sábado, 19 de outubro de 2013

Lula e sua generosidade ÍMPAR !!!



“BALA DE PRATA”, artigo do livro O BUROCRATA E O PRESIDENTE – CRÔNICAS DO GOVERNO LULA, de autoria de AFONSO OLIVEIRA DE ALMEIDA, pg.69.

Artigo EXPLÊNDIDO e BRILHANTE como a humanidade mundial
que o Presidente LULA carrega consigo.

O MUNDO É UM CÍRCULO E É POR ISSO que o cara que lascou a pedra e fez a roda, o Pelé e o Michael Jordan gozam de tanto prestígio em todos os raios que os partam.  Não foi nada fácil aos esportistas fazer mais de 1000 gols ou milhares de cestas, mas a lenda esculpida na história é a de que nosso primeiro herói achou tudo muito simples, apenas retirando o que não era roda da pedra.
            Os hemisférios Norte e Sul são divididos imaginariamente por uma linha chamada Equador, socialmente por uma linha chamada pobreza, economicamente por uma linha branca ou marrom, institucionalmente por uma linha de crédito internacional e ambientalmente por divisores de água, o Rio Grande e o Mar Mediterrâneo.
            La prensa libre martela – martelo dói – em nossa cabeça, com um ar pesado de indiferença, as diferenças a reconhecer: eles são ricos e nós, pobres; desenvolvidos, e nós, subdesenvolvidos; tecnológicos, e nós, atrasados; superiores, e nós, primários.
Na linha do Equador passaram cerol, e o pescoço de qualquer país do lado de baixo do planeta que se aventurar por lá tombará. O assovio monótono da cantilena diária das rádios, televisões, jornais e revistas assegura o corte cerebral profundo nas ambições sul-hemisferianas.
            Ao sul da linha do Equador, a oeste da África, curtido pelo sal abundante do Atlântico, a leste da América do Sul espanhola, eis o Brasil, paraíso selvagem infantil, gigante faminto adolescente, eterno passado, velho presente, cada vez mais presente, com a cara lambida e a afoiteza dos penetras, aos grandes eventos do mundo. Foi onde lhe é proibido, disputou o que lhe é negado, perdeu e ganhou o que lhe é desautorizado perder e ganhar, subiu o tom da crítica ao subir o tom de voz para equilibrar a soberba dos senhores de si.
            O clube dos chiques do mundo está fechado e não se interessa por novos sócios, é a mensagem subliminar das manchetes tupiniquins. Nossa mídia pede desculpas aos atores globais: é apenas ignorância de nossos representantes nas mesas de negociação, são uns irresponsáveis, já entramos com um passa-fora nessa turma. Onde já se viu? Aceitam imposição do Paraguai e da Bolívia e rejeitam negociação com os norte-americanos e os europeus? Chafurdam nas lamas dos charcos nossa autoridade e desfilam arrogância em salões poderosos?
            É derrota para nossas tropas da elite suportar o Lula, pensa o Lula, que gosta de mexer as peças do seu xadrez geopolítico sem a coerência de costume. Mas o Evo Morales precisava invadir as instalações da Petrobras, na Bolívia, e expor ao conflito interno todos os seus pensamentos sobre o mundo, toda a sua ação? Gente defendendo que o Exército seguisse à fronteira, gente apontando a covardia do chefe supremo de um país muito maior, gente de toda ordem querendo colocar ordem na diplomacia e os bolivianos em seu devido lugar, gente querendo uma bala de prata para resolver tudo.
            - Gente, este Evo me aprontou uma, agora aprontou.
            - Nossa reação será forte, presidente?
Lula pede dados sobre a Bolívia e ninguém entende:
- Como, presidente?
- Eu quero saber sobre as características da invasão espanhola na Bolívia, o tamanho do PIB, O PIB per capta, o lucro que a Petrobras já teve por lá, o retorno financeiro das operações da Petrobras, quero saber tudo.
- A questão é outra, presidente.  É um atentado à nossa soberania.
- Quero os dados.
Lula ouvia tudo: um país danado de pobre, com riquezas minerais subaproveitadas ou desaproveitadas pelos nacionais, com destaque para a saga colonial, um PIB do tamanho do PIB de são José dos Campos...
- Como?
- Do tamanho do PIB de São José dos Campos.
- Toda a economia boliviana?
- Toda a economia boliviana.
- Nossa, preciso telefonar para o presidente boliviano.
- Isso, pelo menos isso, presidente...
- Só isso, não. Pelo menos uma carta de protesto.
- Vamos chamar nosso Embaixador. É um recado diplomático, mas eficaz.
- Nada disso. Vou ter uma conversa séria com o Evo, mas vou falar também como amigo.
- Só, presidente?

- Não, não somente isso: vou oferecer ajuda.

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