Um avozinho “infeliz”,
Por toda
parte quer-ser “NÃO”.
Por todos os
meios,
Com meu
óculos de aros “tristes”
Sentir o
desprezo
D’algo “familiar”.
É cruel, mas
compreensivo.
Tudo e por
tudo é COMPREENSÍVEL !!!
O choro é livre e ninguém tem nada HÁ haver com
isso – eu que chore e que SOFRA – que eu morra (para alegria de uns/umas)
O DIA EM QUE
ESTE VELHO NÃO FOR MAIS O MESMO, TENHA PACIÊNCIA E ME COMPREENDAS!
Quando derramar
comida sobre minha camisa e esquecer como amarrar meus sapatos, tenhas
paciência comigo e lembra-te das horas em que passei te ensinando a fazer as
mesmas coisas.
Se quando
conversares comigo, eu repetir as mesmas histórias, que sabes de sobra como
terminam, não me interrompas e me escute. Quando eras pequeno, para que
dormisses, tive que te contar milhares de vezes a mesma estória até que
fechasses os olhinhos.
Quando estivermos
reunidos e sem querer fizer minhas necessidades, não fiques com vergonha.
Compreendas que não tenho culpa disso, pois já não as posso controlar. Penses
quantas vezes, pacientemente, troquei tuas roupas para que estivesses sempre
limpinho e cheiroso.
Não me reproves se
eu não quiser tomar banho, sejas paciente comigo. Lembra-te dos momentos que te
persegui e os mil pretextos que inventava pra te convencer a tomar banho.
Quando me vires
inútil e ignorante na frente de novas tecnologias que já não poderei entender,
te suplico que me dê todo o tempo que seja necessário, e que não me machuques
com um sorriso sarcástico.
Lembra-te que fui eu quem
te ensinou tantas coisas. Comer, se vestir e como enfrentar a vida tão bem como
hoje o fazes. Isso é resultado do meu esforço e da minha perseverança.
Se em algum
momento, quando conversarmos, eu me esquecer do que estávamos falando, tenhas
paciência e me ajude a lembrar. Talvez a única coisa importante pra mim naquele
momento seja o fato de ver você perto de mim, me dando atenção, e não o que
falávamos.
Se alguma vez eu
não quiser comer, saibas insistir com carinho. Assim como fiz contigo.
Também compreendas
que com o tempo não terei dentes fortes, e nem agilidade para engolir.
E quando minhas
pernas falharem por estar tão cansadas, e eu já não conseguir mais me
equilibrar...
Com ternura, dá-me
tua mão para me apoiar, como eu o fiz quando tu começastes a caminhar com tuas
perninhas tão frágeis.
E se algum dia me
ouvires dizer que não quero mais viver, não te aborreças comigo. Algum dia
entenderás que isto não tem a ver com teu carinho ou com o quanto te amo.
Compreendas que é
difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo, e que é duro admitir que
já não tenho mais o vigor para correr ao teu lado, ou para tomá-lo em meus
braços, como antes.
Sempre quis o
melhor para ti e sempre me esforcei para que teu mundo fosse mais confortável,
mais belo, mais florido.
E até quando me
for, construirei para ti outra rota em outro tempo, mas estarei sempre contigo
e zelando por ti.
Não te sintas
triste ou impotente por me ver assim. Não me olhes com cara de dó. Dá-me apenas
o teu coração, compreenda-me e me apóie como o fiz quando começastes a viver.
Isso me dará forças e muita coragem.
Da mesma maneira
que te acompanhei no início da tua jornada, te peço que me acompanhes para
terminar a minha. Trata-me com amor e paciência, e eu te devolverei sorrisos e
gratidão, com o imenso amor que sempre tive por ti.
Atenciosamente,
Teu Velho!
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