quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Jean Wyllys: o antipetismo é fascista ! ! !

“Estão alimentando a ultra-direita”

Baiano de nascimento, Jean Wyllys é deputado federal pelo PSol do Rio de Janeiro. Ele ficou conhecido ao participar e vencer o Big Brother Brasil 5, e ganhou respeito depois que foi eleito em 2010. Gay assumido, Jean Wyllys foi salvo da pobreza pela educação e sua inteligência acima da média. Aos catorze anos foi para um colégio interno para crianças com altas habilidades de assimilar conhecimento, venceu a pobreza do agreste baiano, se tornou jornalista, mestre e doutor pela Universidade Federal da Bahia. Atualmente deputado no Congresso Nacional, dedica-se a defender os Direitos Humanos das minorias, entre elas a causa LGBT. Ao longo das eleições desse ano, Wyllys consolidou sua postura política ao puxar, com outros parlamentares, uma frente no PSol defendendo o voto em Dilma para espantar a sombra do tucanato – o partido havia liberado seus militantes, exceto para votar em Aécio Neves.
Quais as principais conquistas do seu mandato? Que diferença você fez no Congresso?
Jean Wyllys - A primeira diferença é o fato de ser homossexual assumido, isso por si só já tem um valor político muito grande. Entre os 513 deputados federais há um que se assume homossexual e de maneira orgulhosa. Minha conduta lá dentro, minha relação com os deputados e a maneira com que conduzo as pautas despertam um respeito muito grande. Isso é muito importante do ponto de vista político, porque aquele garoto, que está em Araraquara (SP), no interior do Piauí, aquele garoto gay, que cresceu em uma sociedade homofóbica, ao ver uma pessoa homossexual no poder, no parlamento, na tribuna, com voz e com respeito, ele vai dizer: “É possível”. Por isso sou tão atacado e há tanta calúnia e difamação contra mim, promovidas por fundamentalistas religiosos e por fascistas. Eles sabem que minha conduta e meu exemplo contraria o discurso homofóbico.
O que levou a apoiar a Dilma?
Da maneira como se desenhou a eleição no segundo turno, era necessário que o se posicionar fosse além do muro. Se desenhou uma polarização, em que o lado de lá, do Aécio, se congregavam forças conservadoras, não apenas do ponto de vista econômico, como também do comportamental e moral. Figuras que chantagearam o governo Dilma durante esses quatro anos, miram para o lado de Aécio como ratos que abandonam o navio. Então, o Aécio tinha o apoio de Marco Feliciano (PSC), Pastor Everaldo (PSC), Eduardo Cunha (PMDB), Levy Fidelix (PRTB). Ele também tinha o apoio de Marina Silva, mas era um apoio tímido. Ela apresentou algo a Aécio e ele recusou, que era a questão da maioridade penal. Eu jamais poderia aderir a um candidato que tem como bandeira a redução da maioridade penal. Além disso, há uma coisa nova que é o antipetismo em algum momento também gravitou em torno da Marina. Esse antipetismo é contrário a todas as pautas que defendo.

Você não acha que esse antipetismo beira o irracional?
É irracional. Ele tem um preconceito de classe, portanto classicista, ele pratica um racismo geográfico, abjeto, como a gente viu no ataque aos nordestinos. É homofóbico, os ataques que sofri por apoiar Dilma eram todos de natureza homofóbica e sexista. Esse antipetismo, de tinta fascista, é contrário às minhas pautas. As esquerdas precisavam se unir, conversei com o Marcelo Freixo (Psol-RJ) e partimos para a campanha. Foi muito significado, porque não somos petistas e temos uma ligação muito forte com a juventude, então a gente tirou a culpa que impedia a esquerda de defender o governo Dilma, por tudo o que o governo fez: as traições do governo Dilma,  os recuos e as covardias nesses quatro anos. Todo mundo estava envergonhado, mas ficou claro que, apesar de tudo isso, ainda havia espaço para debate e o que o governo fez para a maioria do País era muito significativo. Não podia ser perdido para um programa de governo como o do Aécio, que era sim uma ameaça às conquistas sociais, por  mais que se diga não.
Por que você acha que era uma ameaça às conquistas?
Havia uma contradição de fundo, entre o que o eleitor do Aécio esperava e o que ele dizia. O eleitor do Aécio esperava cortes nos gastos com políticas sociais, considerava que o Bolsa Família é uma esmola e um instrumento de compra de votos. Não todos, mas uma parte considerável dos eleitores de Aécio chamava o Bolsa Família de bolsa vagabundo, de bolsa esmola. E o Aécio dizia que iria ampliar esse programa. De fato, existia uma contradição. Por isso decidimos entrar na campanha e unirmos as esquerdas. Os movimentos sociais também entraram na campanha, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), por exemplo, emitiu uma nota de apoio à Dilma. Foi isso que fez a vitória da Dilma. Nossa ideia agora é disputar o governo e trazê-lo mais para esquerda. A gente sabe que o governo ainda compõe com forças conservadoras, mas o governo vem sendo traído pelo PMDB.
Fonte: Caros amigos

                                                            A primeira à esquerda 

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