domingo, 9 de outubro de 2011

A nau da Globo encalhou no STF


Via Jornal O Rebate  
A ação impetrada pela Associação Brasileira de Magistrados soa como confissão de culpa, no mínimo temor, refiro-me a que pretende limitar a competência do Conselho Nacional de Justiça - CNJ - que tem deixado alguns juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores com o pé atrás.  

Laerte Braga

O comando de perversidades da REDE GLOBO deve estar atônito com a repercussão e as consequências da campanha liderada pelo grupo. Denúncias e combate à corrupção. É que neste momento o dilema enfrentado pela rede é o que fazer com os resultados de toda a farsa montada cuidadosamente para acuar o governo Dilma, arrancar concessões e fazer com que a presidente se desgarre de Lula (o verdadeiro alvo) esbarra no STF e em ministros no mínimo suspeitos, caso de Gilmar Mendes.

A ação impetrada pela Associação Brasileira de Magistrados soa como confissão de culpa, no mínimo temor, refiro-me a que pretende limitar a competência do Conselho Nacional de Justiça - CNJ - que tem deixado alguns juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores com o pé atrás.

Imagine se a coisa ganha vulto e, de repente, a turma resolve investigar aqueles dois habeas corpus concedidos a Daniel Dantas por Gilmar Mendes e chega à edição da revista VEJA (faz o trabalho sujo da mídia corrupta) que trouxe a público outra farsa. Gravações de conversas de Gilmar Mendes, então presidente da Suprema Corte, colocando-o na condição de vítima?

As tais gravações nunca existiram e foram montadas pelo próprio esquema de Gilmar. Se prestaram a impedir que o delegado Protógenes Queiroz conseguisse desmontar uma das quadrilhas mais perigosas e fortes dentre as máfias que controlam o Estado brasileiro. A de Daniel Dantas.

E todos os desdobramentos da operação chegassem ao telespectador comum, aquele que William Bonner chama de "Homer Simpson" e com o sentido de "idiota"?

Ia ficar complicado.

O Supremo Tribunal Federal tem em mãos uma batata quente. Ou decide de forma corporativa e contra a Constituição - no caso da ação dos juízes através da entidade nacional que os representa - e assim garante a impunidade, na melhor das hipóteses torna difícil o caminho para punir integrantes do Judiciário que sejam corruptos, ou garante a Constituição, da qual, em tese, é a instituição guardiã.

Num debate num programa do canal de tevê fechada GLOBONEWS, um desembargador do estado do Rio não conseguiu contrapor-se a um professor de Direito Constitucional - Pedro Serrano - e nem a apresentadora do programa conseguiu, sequer, esboçar gesto de defesa dos "argumentos" do desembargador.

Deve ter recebido orientação, falo da apresentadora, para não complicar, pois a repercussão seria negativa.

O CNJ tem competência constitucional acima das corregedorias estaduais para investigar magistrados suspeitos. As declarações de Eliana Calmon sobre "bandidos que se escondem atrás de togas" são procedentes, refletem uma realidade.

A tal transparência que a GLOBO tanto pregou na campanha de combate à corrupção, mas mirando publicamente num alvo e querendo acertar outro, esbarrou na viagem de uma repórter à França para "cobrar" explicações de uma academia sobre o prêmio concedido a Lula, o título de doutor honoris causa. A moça quis saber por que não a FHC? Ora, FHC, como respondeu o presidente da academia, espantado diante do tom da jornalista, não mudou a face do Brasil e do mundo, pelo contrário, enterrou o País e abriu perspectivas negativas em todos os sentidos. Do mesmo jeito que Lula só contornou - com competência é verdade -, mas não desarmou as armadilhas neoliberais do tucano. E nisso aí, mesmo dentro do circo do capitalismo, tem uma distância abissal entre um e outro.

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