domingo, 14 de outubro de 2012

Em nome de Che !

Inocêncio Nóbrega * 

As campanhas de libertação latino-americanas, inclusos os períodos de colônia e neocoloniais, muito devem a correntes migratórias internas. Calcadas nas nossas Companhias de Emboscada, que perseguiam o elemento estrangeiro, modernizaram-se nas estratégias de guerrilha. A alternativa de insurreição popular, para desmonte de governantes do reino, foi a preferida pelos Inconfidentes de Minas Gerais, liderados por Tiradentes, além de levantes, levados a cabo em vários recantos do Brasil. San Martin, Simón Bolívar, Francisco de Miranda, Santander e outros comandantes escolheram a tática das guerras convencionais, dando origem a países americanos, cujas batalhas repercutiam em territórios vizinhos. Em nome do futuro Che o pernambucano Abreu e Lima, tão rebelde como o pai, padre Roma, mártir da Revolução de 1817, no ano seguinte alista-se capitão no exército bolivariano, fazendo-se lugar-tenente de seu comandante, destacando-se pela bravura e idealismo, que lhe eram peculiares. 

O eixo da hegemonia luso-espanhola passou para os ingleses e norte-americanos, mudando os objetivos dos combates para a efetividade  das autonomias conquistadas. O maior expoente da nova causa é, sem dúvida, o argentino Ernesto Che Guevara, que ajudou a construir o socialismo de Cuba e impulsionar grupos guerrilheiros na Bolívia, em 1965. Sua ação revolucionária foi sustada, ao ser capturado em 8.10.1967, e morto no dia seguinte, por soldados do governo René Barrientos, sob orientação de agentes da Cia. No local, entre os vilarejos de Vallagrande  e La Higuera, está erguida uma estátua, e no gabinete do presidente Evo Morales uma foto, caprichosamente reproduzida em folhas de coca. Fotografado anteriormente pelo escritor Alberto Korda, sua imagem corre o mundo em camisetas  e sob diversas formas, pois ficou impresso na consciência dos povos, que o consideram verdadeiro ícone contra as injustiças sociais. 

Luiz Renato, gaúcho de Formigueiro, viu a epopeia da Campanha da Legalidade, de Leone Brizola, jovem ainda, assume posições de vanguarda. Em janeiro de 64 é eleito, em Congresso na Paraíba, presidente da União de Estudantes Agrotécnicos. Meses depois eclode o golpe militar e engaja-se em algum tipo de enfrentamento armado. Impaciente com a demora dessa ação decide emigrar para Bolívia. Ali, se junta a grupos  guerrilheiros, oriundos de outros países. A coluna, da qual fazia parte, propunha a travessia do rio Chimate, a fim de alcançarem terras andinas, porém, a 1º.9,1970  é surpreendida por militares, resultando na sua divisão.  A partir dessa data o bravo brasileiro nunca mais foi visto, nome que também fica na história da  rebeldia continental.

* Jornalista

inocnf@gmail.com

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