quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A mais querida do Brasil

Leila Cordeiro
Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e CBS Telenotícias Brasil como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros de poesias publicados: "Pedaços de mim" e "De mala e vida na mão", ambos pela Editora Record. É repórter free-lancer e sócia de uma produtora de vídeos institucionais, junto com Eliakim Araujo, em Pembroke Pines, na Flórida.Publicado em 26/08/2012
 

A mais querida do Brasil

 

A chamada trilogia maldita da TV brasileira é formada por segmentos que garantem a audiência, apesar de tudo. São as novelas onde prevalecem o mau-caratismo, a bandidagem, a violência .Os shows de realidade que mostram até onde pode chegar a vaidade, o oportunismo, o escracho e a baixaria do ser humano. E os programas policialescos onde o que vale é o mundo cão com todas as suas nuances chocantes e absurdas conduzidas por bizarros apresentadores.
Pronto. Esse é o panorama geral da nossa televisão. Cada emissora segue um ou mais de um desses filões.
Aparentemente fora dessa disputa pelo mais grotesco, vai o SBT navegando em outras águas. A emissora de Silvio Santos parece não se preocupar em entrar nessa disputa e mantém seu público fiel com Chaves, o anti-herói mexicano, e as passionais novelas mexicanas. Silvio não tem nenhum pudor em repetir à exaustão os novelões como Maria do Bairro, que tem como estrela maior a cantora Talia quando era ainda menor de idade. Imagine.
Mas é nos programas de auditório que o SBT é imbatível. Com seu domingo festivo, Silvio transita absoluto entre suas "colegas de trabalho" e não está nem aí para a breguice, aliás ele consegue ser brega com elegância e há anos cativa o público com essa dualidade.
No SBT ninguém liga muito se o cenário está colorido demais ou cheio de informações confusas, o que vale é dar o recado divertindo o telespectador e a quem vai assistir aos programas no próprio auditório. É visível que não existe ali muita preocupação com o visual, pois quem faz a festa são os profissionais.
Nenhum deles vem do jornalismo ou de algum tipo de programação que engesse e limite a criatividade. Silvio, experiente como ele só, acaba ficando mesmo com aqueles que ele sabe que nasceram do improviso e foram jogados no palco por ele depois de serem descobertos por seu olho clínico.
Foi assim com Eliana, Celso Portioli e até o Gugu, que mudou de casa, mas continua sendo a cara do SBT. Sem falar na filha mais nova, Patrícia, em quem está apostando agora todas as fichas. E não é que ela se parece fisicamente com o paí? Quanto ao talento só o tempo e intimidade com as câmeras e com o palco, podem dizer.
No próprio jornalismo Silvio já ousou e apesar de ser acusado de não estar nem aí para notícias, no final acaba conseguindo bons resultados no Ibope com o que tem no ar pois aí também arrisca em profissionais que talvez nunca tivessem tido chance em outras emissoras.
Mas SS que não é bobo, não descartou o chic com dois experts no que é fashion, Isabella Fiorentino e Arlindo Grund. Com o "esquadrão da Moda", o SBT também tem conseguido conquistar um segmento diferenciado de público. Tanto que o programa continua no ar há tres anos e já conquistou lugar cativo na "volúvel"grade de programação da emissora.
E de descoberta em descoberta, Silvio até descobriu o talento da própria mulher para escrever e deu a ela algumas adaptações de novelas, a última Carrossel, tem sido a consagração de Íris Abravanel batendo a segunda colocada Record com grande vantagem no horário.
E com esse perfil, que mistura inocência, descontração, elegância, breguice e principalmente muita alegria, o SBT foi apontada como a emissora mais querida do Brasil, esta semana, durante o Fórum Internacional ABA Branding 2012, que escolhe anualmente as empresas preferidas do público em várias categorias.
Diante disso, fica a pergunta. Será que Silvio Santos considerado o maior apresentador de auditório de todos os tempos e um empresário ousado e ao mesmo tempo instável em suas decisões, seria o grande gênio da comunicação no país? Talvez, pois ele conseguiu misturar tantos estilos diferentes numa mesma emissora que passou a ser a cara do Brasil.








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