Dirceu esclarece caráter público e legalidade de suas viagens de trabalho
ao exterior
O
jornalista Fausto Macedo publicou em seu blog no jornal O Estado de S.Paulo
reportagem sob o título “Passaporte de Dirceu revela viagens a paraíso fiscal”.
O blogueiro publicou a notícia, ontem, inicialmente sem os esclarecimentos do
ex-ministro, prestados através de sua assessoria. Eles foram enviados ontem
mesmo, mas só foram acrescentados à notícia depois numa atualização da
reportagem.
Ainda
assim, o blogueiro divulgou apenas parcialmente os esclarecimentos prestados
pelo ex-ministro via assessoria. E mantém a versão de que Dirceu abriu uma
filial de sua empresa, a JDA Consultoria, para operar no Panamá, o que não
ocorreu. “O pedido de abertura de filial sequer chegou a ser registrado naquele
país, sendo revogado, por decisão da própria empresa, que seguiu todos os
trâmites da legislação brasileira”, diz a nota da assessoria encaminhada ao
blogueiro. “Destacar o Panamá apenas como “paraíso fiscal”, colocando em
suspeição a licitude das viagens do ex-ministro, leva a uma leitura enviesada
da atuação da JD no mercado externo”, completa a nota.
Com
relação ao Panamá, a assessoria do ex-ministro esclarece que ele esteve no país
diversas vezes, sendo recebido por Martin Torrijos quando presidente da
República e, depois, já como ex-presidente. Dirceu foi recebido, também, pelo
ministro de Relações Exteriores Samuel Lewis e por Nils Castro, um veterano
companheiro de lutas contra as ditaduras e que na ocasião era assessor especial
da Presidência da República panamenha.
Dirceu
voltou várias vezes ao Panamá, inclusive na companhia do presidente Lula,
quando foram recebidos pelo novo presidente Ricardo Martinelli (sucessor de
Torrijos), participando de atividades e inaugurações de obras construídas por
empresas brasileiras. O trabalho do ex-ministro consistiu em lutar pela atuação
de empresas brasileiras naquele país, inclusive em reformas no Canal do Panamá
e em obras de infraestrutura. Todas as visitas de Dirceu e as atividades nela
desenvolvidas foram públicas.
Leiam
a íntegra da nota encaminhada ao jornalista Fausto Macedo:
“A JD Assessoria e Consultoria ressalta que o ex-executivo da
Engevix, Gerson Almada, confirmou em seu depoimento que nunca conversou sobre
Petrobras com o ex-ministro e que Dirceu nunca fez pedido à empresa para
doações eleitorais. Almada também afirmou à Justiça que o contrato com a JD
teve o objetivo de prospecção de negócios no exterior, sobretudo Peru e Cuba.
De 2006 a 2013, o ex-ministro José Dirceu fez cerca de 120 viagens
ao exterior a trabalho, percorrendo cerca de 30 países – com frequentes viagens
a Portugal, Venezuela, Estados Unidos, Peru, Panamá e República Dominicana.
Destacar apenas o Panamá como “paraíso fiscal”, colocando em suspeição a
licitude das viagens do ex-ministro, leva a uma leitura enviesada da atuação da
JD no mercado externo.
A JD também reitera, conforme já informou em mais de uma
oportunidade o jornal O Estado de S. Paulo, que nunca estruturou qualquer
operação no Panamá. O pedido de abertura de filial sequer chegou a ser
registrado naquele país, sendo revogado, por decisão da própria empresa, que
seguiu todos os trâmites da legislação brasileira.
ENGEVIX NO PERU
No depoimento dado à Justiça do Paraná na última terça-feira, o
executivo Gerson Almada, da Engevix, detalhou a relação com o ministro José
Dirceu, desmentindo a ligação da JD com contratos da Petrobras.
“Ele (Dirceu) se colocou à disposição para fazer um trabalho junto
à Engevix no exterior, basicamente voltando a vendas da empresa em toda a
América Latina, Cuba e África, que é onde ele mantinha um capital humano de relacionamento
muito forte”, disse o empresário. O ex-executivo da Engevix afirmou à Justiça
que se reuniu com José Dirceu somente depois que o ex-ministro deixou o
governo.
“Foi num hotel e, depois, tive duas reuniões no escritório do
ministro José Dirceu e ali combinamos uma atuação voltada principalmente para o
Peru e Cuba. Fizemos uma viagem para o Peru com o José Dirceu, onde ele tinha
um excelente relacionamento. É o que a gente chama de open door, (Dirceu) fala
com todo mundo, bota você nas melhores coisas, mas não resolve o close door. A
gente tem que fechar contratos. Ele nos colocava em contato com vários tipos de
relacionamentos.”
No período da prestação de serviços da JD Consultoria, a
construtora atuou em estudos para construção de hidrelétrica, projetos de
irrigação e linhas ferroviárias no Peru.
Durante a vigência do contrato, o ex-ministro José Dirceu fez
viagens a Lima, no Peru, para tratar de interesses da Engevix – fato também
confirmado pelo empresário Gerson Almada. Também fez diversas reuniões, aqui no
Brasil, com executivos da companhia.”
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