“Os empréstimos de Vilela
e o escuro da noite”
"O governador Vilela consumiu tempo, papel, energia, computador
do Palácio e a paciência do seu escrevinhador de plantão, todos pagos pelo
contribuinte, para tergiversar sobre mais um tema que o mantém sob suspeita, e
deverá custar muito caro a Alagoas: o monstruoso endividamento público que sua
caneta vem praticando.
Quando o senador Fernando Collor qualificou as contas do governo como
“maquiagem”, para viabilizar os empréstimos nacionais e internacionais
contraídos por Vilela, que já somam a absurda quantia de R$ 2,1 bilhões, ele
estava, na verdade, traduzindo uma indignação que já tomou conta da
coletividade. Com a legítima prerrogativa de fiscalizador, o parlamentar voltou
a cobrar explicações daquele que se diz gestor.
E o que fez Vilela? Faltou mais uma vez com o dever e praticou seu
esporte predileto no curso desses quase oito anos: mergulha sonolento no fundo
da noite e foge dos esclarecimentos que deve à população, agindo como típico
senhor da casa grande. Se é uma lástima essa falta de transparência, como
qualificar a bagunça em que se transformaram as áreas da Saúde, da Segurança e
da Educação nesse desgoverno estadual?
Em 1997, quando o tucano FHC impôs a Alagoas aquela rolagem da dívida,
em condições cruéis para as finanças do Estado, o montante consolidado foi de
R$ 1,7 bilhão. Simplesmente atualizando, sem inclusão de juros, até junho deste
ano, esse estoque da dívida pelo IGP-DI – o indexador oficial contido no
contrato original -, chega a R$ 6 bilhões.
Ao contrair empréstimos de R$ 2,1 bilhões, Vilela adiciona esse valor estratosférico
ao principal e passa a ser responsável por 34% desse estoque assustador. No
final das contas, 2013 deve fechar com uma dívida total acima de R$ 9 bilhões.
Desde já, ele entra na história como o governador que mais endividou Alagoas! O
senador Renan Calheiros, em recente e histórico encontro com dirigentes
municipais, também tratou em tom preocupante sobre o tema endividamento.
Disse o presidente do Senado Federal: “Tem Estados que já ultrapassaram
o limite de endividamento pela Lei de Responsabilidade Fiscal e, mesmo assim,
ainda buscam empréstimos perante instituições financeiras nacionais e
internacionais, com base em liminares conseguidas na Justiça. Isso é um
absurdo, por que esses governos irão entregar a seus sucessores uma herança
impagável”.
Buscar solução precária, por liminar judicial, é maquiar, sim, operações
de empréstimo. Eis uma das heranças malditas que Vilela deixará. Sem falar na
violência, nos 14 mil assassinatos desde 2007, na falência da escola pública e
nos vergonhosos serviços de saúde sob domínio do Estado. Em 2010, ano da
reeleição, na pressão da imprensa, dos movimentos sociais e dos sindicatos de
classe, ele chegou a anunciar que os empréstimos também beneficiariam 1,5
milhão de excluídos.
Um embuste, pois o único programa de renda mínima que funciona é o Bolsa
Família, que atende a quase 500 mil famílias e injeta mensalmente R$ 68 milhões
em Alagoas. Criado por Lula e mantido por Dilma, o Bolsa Família é desdenhado
pela aristocracia tucana, que o qualifica como “esmola”.
Nesse lamentável episódio do endividamento, o governo deve muitas
explicações. É importante até que as instituições fiscalizadoras atentem para o
destino de tantos recursos, pois, como o próprio Vilela disse, no dia 3 de
janeiro de 2010, “são recursos que Alagoas nunca viu...”.
Pois bem, governador, revele o destino dessa dinheirama, com planilhas
explicativas e detalhadas, áreas atendidas, programas realizados, empreiteiras
licitadas para operá-las e o benefício ofertado àqueles que mais precisam da
mão solidária do poder público. Revele tudo, à luz do sol, ou permaneça no
escuro, aprisionado numa rede de suspeição.
Partido dos Trabalhadores - PT
Partido Democrático Trabalhista - PDT
Partido Trabalhista Brasileiro - PTB
Partido Verde - PV
Partido Comunista do Brasil - PCdoB
Partido Republicano Brasileiro - PRB"
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