Nunca vamos ter vergonha de ser PT', diz Lula
Às vésperas das manifestações
favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (14) que a militância petista
não tenha vergonha de ser filiada ao PT.
Em evento de contraponto aos protestos de
domingo (16), promovido em Brasília, o ex-presidente petista ressaltou que
mesmo aqueles que não suportam ou odeiam o partido não conseguirão apagar as
conquistas dos últimos treze anos, período em que o PT esteve à frente do
Palácio do Planalto.
Ueslei Marcelino/Reuters

Às vésperas das manifestações
favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (14) que a militância petista
não tenha vergonha de ser filiada ao PT.
Em evento de contraponto aos protestos de
domingo (16), promovido em Brasília, o ex-presidente petista ressaltou que
mesmo aqueles que não suportam ou odeiam o partido não conseguirão apagar as
conquistas dos últimos treze anos, período em que o PT esteve à frente do
Palácio do Planalto.
Ueslei Marcelino/Reuters
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'Resolvi nesse ato fazer uma
homenagem ao PT para as pessoas perceberem que nós nunca vamos ter vergonha
de sermos do partido', disse ele
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"Eu vim de São Paulo para cá com uma camisa
preta. E resolvi nesse ato fazer uma homenagem ao PT para as pessoas perceberem
que nós nunca vamos ter vergonha de sermos do PT", afirmou ao iniciar seu
discurso a uma plateia de militantes e simpatizantes do partido.
Segundo ele, protestos fazem parte do jogo
democrático, desde que não sejam intolerantes "a ponto de não saber
conviver com os contrários". O petista lembrou que, por seu histórico como
líder metalúrgico, é o "único cara do mundo" que não pode reclamar de
manifestações.
"Eu fiz protesto a vida inteira. Então, acho
que protestar democraticamente faz parte do jogo político. Agora, o que não dá
é ser intolerante a ponto de não saber conviver com os contrários. A democracia
não é um pacto de silêncio. A democracia é a sociedade em movimento em busca de
novas conquistas", disse.
O petista participou da abertura do chamado
"Ato Nacional pela Educação", organizado pela cúpula nacional do PT.
Em resolução, aprovada no início do mês, o partido convocou a militância
petistas a participar do evento como uma forma de enfrentar a "onda
conservadora".
Em discurso de quase uma hora, Lula também saiu em
defesa do presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, que, em evento na
quinta-feira (13), disse que os trabalhadores "poderiam sair com arma na
mão" para as ruas em defesa do mandato da presidente.
"Ele cometeu uma frase que certamente não
queria cometer. Eu queria dizer para o Vagner:
'Esse Plano Nacional de Educação é a grande arma
que a CUT tem que usar para mudar o país'", disse.
Além de elencar conquistas do partido na área da educação,
na presença do ministro Renato Janine Ribeiro (Educação), o petista fez
provocações ao governo do seu antecessor no Palácio do Planalto, Fernando
Henrique Cardoso (PSDB).
"Este país não nasceu para ser atrasado em
educação. Atrasada neste país foi a elite que governou até outro dia, que não
se preocupava em garantir escola de qualidade para todos", criticou.
"É por isso que conseguimos colocar em menos de treze anos [de governo]
mais estudante na universidade do que a elite brasileira colocou em um século.
Aí está um pouco da explicação do que eles têm contra nós", acrescentou.
O petista reconheceu o cenário de crise econômica e
o corte de verbas para gastos do governo na área educacional, que carrega o
lema do governo federal no segundo mandato da presidente. Ele, no entanto,
adotou postura otimista.
"Pode ficar certo, Janine, que vai sair
dinheiro para a educação. Vai haver muito dinheiro", disse.
"DEMOCRACIDAS"
A crítica diante de movimentos por eventual
impeachment da presidente foi lembrada no discurso de políticos e convidados ao
evento.
Para o governador do Acre, Tião Vianna, "o
povo brasileiro é mais forte dos que os golpistas".
"O Lula nos chamou para participar de um
evento em que abraçamos e refletimos sobre a educação. Outros que não entendem
um bem civilizatório que é a democracia, chamam pessoas para planejarem golpe.
Essa é a diferença do que Lula quer do Brasil e do que quer quem está do lado
de lá, contra a democracia", disse.
Segundo o governador do Piauí, Wellington Dias,
aqueles que defendem o afastamento da petista não querem derrotar apenas um
partido, mas "um projeto de Brasil para todos".
Ele defendeu a necessidade do governo federal unir forças com diferentes movimentos sociais e partidos políticos.
Ele defendeu a necessidade do governo federal unir forças com diferentes movimentos sociais e partidos políticos.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou
que o partido "nunca baixou a cabeça" e lembrou medidas adotadas pelo
governo petista, como ampliação de vagas nas universidades federais e reserva
de vagas para estudantes de escolas públicas.
O petista ainda alfinetou o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, ao lembrar que o tucano vetou percentual de gasto do PIB
(Produto Interno Bruto) para educação.
"Quando os tucanos governavam, o Congresso
aprovou 7% do PIB para a educação e o presidente à época vetou. Quando nós
governamos, nós não aprovamos 7%, aprovamos 10%, e nós sancionamos o
plano."
Em discurso, o filósofo e escritor Mário Sérgio
Cortella citou o educador Paulo Freire sobre ter cautela com os
"democracidas".
" [O democracida] É aquele que divergindo de
nós não admite que nós existamos porque deles divergimos. Nessa hora, a
democracia e a educação andam de braço dado", disse.
No início do evento, a plateia que carregava
bandeiras e vestia camisetas do PT puxou gritos em apoio à presidente.
"Não vai ter golpe", diziam.
Do lado de fora do local, no entanto, cerca de 80
pessoas protestavam por mais recursos para a educação. A reclamação partia de
técnicos-administrativos e professores universitários de instituições federais,
em greve há pouco menos de três meses.
"Negocia Janine!", gritavam os
manifestantes para o ministro da Educação, um dos presentes no evento.
Do lado de dentro, boa parte da plateia era
composta por entidades em busca de reforma agrária. Integrante do MATR
(Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural), Francisco Cavalcante, 60, saiu de
Planaltina (DF) com outras 60 famílias para ouvir a fala do ex-presidente Lula.
"[O PT] deu uma caída, mas isso é relativo. O
companheiro Lula vai dar uma explicação", afirmou ele, filiado à legenda.
Natural da Paraíba, ele defende o retorno do
ex-presidente ao comando do Executivo. "Ele fez muito pelo Nordeste:
ninguém tinha acesso à água, só de cacimba. Tinha gente que nunca tinha visto
luz e ele colocou no meio da caatinga."
Diante do cenário de crise política e econômica, o
ex-presidente tem defendido maior destaque ao tema da educação, em especial do
PNE (Plano Nacional de Educação), sancionado no ano passado.
"Essa discussão é um bálsamo no meio desse
deserto, dessa aridez das discussões no país", afirmou o ex-deputado
federal Angelo Vanhoni, relator do projeto que deu origem ao plano.
Postado por Helio Borba no BLOG APOSENTADO INVOCADO.
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