Em manifesto, diretórios regionais saem em defesa do
PT
O texto, construído ontem, (30), propõe “promover um reencontro com o PT dos anos 80″, quando o partido foi construído com vocação democrática e transformação da sociedade
Os representantes regionais do PT aprovaram, durante a reunião, nesta segunda-feira (30), o Manifesto dos Diretórios Regionais em defesa do partido. No texto, o partido reforça a importância do 5º Congresso Nacional do PT para o fortalecimento da sigla.
“Ao
nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá promover um reencontro
com o PT dos anos 80, quando nos constituímos um partido com vocação
democrática e transformação da sociedade”, diz o documento.
O
manifesto propõe 10 iniciativas, entre elas desencadear um amplo processo
de debates; a defesa do legado do político e administrativo do partido e
do governo Dilma; apoiar o aprofundamento da reforma agrária; apoiar
iniciativas para intensificar investimentos nas grandes e médias cidades;
buscar novas fontes de financiamento e fortalecimento do SUS; apoiar uma
reforma educacional; combater a corrupção; e lutar pela integração política,
econômica e cultural dos povos da América.
“O
momento não é de pessimismo, é de reavivar as esperanças. A hora não é de
recuo, é de avançar com coragem e determinação”, reforça o manifesto.
Leia
a íntegra do manifesto:
“Manifesto dos DRs
Nunca como antes, porém, a ofensiva de agora é uma
campanha de cerco e aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso
acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive, criminalizar o PT —
quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais.
Condenam-nos não por nossos erros, que certamente
ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguemnos pelas
nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da
miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos
tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas
universidades.
Não toleram que, pela quarta vez consecutiva, nosso
projeto de País tenha sido vitorioso nas urnas. Primeiro com um operário,
rompendo um preconceito ideológico secular; em seguida, com uma mulher, que
jogou sua vida contra a ditadura para devolver a democracia ao Brasil.
Maus perdedores no jogo democrático, tentam agora
reverter, sem eleições, o resultado eleitoral. Em função dos escândalos da
Petrobrás, denunciados e investigados sob nosso governo -– algo que não ocorria
em governos anteriores –, querem fazer do PT bode expiatório da corrupção
nacional e de dificuldades passageiras da economia, em um contexto adverso de
crise mundial prolongada.
Como já reiteramos em outras ocasiões, somos a
favor de investigar os fatos com o maior rigor e de punir corruptos e
corruptores, nos marcos do Estado Democrático de Direito. E, caso qualquer
filiado do PT seja condenado em virtude de eventuais falcatruas, será excluído
de nossas fileiras.
O PT precisa identificar melhor e enfrentar a maré
conservadora em marcha. Combater, com argumentos e mobilização, a direita e a
extrema-direita minoritárias que buscam converter-se em maioria todas as vezes
que as 2 mudanças aparecem no horizonte. Para isso, para sair da defensiva e
retomar a iniciativa política, devemos assumir responsabilidades e corrigir
rumos. Com transparência e coragem. Com a retomada de valores de nossas
origens, entre as quais a ideia fundadora da construção de uma nova sociedade.
Ao nosso 5º Congresso, já em andamento, caberá
promover um reencontro com o PT dos anos 80, quando nos constituímos num
partido com vocação democrática e transformação da sociedade – e não num
partido do “melhorismo”. Quando lutávamos por formas de democracia
participativa no Brasil, cuja ausência, entre nós também, é causa direta de
alguns desvios que abalaram a confiança no PT.
Nosso 5º Congresso, cuja primeira etapa será
aberta, a fim de recolher contribuições, críticas e novas energias de fora,
deverá sacudir o PT. A fim de que retome sua radicalidade política, seu caráter
plural e não- dogmático. Para que desmanche a teia burocrática que imobiliza
direções em todos os níveis e nos acomoda ao status quo.
O PT não pode encerrar-se em si mesmo, numa rigidez
conservadora que dificulta o acolhimento de novos filiados, ou de novos
apoiadores que não necessariamente aderem às atuais formas de organização
partidária.
Queremos um partido que pratique a política no
quotidiano, presente na vida do povo, de suas agruras e vicissitudes, e não
somente que sai a campo a cada dois anos, quando se realizam as eleições.
Um PT sintonizado com nosso histórico Manifesto de
Fundação, para quem a política deve ser “ atividade própria das massas, que
desejam participar, legal e legitimamente, de todas as decisões da sociedade”.
Por isso, “o PT deve atuar não apenas no momento
das eleições, mas, principalmente, no dia-a-dia de todos os trabalhadores, pois
só assim será possível construir uma 3 nova forma de democracia, cujas raízes
estejam nas organizações de base da sociedade e cujas decisões sejam tomadas
pelas maiorias”.
Tal retomada partidária há de ser conduzida pela
política e não pela via administrativa. Ela impõe mudanças organizativas,
formativas, de atitudes e culturais, necessárias para reatar com movimentos
sociais, juventude, intelectuais, organizações da sociedade – todos
inicialmente representados em nossas instâncias e hoje alheios, indiferentes
ou, até, hostis em virtude de alguns erros políticos cometidos nesta trajetória
de quase 35 anos.
Dar mais organicidade ao PT, maior consistência
política e ideológica às direções e militantes de base, afastar um pragmatismo
pernicioso, reforçar os valores da ética na política, não dar trégua ao
“cretinismo” parlamentar – tudo isso é condição para atingir nossos objetivos
intermediários e estratégicos.
Em concordância com este manifesto, nós,
presidentes de Diretórios Regionais de 27 Estados, propomos:
1. Desencadear um amplo processo de debates,
agitação e mobilização em defesa do PT e de nossas bandeiras históricas;
2. Defesa do nosso legado político-administrativo e
do governo Dilma;
3. Participar e ajudar a articular uma ampla frente
de partidos e setores partidários progressistas, centrais sindicais, movimentos
sociais da cidade e do campo, unificados em torno de uma plataforma de
mudanças, que tenha no cerne a ampliação dos direitos dos trabalhadores, da
reforma política, da democratização da mídia e da reforma tributária;
4. Apoiar o aprofundamento da reforma agrária e do
apoio à agricultura familiar;
5. Orientar nossa Bancada a votar o imposto sobre
grandes fortunas e o projeto de direito de resposta do senador Roberto Requião,
ambos em tramitação na Câmara dos Deputados;
6. Apoiar iniciativas para intensificar
investimentos nas grandes e médias cidades, a fim de melhorar as condições de
saneamento, habitação e mobilidade urbana;
7. Buscar novas fontes de financiamento para dar
continuidade e fortalecimento ao Sistema Único de Saúde;
8. Apoiar uma reforma educacional que corresponda
aos objetivos de transformar o Brasil numa verdadeira Pátria Educadora;
9. Levar o combate à corrupção a todos os partidos,
a todos os Estados e Municípios da Federação, bem como aos setores privados da
economia;
10. Lutar pela integração política, econômica e
cultural dos povos da América, por um mundo multipolar e pela paz mundial. O
momento não é de pessimismo; é de reavivar as esperanças. A hora não é de
recuo; é de avançar com coragem e determinação. O ódio de classe não nos
impedirá de continuar amando o Brasil e de continuar mudando junto com nosso
povo. Esta é a nossa tarefa, a nossa missão. É só querer e, amanhã, assim será!
São Paulo, 30 de março de 2015″
Da Redação da
Agência PT de Notícias
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