segunda-feira, 18 de julho de 2011

A economia paralela no Brasil

“Não podemos mais tolerar ralos que sugam R$ 663 bilhões”

*por José Renan Vasconcelos Calheiros

Os números da economia paralela no Brasil, divulgados no final de junho, continuam a causar muitas surpresas. Os dados são extremamente preocupantes e recomendam providências imediatas do governo federal e, particularmente, da equipe econômica.
         A economia subterrânea ou informal, que compreende toda a produção de bens e serviços não informados ao governo, movimentou um total de R$ 663 bilhões em 2010. Isso equivale a nada mais, nada menos do que 18,3% de todo o PIB nacional. Quase 20% de tudo que é produzido no Brasil está nesta economia paralela.
         O Índice de Economia Subterrânea divulgado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial foi calculado pela Fundação Getúlio Vargas. O percentual é quase coincidente com o que foi verificado em 2009 e 2008. Em 2009 o índice foi de 18,5% e, em 2008, de 18,7%.
         E o mais preocupante é que os especialistas envolvidos nestas pesquisas acreditam que este ano a tendência é de prosseguirmos muito próximos aos índices de 2010. Para o Brasil, o único alento deste estudo é que a economia paralela está crescendo menos que a economia formal.
         Para reduzir de maneira expressiva esta estatística precisamos eliminar os principais fatores que estimulam a economia informal, como, por exemplo, a pesada carga tributária brasileiros e os altos custos para contratação de mão de obra.
         A economia em expansão estimula a formalização, uma vez que todas as políticas públicas como as linhas de crédito para empresas e pessoas físicas, entre tantas outras, implicam em formalização dos pretendentes.
         Estes índices da economia paralela impõem a todos nós, Legislativo, Executivo e até o Judiciário, uma profunda reflexão sobre seus motivos e ações que deveriam adotar para evitar esta verdadeira sangria de recursos que poderiam estar sendo revertidos em segurança pública, mais saúde, melhores escolas e estradas.
         Se desejamos, efetivamente, nos tornarmos uma nação do primeiro mundo, não podemos mais tolerar ralos que sugam R$ 663 bilhões gerados à margem da economia formal. É preciso que o governo crie uma força tarefa para identificar as causas e apontar as soluções o mais rápido possível. Nós do PMDB estamos à disposição para participarmos desta iniciativa e apresentarmos aqui no Congresso as propostas legislativas que contornem este problema.
         O programa do micro-empreendedor individual, que já tem 1 milhão de adeptos, é um importante passo, mas penso que deveríamos analisar outras alternativas para superarmos este problema.
*Senador e líder da bancada do PMDB no Senado Federal

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