Sérgio Moro e sua incontrolável preferência pela pirotecnia. Por Fábio Lau
jornalista, diretor de Redação do site de notícias Conexão Jornalismo. No jornal Correio do Brasil.
Sérgio Moro e sua incontrolável preferência pela pirotecnia
Moro, ao que parece, se deixou tomar pela vaidade. Cercado por jovens procuradores não menos ansiosos por holofotes, assiste, impassível, a uma guerra de egos
O juiz Sérgio Moro é um
cara no mínimo estranho. Quando o marqueteiro João Santana perguntou o que
havia contra si na Lava-Jato, Moro usou de ironia para responder: se ele quiser
vir aqui antecipar o que sabe sobre a Lava-Jato…. Santana se ofereceu para ir. Moro
fez silêncio. Santana viajou a trabalho para o exterior. Ato contínuo, o juiz
decreta sua prisão. Por que prender um cara que se dispôs a ir ao seu encontro
para prestar esclarecimentos antes mesmo de ser citado? Moro gosta do
estardalhaço.
olha
a carinha do bebezinho
(ou palhacinho)
chegado a uma
pirotecnia
O juiz federal Sérgio Moro é chegado a uma
pirotecnia. Foi assim que mandou prender uma mulher que, em imagem do banco,
aparecia em caixa eletrônico. Já era para estar envergonhado e comedido. Mas
não consegue: os holofotes ofuscam a autocrítica. Ele hoje substituiu JB no
fetiche moralista da direita. Mas o primeiro era mais competente. Este, mais
estranho.
Quando ganhou o prêmio “Faz Diferença” oferecido
pelo Globo muita gente torceu o nariz. Achou que ali o juiz
havia mordido a isca. Inflam egos dos incautos para transforma-los em
fantoches, disseram. Deve ter sido exagero. Não faz diferença alguma para quem
trabalha de acordo com o léxico profissional. Diferença faz para quem não o
faz, explora o estado e o erário. A este, a punição é o que se espera.
Mas Moro, ao que parece, se deixou tomar pela
vaidade.
Cercado por jovens procuradores não menos ansiosos
por holofotes, assiste, impassível, a uma guerra de egos que não se coaduna com
a função de representantes da sociedade. E foi assim que um deles acusou Lula
de ser dono de imóvel que não está em seu nome e depois convocá-lo a depor via
revista.
Periga o procurador responder à Procuradoria-Geral
da República.
Há quem brinque que Sérgio padeça de forte crise de
torcicolo que o obrigaria a olhar apenas para o lado esquerdo. É exagero.
Ele tem no máximo tiques nervosos que não o
permitem olhar para o direito. Age e posa como paladino. E deve adorar
este momento. Mas, esquece ou ignora que em geral gente que atua assim, a
serviço, é descartada quando algo atinge seu limite. E tal limite sempre chega.
JB, que era mais competente, sabe disso.
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