a bala de agora é de aurora e de alvorada
Cortando o céu da estrada do nada eu faço de tudo
Com a enxada aro esse mundo e no estudo faço morada
Sou doce lá dos engenhos e venho com essa doçura
Contenho poesia pura a fartura de rima tenho
Desenho nossa cultura por cima e não por de baixo
Não sabe o que é cabra macho? me apresento rapadura
Espanco suas calças largas com vagas para calouros
Estranha o som do Gonzaga a minha sandália de couro
Que esmaga cigarras besouros mata nos criadouros
Meu povo o maior tesouro amor regional duradouro
Recito os ribeirinhos o mara - baixo em vivência
Um norte com essência não enxerga essa concorrência
São tão iguais ouvi vários e achei que era só um
Se no nordeste num tem grupo bom
Não tem em lugar nenhum, toma!
Êha! ei! nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte nordeste norte nordeste
Êha! ei! nortista agarra essa causa que trouxeste
Nordestino agarra a cultura que te veste
Eu digo norte vocês dizem nordeste
Norte nordeste norte nordeste
"O nordeste é poesia
Tocou a mãe natureza
Com toda filosofia
Fez o sol e a lua
O sol quente a lua fria
Para o sul deu fartura
Para o centro, agricultura
Pro nordeste, a poesia"


Francisco Igor Almeida do Santos, conhecido como RAPadura Xique-Chico nasceu em Lagoa Seca, uma vilazinha do município de Fortaleza, capital cearense, em onze de julho de 1984. É rapper, compositor e cantor. O apelido tem origem na rapadura que é o seu doce preferido. Inspirado em ritmos de música e dança nordestinos como o repente, o coco, a embolada, o baião e o forró, além dos ritmos urbanos como o jazz, o soul, o funk e o samba-rock, Rapadura começou a compor com apenas 14 anos, com os temas refletidos na saudade que sentia da sua terrinha, o Ceará. Ganhou o I Festival Nacional Rap & Repente em Campina Grande, na Paraíba; o IV Campeonato Internacional de B. Boys na capital do Amapá, Macapá; o Prêmio Pelourinho na Rota da Rima, em Salvador, BA; e no Marco Zero, em Recife, capital pernambucana, no ano de 2007. No Rio de Janeiro, foi vencedor das edições 2007 e 2009 do Prêmio Hutúz, na categoria de Melhor Artista Norte/Nordeste; em Salvador, capital baiana, ganhou o Carnaval Hip Hop/Praça Tereza Batista no Pelourinho; o II Brasília Games/Teatro de Arena – Guará II, no Distrito Federal; Conferência Internacional de Cultura, na cidade de Pirenópolis, estado de Goiás, todos no ano de 2009. Segundo o escritor Férrez, “Rapadura é tudo que existe de moderno e autêntico na nova música brasileira, um rap contundente, ideológico e totalmente mergulhado na rica cultura nordestina. Ele está à frente do seu tempo, e com certeza tem condições de provar que o Rap Brasileiro tem uma nova cara. A cara do Brasil. Finalmente!.” RAPadura desenvolve um trabalho voltado para o universo do canto falado. Uma mistura arrojada de rap com a tradição da cultura popular brasileira. Suas letras são contundentes e exalam uma linguagem poética sem perder a identificação com o povo.

Vejo o meu trabalho como uma verdadeira preservação das nossas raízes culturais do Brasil, alega o cantante. 

Ele já participou de eventos e acompanhado de feras da nossa MPB, tais como Lenine, Gerson King Combo, Maria Rita, Jorge Aragão, MV Bill, Gog e Racionais MC’s, entre tantos outros. Este Xique-Chico vai dar o que falar, pois ele é XIQUE por resistência.

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