quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"A Inocência do Meu Pai, José Genuino"



 
Por Miruna Genoino
Lembro-me que quando comecei a ser consciente daquilo que meus pais tinham feito e especialmente sofrido, ao enfrentar a ditadura militar, vinha-me uma pergunta à minha mente: será que se eu vivesse algo assim teria essa mesma coragem de colocar a luta política acima do conforto e do bem estar individual? Teria coragem de enfrentar dor e injustiça em nome da democracia?
Eu não tenho essa resposta, mas relembrar essas perguntas me fez pensar em muitas outras que talvez, em meio a toda essa balbúrdia, merecem ser consideradas…
Você seria perseverante o suficiente para andar todos os dias 14 km pelo sertão do Ceará para poder frequentar uma escola? Teria a coragem suficiente de escrever aos seus pais uma carta de despedida e partir para a selva amazônica buscando construir uma forma de resistência a um regime militar? Conseguiria aguentar torturas frequentes e constantes, como pau de arara, queimaduras, choques e afogamentos sem perder a cabeça e partir para a delação? Encontraria forças para presenciar sua futura companheira de vida e de amor ser torturada na sua frente? E seria perseverante o suficiente ao esperar 5 anos dentro de uma prisão até que o regime político de seu país lhe desse a liberdade?
E sigo…
Você seria corajoso o suficiente para enfrentar eleições nacionais sem nenhuma condição financeira? E não se envergonharia de sacrificar as escassas economias familiares para poder adquirir um terno e assim ser possível exercer seu mandato de deputado federal? E teria coragem de ao longo de 20 anos na câmara dos deputados defender os homossexuais, o aborto e os menos favorecidos? E quando todos estivessem desejando estar ao seu lado, e sua posição fosse de destaque, teria a decência e a honra de nunca aceitar nada que não fosse o respeito e o diálogo aberto?
Meu pai teve coragem de fazer tudo isso e muito mais. São mais de 40 anos dedicados à luta política. Nunca, jamais para benefício pessoal. Hoje e sempre, empenhado em defender aquilo que acredita e que eu ouvi de sua boca pela primeira vez aos 8 anos de idade quando reclamava de sua ausência: a única coisa que quero, Mimi, é melhorar a vida das pessoas…
Este seu desejo, que tanto me fez e me faz sentir um enorme orgulho de ser filha de quem sou, não foi o suficiente para que meu pai pudesse ter sua trajetória defendida. Não foi o suficiente para que ganhasse o respeito dos meios de comunicação de nosso Brasil, meios esses que deveriam ser olhados através de outras tantas perguntas…
Você teria coragem de assumir como profissão a manipulação de informações e a especulação? Se sentiria feliz, praticamente em êxtase, em poder noticiar a tragédia de um político honrado? Acharia uma excelente ideia congregar 200 pessoas na porta de uma casa familiar em nome de causar um pânico na televisão? Teria coragem de mandar um fotógrafo às portas de um hospital no dia de um político realizar um procedimento cardíaco? Dedicaria suas energias a colocar-se em dia de eleição a falar, com a boca colada na orelha de uma pessoa, sobre o medo a uma prisão que essa mesma pessoa já vivenciou nos piores anos do Brasil?
Pois os meios de comunicação desse nosso país sim tiveram coragem de fazer isso tudo e muito mais.
Hoje, nesse dia tão triste, pode parecer que ganharam, que seus objetivos foram alcançados. Mas ao encontrar-me com meu pai e sua disposição para lutar e se defender, vejo que apenas deram forças para que esse genuíno homem possa continuar sua história de garra, HONESTIDADE e defesa daquilo que sempre acreditou.
Nossa família entra agora em um período de incertezas. Não sabemos o que virá e para que seja possível aguentar o que vem pela frente pedimos encarecidamente o seu apoio. Seja divulgando esse e/ou outros textos que existem em apoio ao meu pai, seja ajudando no cuidado a duas crianças de 4 e 5 anos que idolatram o avô e que talvez tenham que ficar sem sua presença, seja simplesmente mandando uma palavra de carinho. Nesse momento qualquer atitude, qualquer pequeno gesto nos ajuda, nos fortalece e nos alimenta para ajudar meu pai.
Ele lutará até o fim pela defesa de sua inocência. Não ficará de braços cruzados aceitando aquilo que a mídia e alguns setores da política brasileira querem que todos acreditem e, marca de sua trajetória, está muito bem e muito firme neste propósito, o de defesa de sua INOCÊNCIA e de sua HONESTIDADE. Vocês que aqui nos leem sabem de nossa vida, de nossos princípios e de nossos valores. E sabem que, agora, em um dos momentos mais difíceis de nossa vida, reconhecemos aqui humildemente a ajuda que precisamos de todos, para que possamos seguir em frente.
Com toda minha gratidão, amor e carinho,
Miruna Genoino – 09.10.2012






2 comentários:

Anônimo disse...

Como é cruel essa imprensa brasileira. Algozes da pior espécie. Fantasmas são menos que eles. Um descalabro inimaginável com um ser humano, independentemente de que casta política seja ele. Sarcásticos, são, os infiéis da pátria (?) brasileira. Contumaz da desgraça alheia, vibram, chegam até mesmo ao orgasmo intelectual com a miséria alheia. Tenha humanidade, nojentos. Eles, provavelmente, não sabem do que isto representa nos âmagos de seres humanos.

Lucas Aaron

Rani disse...

Posso acreditar - e até acredito - que seu pai tenha passado por isso tudo há anos atrás, e posso tb imaginar a dor de vcs - familia e filhos - mais isso não pode ser o bastante pra tornar vcs pessoas cegas, ou melhor (pior) querer que acreditemos que seu pai é um herói no qual não tem culpa alguma do que vem sendo acusado. Pelo amor de deus, não venha querer vender caro assim, nada do que ele fez será esquecido, e justamente por isso não deve ser tb esta parte escura que vc prefere colocar como parte do delírio de uma mídia ensandecida, de um povo desvairado e de uma justiça muitas vezes falha. Seu pai roubou sim, foi ladrão sim e deve responder por isso...independentemento do que ja tenha feito/sofrido ou passado. Toda ação tem uma consequencia, claro que seu pai nao foi o unico e muito menos fez o quer fez sozinho...mais ele estáq beeem longe de ser um coitado. Muitas outras pessoas podem até não ter ativamente participado da luta contra o regime militar, mas tenho certeza q ainda assim muitas ja sofreram mto maisd que seu pai, principalmente com a miseria que grande parte população pobre brasileiura passa, justamente pq outra grande parte do que seria destinado a melhorias pra eles, é ROUBADO. Sei que como filha é dificil enxergarmos com clareza o erro de nossos pais, mas vc nao pode vender caro assim, querendo convencer a todos que ele não roubou e nem participou do mensalão. Tenho nojo de ver uma pessoa com a historia que ele teve, se vender assim pro sistema, e SIM, se beneficiar dele, sim. Tantas pessoas na fila do SUS precisando fazer um tratamento qlq, no qual a grana que a corja toda roubou, teria podido dar uma melhoria no atendimento de pessoas carentes, educação e tantas outras areas que estão em estado de calamidade. Ele ja procurou ver a situação de um hospital publico? De ver a tristesa que é precisar de um serviço destes? Entao me desculpem...mas vcs estao mtoo bem. Todo o tratamento do seu pai, é pago por nós, cidadãos de bem, que nunca vemos os beneficios dos nossos tao suados impostos. Quantas horas seu pai trabalha por dia? Qto ganha? Desculpe, mais seu pai não tem sinopse pra posar de pobre indefeso. Se ele está sendo condenado, é porque merece - deve ser duro pra vcs, mas é a verdade...e se forem pessoas de bem vao parar de tentar esconder o sol com a peneira, e por mais dificil que seja, concordar com a JUSTIçA - do aqui se faz, aqui se paga - que INFELIZMENTE nem sempre funciona no nosso país, mas graças a deus agora nos da um pingo de esperança. O que mais indigna é que depois de ser condenado, vcs ainda estão tentando aplicar para que ele tenha uma aposentadoria por INVALIDEZ?? A pelo amor de deus... invalidez um homem desses? Qua ja bateu em cameras e reporters que faziam perguntas simples? Ou melhor, constrangedoras pra ele...é isso acho que ja falei o bastante...mas por favor, caia na real e enfrente os fatos, e a dura realidade.