Fenômeno que beneficiou o ex-deputado praticamente não ganhou destaque na mídia.
Com tantos assuntos ocupando o
noticiário político – “rolezinhos”, escândalos envolvendo o PSDB de São Paulo
etc. –, um deles, a despeito da relevância, teve cobertura desproporcionalmente
pequena. O ex-deputado José Genoino, praticamente sem pedir, recebeu doações em
dinheiro de mais de seiscentos mil reais em cerca de uma semana.
Pressionada por amigos e admiradores do ex-deputado – que já
estavam criando sites para arrecadar a pequena fortuna necessária para pagar a
multa que lhe foi imposta por sua condenação –, sua família criou um site oficial contendo informações a quem quiser colaborar.
O site de
fundo vermelho-PT e letras brancas tem algumas poucas fotos de Genoino durante
sua luta contra a ditadura e nos dias atuais. A página é despojada, objetiva e
já anuncia no alto que os advogados do ex-deputado estão questionando
judicialmente a majoração que a
multa sofreu por determinação judicial – de 468 mil reais foi aumentada para
667 mil.
Há,
também, as instruções para doação, que pode ser feita via depósito bancário,
cartão de crédito etc. O doador recebe uma senha para acompanhar a evolução da
arrecadação e o número de contribuintes.
Da última
vez que vi – e lá se vão dias –, cerca de mil pessoas registraram suas doações.
Todavia, a quantidade de contribuintes é muito maior porque essas cerca de mil
pessoas são as que fizeram repasses de quantias que arrecadaram em “vaquinhas” que encabeçaram, com as
quais, muitas vezes, 10, 20, 30 pessoas contribuíram.
Essa
informação sobre a quantidade de doadores ser bem maior do que a registrada não
me foi passada pela família ou por uma filha do ex-deputado com quem tenho me
comunicado de vez em quando via e-mail, mas por experiência própria e por
relatos de amigos-leitores.
Eu mesmo
fiz minha doação a
Genoino na conta de uma pessoa que estava recebendo doações de todos os valores
para repassar a ele. Segundo me relatou, houve depósitos de 30, 50, 100 reais.
Não sei quantas pessoas foram, mas não foram poucas.
Arrisco
dizer, porém, que umas vinte mil pessoas
devem ter feito doações, se não forem mais.
Perguntei-me:
quantos políticos podem dizer que, caso precisassem, receberiam tal solidariedade. Imagino que José Dirceu também receberia. E acho
que todos os outros petistas condenados no julgamento do mensalão também.
Duvido, porém, que os condenados de outros partidos ou políticos em geral, de
qualquer partido, conseguiriam tal
feito.
Esse
fenômeno que beneficiou o ex-deputado, no entanto, praticamente não ganhou destaque na mídia.
Enfim, se
minha estimativa de vinte mil contribuintes
for razoável – e não vejo como não seria –, trata-se de gente suficiente para
lotar um pequeno estádio de
futebol. São políticos, sindicalistas, estudantes, donas de casa, pedreiros,
marceneiros, advogados, engenheiros, filósofos, artistas, religiosos,
jornalistas… E por aí vai.
Serão
todos “mensaleiros” ou “apoiadores
de bandidos”? Famílias inteiras contribuíram. Alguns, sei que doaram mesmo
passando por dificuldades financeiras. Conheço gente desempregada que
contribuiu.
Não foi
um bando de ingênuos, de caipiras ou de ladrões que apoiou o ex-deputado. Foram cidadãos educados, de várias
classes sociais, politizados, muitos dos quais nunca viram esse homem na vida. Doaram porque, no
fundo de suas consciências, tendo acompanhado cada passo do julgamento do
mensalão, entenderam que a condenação de Genoino foi injusta.
Essa
realidade incomoda os carrascos do
ex-deputado – a mídia (adiante
de qualquer outro), o STF, o PSDB, o PPS, o DEM, o PSOL e todos os que, políticos ou
não, fazem oposição cerrada ao PT e não tiveram um pingo de comiseração por uma família que, além
de tantos sofrimentos, atravessa dura crise financeira e, sobretudo, emocional.
A família
de Genoino, para arcar com a vida em Brasília – uma das cidades mais caras do
Brasil, onde o ex-deputado, em contrariedade às leis penais, cumpre prisão
domiciliar –, já vem tendo que se desfazer dos poucos bens que esse homem
acumulou ao longo de décadas na política. Mesmo assim, o jornal O Estado
de São Paulo não teve dó.
Matéria
repugnante desse jornal, em tom de denúncia, revelou que a casa que essa
família alugou em um condomínio fechado tem aluguel de 4 mil reais. Citou “três
suítes” nessa “mansão”. Um “escândalo”…
Aluguel
nesse valor em uma cidade como Brasília, contudo, só dá para uma casa comum de
classe média. E o imóvel, obrigatoriamente, tem que ser num condomínio fechado, pois a família de Genoino já
esteve sob ameaça de antipetistas fanáticos após se
instalar naquela cidade para cuidar dele durante sua prisão domiciliar
Vale
lembrar, ainda, que o ex-deputado está em prisão domiciliar devido a seus
problemas de saúde.
Essas
milhares de pessoas que apoiam Genoino, a própria situação financeira dele e
dessa família composta por pessoas simples como a professorinha Miruna – a
filha que tem lutado como uma leoa pelo
pai, expondo-se à virulência das redes sociais e da mídia com uma coragem rara
–, são fatos mortais para a teoria de que ele é um “bandido”.
Que
bandido é esse que, ao longo de toda uma vida na política, mergulha em situação
financeira tão
grave que obriga sua família a vender um de seus dois automóveis (com anos de
uso) para poder pagar o aluguel da “mansão” que o Estadão, de uma
forma inimaginavelmente calhorda, inventou?
Tudo isso
não combina com a imagem que a mídia, o STF e os inimigos do PT em geral
criaram para Genoino, pois não? Daí o
constrangimento dos
carrascos dele.
Fonte:
ATENÇÃO:
as palavras em destaques fazem parte do texto mas a cor vermelha é deste BLOGUEIRO.
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