Fernando Brito: Ao incensar Gilmar, Kátia Abreu quer afinal o quê?
publicado em 29 de novembro de 2014 às 17:28
Kátia Abreu quer um ministério ou uma crise?
por Fernando Brito, no Tijolaço
Não
tenho idade para ser um “força cega” e já vivi governos demais para não
saber que se tem de formá-los com concessões políticas, mas também que
não pode dar certo aquilo que contesta a autoridade legítima do governante
eleito e agride frontalmente o partido pelo qual se elegeu.
Por
isso, não considero, do ponto de vista da política agrária, um retrocesso a
indicação de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura, até porque é
evidente que ela tem condições de trazer o agronegócio – que ninguém quer atirar
ao mar – para próximo ao Governo e garantir-lhe as condições de produzir com
respeito ao meio-ambiente e aos assalariados e pequenos produtores rurais,
especialmente o de corte familiar.
Não
é boa a política que ignora setores produtivos e não lhes oferece a
oportunidade de participar do crescimento do país, sem que firam, ou firam menos, num ambiente de diálogo.
Mas
diálogo pressupõe boa-vontade, jamais arrogância ou provocação.
Exatamente
o que faz hoje, sem nenhum pudor, a senadora Kátia Abreu em seu artigo
na Folha.
Não
apenas erra, ao dizer que terra indígena é apenas aquela que, no momento da
promulgação de 1988 estava ocupada por indígenas – que poderiam, por suposição,
terem sido expulsos na véspera, com os métodos mais violentos – embora não
passe pela cabeça de ninguém devolver os terrenos do centro do Rio e de São
Paulo à Confederação dos Tamoios, como ela sugere se pretenda.
Errar
é humano, diz o bordão, e mesmo que se considere possível e necessário dialogar
sobre o conceito de terras indígenas, não se pode dialogar com provocação.
Porque não
merece outro nome senão o de provocação, ao escrever que é preciso “enfatizar
que o ministro Gilmar Mendes é um dos mais sérios juristas deste país,
cuja obra ultrapassa nossas fronteiras. No Tribunal, sempre pautou sua posição
pela estrita aplicação da lei, não sucumbido a pressões como essas que hoje o
acometem. Os que contra ele vociferam são os que não possuem o mínimo respeito
pelo Estado Democrático de Direito”.
Quem
está na iminência de ser indicada ministra de um governo sistemática e
doentiamente combatido por Gilmar Mendes, com ações jurídicas e outras nem
tanto, só pode fazer isso se não tem ideia de quem governa e de quem elegeu
este governo.
Do
qual ela pretende fazer parte, mas certamente sabendo que não será, nele, a
dona, nem a capataz.
Para
participar dele, como se disse uma vez do próprio Ministro Gilmar Mendes,
precisa antes saber que não está falando com seus capangas lá – no caso dela – do
Tocantins.
E
aprender a ter modos.
Ninguém
lhe pediu que esbofeteasse o mais figadal inimigo do governo no Judiciário,
Gilmar Mendes.
Seria
desnecessário pedir-lhe que não esbofeteasse o Governo com escancarados elogios
a ele.
A
menos que haja algo que não se sabe e possa explicar a manifestação brutal
e grosseira.
Ou
alguém que lhe explique o velho ditado gaúcho de que a luta não quita a
fidalguia.
E que é gado e não criador de gado quem dá coices sem razão.
Atenção:
As palavras na cor vermelha
constam no texto originariamente, mas os destaques são deste BLOGUEIRO.
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