quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O CANAL, A SECA E A TARTARUGA SONOLENTA !!


Por: » FERNANDO COLLOR (PTB) – senador por Alagoas.
Quando a presidenta Dilma desembarcar em Alagoas, para inaugurar a primeira etapa de operação do Canal do Sertão, uma das mais importantes obras federais de infraestrutura hídrica no Nordeste brasileiro, os alagoanos vão manifestar um sentimento de gratidão. E a explicação encontra-se na própria trajetória do empreendimento, que é preciso rememorar para que a justiça seja bem feita.

A origem do Canal do Sertão nos remete a 1991. Como presidente da República, viabilizei os meios necessários para que o governador Geraldo Bulhões iniciasse a obra já no ano seguinte – e assim aconteceu. Lamentavelmente, o governo tucano paralisou a obra por nove anos. Em 2001, o governador Lessa reabriu o canteiro, e conseguiu aportar R$ 15 milhões do próprio Estado. Aí, o FHC, no apagar das luzes do seu segundo mandato, resolveu lembrar do canal, mas só alocou R$ 20 milhões, uma vergonhosa migalha para obra tão relevante.

Com a vitória de Lula, a esperança renasceu e, com ela, a retomada do desenvolvimento em nosso país. Elegi-me senador pela vontade dos alagoanos e assumi a presidência da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. Foi aí que solicitei a Lula a inclusão do Canal do Sertão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele concordou e o ritmo dos acontecimentos mudou. Vale aqui dizer que, na condução dessa proposição, contei à época com a solidariedade de toda a bancada.

Pelo PAC, o Canal do Sertão avançou e mais nenhum centavo do Tesouro do Estado precisou ser investido na obra. Em dois mandatos, Lula garantiu R$ 440 milhões, o que significam 2.000% a mais do que FHC destinou para a mesma obra, que irá contemplar 42 municípios e beneficiar um milhão de alagoanos na fase plena de operação.

A presidenta Dilma, em dois anos de gestão, manteve o compromisso de seu antecessor e já destinou R$ 88 milhões para o canal. É por essa injeção de recursos que a obra está saindo efetivamente do papel, com os primeiros 65 quilômetros prontos para operar. Se FHC tivesse priorizado durante aqueles oito anos, o canal já estaria em funcionamento há mais tempo.

O governador de Alagoas, por exemplo, continua a ausentar-se de seu dever de chefe de Estado. Eu e mais trinta prefeitos dos municípios castigados pela seca ficamos atônitos ao sermos informados pelo próprio ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que o governo do Estado não usou – em sete meses, pasmem! – R$ 10 milhões disponíveis desde agosto do ano passado. O governo federal remeteu esse socorro inicial às vítimas da prolongada estiagem e o governador não utilizou os recursos durante todo esse tempo.

São ridículas as explicações para o fato de que esse numerário federal tenha ficado dormitando tanto tempo na sonolenta burocracia palaciana. Enquanto o governador move sua caneta em ritmo de tartaruga, as estimativas apontam para a perda de 30% do rebanho, ou algo entre 250 mil e 300 mil cabeças. Nem o levantamento das perdas chegou a ser feito por esse governo, que, diante do abandono dos desvalidos do Sertão e do Agreste, comete mais um crime contra o Estado e seu povo.

O clamor dos 37 prefeitos dos municípios em estado de emergência me motivou a marcar audiência com o ministro Fernando Bezerra, em Brasília. Mesmo estarrecido com tanto desleixo estadual, saí também reconfortado pela mão solidária do governo federal, do qual nada faltará para ajudar a reconstruir a vida desses seres humanos angustiados em nosso Sertão. Ao governador, que nem se indignou com o flagrante de irresponsabilidade e incompetência, resta agora certificar em seu currículo esse novo vexame oficial, assim como o descaso com a educação, a saúde e a segurança dos alagoanos.

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