quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Prefeitura de Maceió proibirá manifestações de cultos afros nas praias ???


No último dia 08 de dezembro houve um problema entre a Prefeitura de Maceió e representantes de cultos afros, porque a Prefeitura quis proibir a livre manifestação religiosa (conforme a Constituição estabelece) nas praias em oferendas à Iemanjá. Sem violência, tudo foi resolvido. O dia 08 de dezembro foi instituído o Dia de Resistência da Religiosidade Afro-brasileiro. A lei que inclui a data, 8 de dezembro, no calendário do Estado foi publicada no Diário Oficial em 13 de julho de 2012.

A escolha aconteceu devido ao Dia de Iemanjá, historicamente comemorado pelos adeptos da crença em Alagoas, e, para o professor e historiador Sávio de Almeida, vai trazer mais liberdade para a realização dos cultos. “Isso é muito bom, pois vai fortalecer a tradição, impedindo episódios como os que já vimos, onde os seguidores foram impedidos de fazer suas oferendas”, diz.

Hoje (29 de novembro) fiquei sabendo por amigos de comunidades terreiro e por pesquisadores, de que a Prefeitura de Maceió, proibirá de novo, as manifestações de cultos afro na praia no dia 08/12, com dirigismo de local e horário, além de está apoiando um evento evangélico (que poderia ser feito em qualquer dia do ano) em plena Praça Multieventos. O Dia 08 de dezembro sempre foi um dia de paz e tolerância religiosa. Respeito a todas as religiões e culturas faz parte da democracia. A intolerância e revanchismo de alguns evangélicos (alguns!) tem que acabar e não ser incentivada pela administração pública de Maceió.

Infelizmente não conseguimos contato com ninguém na SMCCU para falar a respeito.

Dia de Resistência da Religiosidade Afro-brasileiro

Já o vice-reitor da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), Clébio Araújo, ressalta a importância da lei na luta contra o preconceito. “O ganho é, antes de tudo, simbólico, pois as pessoas poderão ser reeducadas para perceber que a sociedade tem também outras referências, que não só a católica de origem europeia. Tem um sentido educativo, de mudança de olhares”, expõe.

Ele acrescenta ainda a relevância histórica de estabelecer o Dia de Iemanjá como Dia de Resistência da Religiosidade Afro-brasileiro, principalmente no centenário do Quebra. Na opinião do professor, a data, assim como o pedido de perdão do Governo pelos atos de vandalismo ocorridos em 1912 e a criação do Conselho de Igualdade Racial, mostra um novo momento.

“Essa série de acontecimentos tem sido responsável pela concretização da abertura do diálogo e da consolidação de políticas públicas para essa parcela específica da população. Todo esse comprometimento mostra que a luta pelo reconhecimento dos direitos está sendo reforçada em Alagoas”, afirma o vice-reitor da Uneal.

A opinião é compartilhada pela gerente de Promoção e Políticas Públicas de Cidadania e Direitos Humanos da Secretaria da Mulher, Monica Carvalho. “O 8 de dezembro como dia da resistência é o reconhecimento e a valorização das nossas tradições. É perceber que o País é diverso e que Alagoas inicia uma série de ações que simbolizam o respeito às comunidades”, afirmou.

Datas diferentes

De acordo com Clébio Araújo, o Dia de Iemanjá pode ser celebrado em diversas datas, dependendo do Estado e da crença dos religiosos. Ele destaca que o 2 de fevereiro, quando também acontecem celebrações em diversos locais do Brasil, é considerado o Dia dos Deuses das Águas, mas que, em Alagoas, os maiores festejos acontecem mesmo em dezembro.

“Isso varia de acordo com a vertente da religião. A matriz nagô, da qual faz parte a maioria dos adeptos do território alagoano, utiliza o 8 de dezembro como data maior para as comemorações. No sincretismo, é o dia de Nossa Senhora da Conceição, mas, para a matriz nagô, não há relação. Esse sincretismo é mais forte na umbanda”, explica ele.

Xangô Rezado baixo? De novo?

O quebra de 1912 foi um movimento que culminou com a destruição das casas de culto afro em Maceió em na noite de 01 para 02 de fevereiro, e que foi insuflado pela Liga dos Republicanos Combatentes – uma entidade civil com força suficiente para instigar e mesmo levar a cabo atos ilegais como invasão a casas oficiais, tiroteios, intimidações. O contexto político da época precisa ser levado em conta, quando a oposição, liderada por Fernandes Lima, tenta derrubar do poder a bem estabelecida e consolidada Oligarquia Malta.

Euclides Malta, representante máximo da situação, era abertamente associado, pelos oposicionistas, aos cultos africanos e a seus representantes. É um fato que Euclides Malta mantinha boa convivência com os pais e mães de santo, como, aliás, é prática dos políticos em todo o País.

Em 2012, a Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) realizou o projeto Xangô Rezado Alto celebrando a memória deste episódio e pregando a tolerância e mostrando a riqueza cultural das comunidades terreiros de Maceió e de Alagoas.

Um dos pontos altos do evento foi a assinatura do pedido oficial de perdão feito pelo Governo de Alagoas, às comunidades do axé. O governador Teotonio Vilela, secretários de Estado e representantes das casas de candomblé formaram a frente de honra do evento, e em seu discurso, Teotonio saudou os alagoanos de todas as matrizes culturais, e afirmou que o momento era para reconhecer os horrores praticados contra estas religiões afros há exatos 100 anos.

“Naquele momento, o Estado falhou em garantir os mais básicos direitos aos seus cidadãos, como a liberdade de culto. Neste episódio, a primeira a sofrer foi Tia Marcelina, idosa, vítima de um golpe de sabre na cabeça. Com o Quebra, nossa própria identidade perdeu parte de seu brilho, das práticas culturais, dos celeiros de cidadania e vida comunitária que os terreiros representam. O Quebra nos empobreceu culturalmente. Muito me orgulha, na condição de governador do Estado, junto com a UNEAL, passar a limpo a história. Este ato de violência trouxe inquestionável prejuízo para toda o povo alagoano, em nome do qual peço perdão neste momento. Precisamos revisitar a história para não repetir erros históricos, rumo a uma sociedade realmente democrática, igualitária e inclusiva. Perdoar, mas nunca esquecer”, disse o governador.

Em 2013, a UNEAL deverá realizar a segunda edição do projeto, que foi sucesso nacional e respeitado pela sua riqueza cultural.

Por isso que é inadmissível a atitude proibitiva da Prefeitura de Maceió, demonstrando-se de novo, intolerante lembrando a infeliz incursão preconceituosa de 1912, pois Alagoas não admite mais um outro "Quebra de Xangô" ou "Xangô rezado baixo". 

Fonte: 

2 comentários:

Anônimo disse...

Esse porco prefeito de Maceió não engana. Em seu primeiro mandato como vereador foi uma lástima. Como deputado um covarde. Como prefeito lambeu as botas do joão lira e o povo de maceio se lasqou. Preferiu a orla marítima para receber dinheiro dos construtores para se reelejer. E um safado e hipócrita e o que é pior o povo lascado acredita nele porque o fio da peste tem um programa no rádio para enganar.

Anselmo Lúgubre

Anônimo disse...

Desgraçado e cachorro são termos que encaixam direitinho nesse pilantra. Hoje está rico as custas do povo de Maceió. Além de tudo é discriminador e rascista.

Débora Fran