por Paulo Nogueira
Enfim ficou claro o que está por trás da louca cavalgada de Marta
Suplicy: o complexo de rejeição.
Numa entrevista ao
Estadão, ela admitiu ter sido picada pela abelha da ambição quando ouviu de
Lula, então presidente, que queria uma mulher para sucedê-lo.
Marta se viu com a faixa
neste momento.
Mas não era ela, como
logo se saberia, e nem Marina, sua companheira na rejeição.
Era a “limitada” Dilma,
como Marta se referiu a ela na entrevista.
É curiosa a maneira de
editar das grandes empresas jornalísticas. Tanto o Estadão, que fez a
entrevista, quanto a Folha, que fez uma síntese da entrevista em seu site
ontem, esconderam a revelação mais importante: aquela que explica o
comportamento de Marta.
Estadão e Folha se
concentraram no nhenhenhém de sempre, e não ajudaram seus leitores a enxergar o
quadro a clareza que a própria Marta trouxe ao falar em suas pretensões
presidenciais.
Hoje, Marta fala mal das
lideranças do PT de A a Z, e isto não é novidade. Para completar o serviço, só
falta ela começar a criticar a si própria. O que é novo, e parece que nem o
Estadão e nem a Folha perceberam, é a motivação das pancadas.
Lateralmente, me chamou a
atenção a obsolescência de Marta em seu consumo de mídia.
Ela disse, para minha
relativa surpresa, que fica “estarrecida” quando abre os jornais e vê os
“desmandos” do PT.
Lembro que no Mensalão um
dos juízes fez um magnífico, aspas, pronunciamento em que dizia exatamente a
mesma coisa.
Ora, quem acredita
cegamente no que os jornais publicam acredita em tudo, para citar a grande
frase de Wellington.
Marta parece não ter-se
modernizado nas fontes de informação.
Lula deve ter se
arrependido de ter feito aquela confidência a Marta sobre a sucessão.
Sobrou para ele também.
Mas neste capítulo Marta
apelou para forças mediúnicas. Ela disse que Lula queria ser o candidato em
2014. Mas ao mesmo tempo admitiu que ele jamais disse isso.
Meu pai, num debate entre
jornalistas na disputa pela presidência do Sindicato, respondeu assim depois de
uma pergunta em que um adversário lhe atribuiu várias coisas que ele não tinha
falado.
“Olha, Zé, eu posso
responder pelas besteiras que digo, mas não pelas besteiras que você diz que eu
digo.”
Clap, clap, clap. De pé.
Lula, evidentemente, não
pode responder pelas coisas que Marta acha que iam secretamente por
sua cabeça.
No mais, o que Marta
expõe são futricas normais em conversas em qualquer grupo de pessoas – seja um
partido, seja uma empresa, seja um clube, seja o que for.
O alvo, nestas conversas,
são sempre aqueles que não estão presentes. Mas isso não quer dizer nada. Você
fala dos outros, os outros depois falam de você, e a vida segue.
Sem querer, e sem que
quem a entrevistou percebesse, Marta revelou o que corrói sua alma.
Quis ser e não foi.
Há, aí, um paralelo com
outra personagem que sonhou com a presidência e colheu pesadelos eleitorais:
Serra.
Marta,
de certa forma, é a versão feminina de Serra.
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