Em 1969 fui banido do país e tive a minha
nacionalidade cassada, uma ignomínia do regime de exceção que se
instalara cinco anos antes.
Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro.
Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.
Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil.
Na madrugada de dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo generosamente me concedeu.
A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que
se opõem ao PT e seu governo, fui transformado em inimigo público
numero 1 e, há sete anos, me acusam diariamente pela mídia, de corrupto
e chefe de quadrilha.
Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.
Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da
imprensa, me condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos,
que clamam por justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e
a minha inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios
constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.
Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou
acatar a decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar
minha inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.
Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a
vingança, a covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram
contra mim nestes últimos anos, será minha razão de viver.
Vinhedo, 09 de outubro de 2012
José Dirceu
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