O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Este mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o Sol e associar-se à lua
Quando a sobra da noite enegrece o poente.
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!
Jorge de Lima nasceu em União dos Palmares
(AL), em 23 de abril de 1893. Filho de José Mateus de Lima, um senhor
de engenho, e de Delmina Simões de Mateus de Lima. Cursou parte do
primário no município natal, e viria a ser completado no Instituto
Alagoano, em Maceió. Transferiu-se para o Colégio Diocesano de Alagoas,
onde completou os “preparatórios”. Iniciou, em 1911, a faculdade de
Medicina, em Salvador BA, concluindo-a em 1915, no Rio de Janeiro.
Ainda em 1915 retorna a Maceió para exercer a medicina. Em 1919,
elegeu-se Deputado Estadual pelo Partido Republicano de Alagoas,
assumindo a Presidência da Câmara por dois anos. Em 1930, transferiu-se
para o Rio de Janeiro por desavenças políticas, e ali na Capital
exerceu a clínica médica e foi professor de Literatura Brasileira na
Universidade do Brasil. O seu consultório na Cinelândia tornou-se
famoso como centro de reunião de intelectuais e amigos. Após a queda do
Estado Novo, militou na política, elegendo-se vereador no antigo
Distrito Federal, pela UDN. Em 1944, candidatou-se sem êxito à Academia
Brasileira de Letras. Em 1952, é fundada a Sociedade Carioca de
Escritores (SOCE), da qual foi o primeiro presidente provisório.
Faleceu em 15 de novembro de 1953 após longa enfermidade.
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