MST ocupa fazenda ligada a
Temer em São Paulo
Com a ocupação, os manifestantes denunciam as conspirações golpistas de
Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade.
Na manhã de hoje, mil famílias organizadas pelo Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam a fazenda Esmeralda, com sede em
Duartina, interior de São Paulo, a fazenda é ligada ao vice-presidente Michel
Temer (PMDB).
O objetivo da ocupação é denunciar as conspirações
golpistas de Temer, muitas vezes articuladas de dentro da propriedade. Coma a
ação, os Sem Terra também recolocam a pauta da Reforma Agrária em todo
país.
A fazenda tem cerca de 1500 hectares, fica entre os municípios de
Duartina, Fernão, Gália e Lucianópolis. Apesar de não constarem registros
documentais em nome de Temer, é recorrente para os moradores da cidade a noção
de quem é o verdadeiro dono da área.
Temer é cunhado com a expressão “o homem está aí!”, sempre que
chega na fazenda para participar de articulações regionais e nacionais do PMDB.
Os manifestantes denunciam também o cultivo eucalipto na
propriedade, chamado de “deserto verde” pela sua atuação maléfica ao solo.
Além dos prejuízos ambientais, o agronegócio praticado ali já foi
denunciado pelo Ministério Público do Trabalho como forma de agressão aos
direitos trabalhistas, quando foram realizadas na área diligências que
identificaram trabalho em condições análogas à escravidão.
“A ocupação dessa fazenda é para denunciar a intervenção do
agronegócio na articulação do golpe. Estamos aqui para denunciar as ligações
escusas de Michel Temer com o proprietário da fazenda e sua empresa de fachada
para arregimentar propina, informa Kelli Mafort, da Direção Nacional do
MST.
Denúncias
A Argeplan, empresa do proprietário formal da fazenda, Coronel
“Lima”, começou a crescer após a chegada de Temer no alto escalão do governo.
Num contrato de R$ 162 milhões com a empresa Engevix, cujo
proprietário José Antunes foi preso na operação Lava Jato, foi revelada (em
delação premiada pelo próprio Antunes) a passagem de propina no valor de R$ 1
milhão para o PMDB de Temer.
Apesar de ter mais de 1500 hectares, em uma situação análoga ao
“sítio de Atibaia” - factoide criado pela mídia -, remetido ao
ex-presidente Luiz Inácio 'Lula' da Silva, a fazenda Esmeralda no interior de
São Paulo nunca teve a mesma cobertura de sua real posse pelo pemedebista
Michel Temer.
Além de sediar atividades regionais do PMDB, a propriedade funcionou
como QG das articulações golpistas do Vice, que esteve no local no último dia
1º de maio.
Amigo de torturador
Além de golpista, os manifestantes relembram que Temer era
amigo pessoal do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, conhecido torturador
nos porões do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações
de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão que chefiou durante a ditadura.
No processo de acusação de Ustra, Temer foi sua testemunha de
defesa, juntamente com outros dois nomes conhecidos pelo envolvimento em
corrupção: Paulo Maluf e José Maria Marin.
“O coronel laranja”
João Batista Lima Filho, o Coronel Lima, sócio da Argeplan e
proprietário formal da fazenda Esmeralda, é coronel da reserva da Polícia
Militar da Paraíba, mas curiosamente é proprietário de milhares de hectares de
terras em São Paulo. Segundo denunciam os militantes do MST, ele é o “homem do
trabalho sujo” entre as empresas e os políticos do PMDB.
Segundo constam nas informações do MST, o Coronel Lima, sendo homem
de extrema confiança de Michel Temer (como já veiculado em matéria da revista
Época de 21 de abril de 2016), era o responsável pela logística da propina,
seja na coação de empresas, no transporte de propinas ou na pressão e ameaças a
testemunhas.
Mais irregularidades
Dentro da fazenda está localizada a antiga estação de trem
Esmeralda, que foi desativada, mas, diferente das demais estações no estado de
São Paulo, não pode ser acessada nem pelos órgãos responsáveis do patrimônio
público. “A faixa de terra da estação é pública e não poderia ser apropriada de
forma privada como está sendo. Isso tem nome: para nós é ‘grilagem’!”, adverte
Mafort.
As famílias já começaram a erguer seus barracos de lona na fazenda e iniciam o cotidiano da ocupação, com trabalho coletivo, montagem das cozinhas, a ciranda infantil e com a criação da mística do novo acampamento.
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