Postado em 09 fev 2015
Embora o senhor não saiba quem sou,
conheço-o há muitos anos, desde que era editor da revista Exame.
O senhor não é exatamente o modelo de
homem que admiro, mas sempre respeitei sua capacidade de enxergar oportunidades
de investimentos e aproveitá-las para si mesmo e, também, para os investidores
que lhe confiam seu dinheiro.
Não foi à toa que mereceu o título de
Guru dos Mercados Emergentes e, se lembro, uma ou duas capas da Exame de meus
tempos.
A razão desta carta que endereço ao
senhor não é pedir conselhos financeiros. É algo mais prosaico.
Gostaria que o senhor trocasse umas
palavras com os jornalistas que cobrem economia no Brasil.
Eles estão histéricos, e o senhor com
certeza poderia acalmá-los com sua visão fundamentada sobre o Brasil – não a
visão de quem mexe apenas com palavras, como os jornalistas, mas de quem
arrisca bilhões de dólares em decisões de investimento.
Vi que o
senhor falou hoje com jornalistas do Brasil
numa passagem pelo país, mas não encontrei na entrevista o nome daqueles a quem
me refiro: Míriam Leitão e Carlos Sardenberg, da Globo.
Percebi que o senhor está otimista com
o Brasil. Acha que o PIB crescerá pouco em 2015, mas que não se surpreenderá se
em 2016 a economia avançar 3% ou 4%.
Vi também que o senhor enxergou um lado
positivo no caso Petrobras. Nunca as estatais brasileiras brilharam exatamente
por sua governança, o senhor lembrou.
Nem agora e, ao contrário do que alguns
tentam fazer os outros acreditarem, nem no passado de FHC.
O senhor também ponderou que corrupção
em grandes empresas não é exatamente uma coisa nova na história da humanidade.
Aqui mesmo no Brasil temos o exemplo da
Siemens dos retíssimos alemães com suas propinas no metrô de São Paulo. E hoje
mesmo um escândalo planetário sacode um banco dos finíssimos britânicos, o
HSBC.
Um dos delatores da Petrobras disse que
fazia negociatas desde 1996, quando o presidente era FHC.
A diferença é que agora a corrupção na
Petrobras está sendo investigada.
Caro senhor Mobius: citei,
especificamente, dois jornalistas da área econômica. Mas, se o senhor não se
importar, gostaria de acrescentar, para a conversa, alguns outros que cobrem
política.
Eles parecem alucinados. Onde o senhor
vê oportunidades, eles enxergam o apocalipse. E tentam fazer que os demais
brasileiros também enxerguem.
Vou citar alguns aleatoriamente.
Merval. Jabor. Sheherazade. Kamel. Bonner.
Se não for demais, incluiria um músico
no grupo. Lobão. E um candidato a comediante: Danilo Gentili.
Ia sugerir que falasse também com
alguns políticos. Aécio Neves, por exemplo. FHC, também. Serra não porque é
capaz de querer dar lições ao senhor.
Tinha pensado em agregar um ou outro
jornalista da Veja, mas pensei melhor e entendi que este é um caso perdido.
Torço para que o senhor, que já ganhou
tanto dinheiro com o Brasil e continuará ganhando, atenda este meu pedido.
O que está em jogo é a sanidade
nacional. Ou, pelo menos, a sanidade das pessoas – vítimas — alcançadas por um
pequeno grupo que parece achar que o Brasil é o pior país do mundo.
Grato pela atenção e boa viagem de
volta aos Estados Unidos.
Paulo Nogueira, editor do DCM
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