quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Asa do Archer e a Aeronave dos Perrelas ! ! !


O carioca Marco Archer Cardoso Moreira viveu 17 anos em Ipanema, 25 traficando drogas pelo mundo e 11 em cadeias da Indonésia, até morrer fuzilado, aos 53, no sábado (17), por sentença da Justiça daquele país muçulmano. Marco sabia as regras do país quando foi preso no aeroporto da capital Jakarta, em 2003, com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta. A cotação da época da mercadoria em Bali era de 3,5 milhões de dólares. Depois de 15 dias pulando de ilha em ilha no arquipélago indonésio passou sua última noite em liberdade num BARRACO de pescador, em Lombok, a poucas braçadas de mar da liberdade. Duas horas antes de ser executado, sua voz estava firme, parecia esperar um milagre, mesmo faltando tão pouco tempo para enfrentar o pelotão de fuzilamento. Deixou esta vida com o bom humor intacto, resignado. Sabe-se que ele pediu uma garrafa de uísque Chivas Regal na última refeição e comeu um pote-de-leite que uma tia teria lhe levado.
                                                            
Há uns idiotas nas redes sociais tendo orgasmos múltiplos com a execução pública do brasileiro na Indonésia, alguns com comentários do tipo: “e as vidas que ele tirar com essas drogas?” Nesse sentido, acidentes com automóvel mataram mais que as drogas no último século. Que tal punir as montadoras? “Ah, mas aí depende do uso que se faz automóvel e de como aprendemos a usá-lo”. Só há contrabando porque há consumidor, oh imbecis.

Muitas das postagens que estão correndo nas redes sociais sobre a pena de morte para o brasileiro na Indonésia não estão refletindo sobre a gravidade de seu delito (ELE NÃO ATENTOU CONTRA A VIDA DE NINGUÉM) para concordar com as leis indonésias, mas projetando o seu sentimento pessoal sobre o tráfico de drogas no Brasil e o seu desejo de vingança contra aquilo que, diariamente, parte da mídia escolhe mostrar.

Impressionante são os termos “terrorista” tão ao gosto de certos governos e da mídia, os tais terrorista são descritos como bárbaros e selvagem, quando lutam contra as potencias ocidentais. Os mesmos grupos se opondo as forças não alinhadas a OTAN são denominados de “nacionalistas”. Bombardear, destruir nações, matar milhares de civis, destruir nações, seus lares, suas famílias e se apoderar de suas riquezas não são ações terrorista ao contrario, são ações legitimas, pois visavam implantar a “democracia” dos ditos civilizados a esses povos bárbaros.

Domingo, manhã seguinte, a notícia mais chocante daquele final da semana do terror que abalou o mundo não veio de Paris. Vem de Maidiguri, cidade do nordeste da Nigéria, e está escondida no pé da página A14 do Jornal paulistano “Folha”, sob o título "Menina-bomba mata 20 em ataque na Nigéria _ Suspeita recai sobre grupo islâmico Boko Haram, que já causou mais de 13 mil mortes" e, recentemente, sequestrou mais de 200 meninas numa escola. A matéria tem a assinatura anônima "Das agências de notícias" e não vem acompanhada de análises de especialistas sobre o atentado suicida provocado por uma menina de 10 anos num mercado lotado, que deixou 20 mortos, incluindo a criança, e 18 feridos.

Na segunda-feira, dia 19, em Grozny, capital da Tchetchênia, num dos muitos protestos registrados durante o dia, mais de um milhão de pessoas foram às ruas numa marcha convocada pelas autoridades locais contra as caricaturas de Maomé publicadas no Charlie Hebdo

O que nos deixa intrigado como cidadão do mundo é esta reação seletiva entre o que aconteceu em Paris e os fatos de Maiduguri, que se repetem todos os dias na Nigéria, em vastas regiões da África e do Oriente Médio, sem que ninguém saia às ruas para condenar as guerras e pedir paz, com a honrosa exceção do papa Francisco. Este sim, um ser humano de muita grandeza.

Para mim, uma vida é uma vida é uma vida, todas têm o mesmo valor. Podem existir vivos de primeira ou segunda classe, mais ou menos importantes e simbólicos, mas os MORTOS SÃO TODOS IGUAIS. E é por todos eles que devemos chorar.

A ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil, afirmou na segunda-feira (19) que o Brasil mantém política contrária a adoção de pena de morte. A declaração foi feita em Face to Face no perfil da secretaria no Facebook.
“A pena de morte é irreversível e não é educadora e não faz parte da tipificação penal. O Brasil participa na ONU do grupo de países que defendem a eliminação da pena de morte no mundo”, declarou. A ministra citou como exemplo o programa “Braços Abertos”, iniciativa promovida pela prefeitura de São Paulo, através do Prefeito Fernando Haddad do PT, na região da Cracolância que refletiu na melhora de índices de segurança pública na capital paulista, reintegrando mil e duzentas pessoas ao convívio social paulistano.

Marco viajou pelo mundo todo, teve um monte de mulheres, foi nos lugares mais finos, comeu nos melhores restaurantes, tudo só no glamour, nunca usou uma arma. Dizia sempre “não posso me queixar da vida que levei”. “Se eu fosse respeitar as leis nunca teria vivido o que vivi”, sempre alegava. Com o dinheiro fácil manteve apartamentos em Bali, Hawai e Holanda, sempre abertos aos amigos: “Nunca me perguntaram de onde vinha o dinheiro pras nossas baladas”.

A mãe dele, dona Carolina, funcionária pública estadual no Rio, mexeu os pauzinhos enquanto deu para livrar o ‘garotão’ da enrascada, até morrer de câncer, em 2008. Quando ia visitá-lo, dona Carola, DORMIA NA CAMA COM O FILHO.

Marco desrespeitou a legislação de outro país e, por conta disso, é natural que fosse punido. Mas pagar com a própria vida foi um custo demasiadamente alto. Vale salientar que ele foi o primeiro ocidental a receber a pena de morte na Indonésia. Há muita demanda, até porque a Indonésia é usada como centro de distribuição das drogas para outros países asiáticos e a Austrália.

No domingo, naquela FALSA CAMINHADA PELA PAZ em Paris, os chefes presentes se dividiam entre os que ganham com venda de armas e os que compram armas. Olhar para aqueles chefes nacionais apenas pelo que são, sem os relacionar ao simbolismo pretendido de suas insípidas presenças na manifestação parisiense, proporciona uma visão da orientações atual do mundo: desordem e hipocrisia como normas globais.

O senhor Vinícius Cardoso Cardona pergunta: “quantos daquela primeira fila de notáveis defensores da liberdade de expressão estariam presentes em uma manifestação contra o terror na Nigéria, onde crianças de dez anos estão sendo usadas para carregar bombas? Alguém se habilita? Já o senhor João Santos, “vidas são vidas em Paris, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Bagdá ou Tóquio... porém não vejo a mesma comoção quando centenas de crianças palestinas inocentes morrem todos os dias devido aos bombardeios ocasionados pelos israelenses e suas forças aliadas. Vale uma reflexão.”

A Presidenta Dilma Rousseff também lamentou a execução do brasileiro e dirigiu uma mensagem de conforto à família de Archer. Para a presidenta, “a pena de morte é um instituto que não só fere o preceito constitucional do Brasil, como que é também contrário à índole e aos valores morais do povo brasileiro”.

O BLOG Conversa Afiada reproduz do DCM texto de Paulo Nogueira:

A ASA DELTA DE ARCHER E O HELICÓPTERO DOS PERRELAS


Certas coisas despertam a nossa atenção para absurdos dos quais nem sempre nos demos conta na hora em que ocorreram.

Por exemplo: os 13,4 quilos que levaram ao fuzilamento do brasileiro Marco Archer, na Indonésia, são uma insignificância em relação à meia tonelada de pasta de cocaína descoberta no helicóptero dos Perrelas.

Você, pela tragédia de Archer, tem uma ideia da omissão da mídia e da polícia brasileira no caso do helicóptero.

O interesse público, mais uma vez, foi para o fim da fila.

Se meia tonelada de cocaína não é notícia, não é manchete, não é motivo para investigações frenéticas da mídia e para pressões de repórteres sobre a polícia, então o que é?

Você pode dizer, com cinismo e descaro, e estará certo: depende de quem seja o portador. Meio quilo no carro de um amigo de Lula receberia uma cobertura estrepitosa.

Ninguém, na grande mídia, fez nada decente sobre o helicóptero dos Perrelas.

Na internet, graças à generosidade e ao ativismo dos leitores que financiaram nosso trabalho, mergulhamos no caso.

Não é fácil fazer jornalismo independente no Brasil. Nosso documentário sobre o ‘Helicoca’, por obra de alguma força oculta, foi abruptamente retirado do YouTube, para onde só voltou há pouco graças a nossa teimosia e perseverança.

O repórter Joaquim Carvalho teve acesso a um documento da Polícia Federal no qual estava a informação de que o helicóptero pousara num hotel antes de seguir viagem e ser interceptado pela polícia.

A informação foi confirmada pelo piloto, numa entrevista gravada por Joaquim.

Mesmo assim, diante de tais fatos, o hotel entrou na Justiça e fomos obrigados a retirar do ar os textos em que seu nome aparecia.

Como meia tonelada virou nada para a mídia?

A hipótese mais provável é a seguinte. Os Perrelas são ligados a Aécio, e Aécio é amigo dos donos das empresas jornalísticas.

Mexer no assunto, segundo essa lógica, poderia atrapalhar a campanha do amigo Aécio.

Sem o helicóptero a fama de playboy de Aécio já era um problema suficientemente grande em sua tentativa de subir a rampa do Planalto.

Apenas a título de especulação. Imagine que Archer, na Indonésia, tivesse dito que a cocaína transportada em sua asa delta não era dele. Alguém pôs isso lá, acreditem.

No Brasil, a mídia aceitou, sem questionamentos, a versão de que a cocaína nada tinha a ver com os donos do helicóptero.

Teria sido apenas uma coincidência que, entre tantos helicópteros que voam no Brasil, alguém tivesse escolhido exatamente o dos Perrelas para depositar a cocaína.

Pode ser verdade, aliás. Mas a sociedade teria que ser cientificada disso com informações convincentes e confiáveis.

Não foi o que ocorreu até aqui.

E, se não o episódio não foi esclarecido até agora, esqueça: o helicóptero entrará no museu dos enigmas que ninguém quer resolver.

Moral da história.

A mídia que deu tamanho espaço a um caso que envolvia 13,4 quilos de cocaína simplesmente desprezou outro com uma carga mais de 30 vezes maior.

Pobres leitores, pobres telespectadores, pobres ouvintes.

Entre os 64 traficantes presos na Indonésia condenados à morte há outro brasileiro, o paranaense Rodrigo Goularte, preso em 2005, ao tentar entrar no país com seis quilos de cocaína, escondidos em pranchas de surfe.

Os embaixadores do Brasil e da Holanda JÁ foram retirados daquele País.

Todavia, o que assusta é que a Indonésia e seu regime corrupto, com suas punições desproporcionais e as condições de vida degradantes do povo, está virando quase que um modelo para uma parcela dos brasileiros que afirma “invejar” pena de morte para traficantes enquanto o mundo desenvolvido trata de descriminalizar as drogas.

“Quem quiser encontrar as sementes do caos que também atingiram, em forma de balas, os corpos dos mortos do Charlie Hebdo poderá procurá-las no racismo de um continente que acostumou-se a pensar que é o centro do mundo, e que discrimina, persegue e despreza, historicamente, o estrangeiro, seja ele árabe, africano ou latino-americano; e no fundamentalismo branco, cristão e rançoso da direita e da extrema direita norte-americanas, cujos membros acreditam piamente que o Deus vingador da Bíblia deu à “América” do Norte o “Destino Manifesto” de dirigir o mundo.” Mauro Santayanna blogueiro.

“Não sei de quem tenho mais medo: dos bandidos, dos “mocinhos” ou de nós mesmos.” Leonardo Sakamoto, blogueiro.


PRESIDENTA DILMA,

EXPULSE O EMBAIXADOR 


DA INDONÉSIA NO BRASIL,Toto Riyanto



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