O camarote mais disputado por quem quer ver e ser visto no carnaval
de Salvador é o Expresso 2222. Claro, o principal anfitrião é o cantor,
compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil. Por isso, políticos, artistas
e celebridades buscam um lugarzinho ao sol naquele espaço. Mas no carnaval
também há espaço para que opiniões sobre política sejam dadas. Foi exatamente o
que conseguiu a jornalista Patrícia França, do jornal A Tarde, na entrevista
concedida por Gilberto Gil.
Gilberto Gil elogiou a
estratégia da presidente Dilma Rousseff de criar uma aproximação maior com a
situação e os partidos da base aliada ao retomar o ‘Conselhão’, formado por 90
notáveis de vários segmentos da sociedade. “Um dos aspectos mais insistentes
nas críticas que se fazem à presidente é o fato de que ela não dialoga, não
investe na aproximação com os vários setores da vida política, não trabalha no
sentido mais ecumênico da política. Então, tenho impressão de que os gestos
todos dela são nesta direção, de tornar uma gestão mais ativa, mais partilhada”.
Ele disse acreditar que o
processo de impeachment morreu e que a política precisa se reeducar. Para Gil,
a Operação Lava Jato pode ser o início desse processo. “Há quatro, cinco, oito
anos atrás, quando vinha essa queixa contra os políticos e a corrupção, eu
costumava dizer sempre: ‘Olha, não só são os políticos’. E se a gente for olhar
bem, eles não são nem os principais responsáveis. A Lava Jato mostra muito
claramente isso, os grandes interesses (empresariais e econômicos).”
Já sobre o ex-presidente
Lula, Gil falou que tem esperanças de que ele “possa se livrar das
investigações”. “Que ele possa ter saídas, que não comprometam definitivamente
sua estatura, sua presença, sua história, sua dimensão de homem público,
defensor dos setores menos protegidos da sociedade brasileira, que ninguém pode
negar que ele seja um deles. Ele tem sido um deles. Enfim, tomara que ele se
livre de tudo isso”.
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