15 OU 31 MARÇO? DOS FASCISTAS DE ONTEM E DE HOJE Paulão
Foto: Gustavo Bezerra
A proximidade das manifestações
convocadas pelo autoproclamado pomposamente Movimento Brasil Livre- MBL acirrou
tremendamente nas redes sociais e nos meios de comunicação de massa a presença
dos seus incautos integrantes, bradando os mais fantasmagóricos e delirantes
subterfúgios, na tentativa de arregimentar séquitos para as suas sanhas
golpistas.
Os argumentos trazidos a lume aos
borbotões estão eivados pela velha estratégia da disseminação do ódio da
abastada, inculta, impiedosa e obscura elite brasileira. A estratégia da
indispensabilidade do ódio na política da elite brasileira, requentada pelo tal
MBL (versão moderna da TFP - Tradição Família e Propriedade dos anos 60),
remonta os idos do Brasil Imperial, como notavelmente registra o clássico
“Conciliação e Reforma no Brasil”, do renomado historiador José Honório
Rodrigues. Transcrevemos:
“Os liberais no império, derrotados
nas urnas e afastados do poder, foram se tornando além de indignados,
intolerantes; construíram uma concepção conspiratória da história que
considerava indispensável à intervenção do ódio, da intriga, da impiedade, do
ressentimento, da intolerância, da intransigência, da indignação para o sucesso
inesperado e imprevisto de suas forças minoritárias”.
É evidente e mal dissimulada a
essência fascista de tal movimento. Nas falas e nas manifestações são presentes
e são recorrentes os elementos fascistas da demonização da política, do culto
da ação pela ação, do descrédito nos partidos políticos e nas instituições
democráticas de Estado, no desprezo à atividade e à reflexão intelectual, na
ojeriza aos pobres, na xenofobia, no machismo, na homofobia, no racismo, na
inveja e no medo do inimigo.
O genial Humberto Eco discorreu sobre
esse fascismo eterno: “tais características não podem ser enquadradas em um
sistema, muitos se contradizem uns aos outros, e são típicos de outras formas
de despotismo ou fanatismo, mas basta que uma delas esteja presente para fazer
coagular uma nuvem fascista”.
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