Prova
contra Lula é não haver prova contra ele
A cada nova acusação da Lava Jato contra Lula, mais o caso dele se
assemelha a O Processo (no original, em alemão, Der Prozess), romance do
escritor tcheco Franz Kafka que conta a história de Josef K., que, certa manhã,
descobre-se processado e passa a ser submetido a um longo e incompreensível
processo por um crime não especificado.
No caso de Lula, porém, o Processo é ainda mais bizarro, surreal.
Divulgam recompensas que ele teria recebido por crimes não especificados. Não
por acaso, muitos dizem que está sendo condenado por ter recebido um
apartamento “tríplex” e um “sítio” como propina.
Ninguém sabe dizer em troca de que essa “propina” lhe foi paga,
até porque, à época do alegado recebimento, nem tinha mais cargo público
(Presidência do país).
Já estava pronta a capa da revista Veja deste fim de semana quando
o ex-diretor da OAS Leo Pinheiro acusou o ex-presidente no Jornal Nacional.
Segundo a revista, para Lula, “acabou”.
Essa percepção dos inimigos de Lula se deve ao fato de que o
ex-diretor da OAS acusou o ex-presidente do tipo de ação que vem justificando
prisões extemporâneas de acusados pela Lava Jato. Ou seja, atrapalhar
investigações.
Lula teria mandado Leo Pinheiro destruir provas, segundo Leo
Pinheiro.
Ocorre que o ex-executivo da OAS foi condenado a mais de duas
décadas de prisão, ou seja, à pena de morte, porque é um sexagenário que
morreria na cadeia, se fosse condenado a pena como essa.
Pinheiro inocentara Lula em outras oportunidades, desde que foi
preso. Em 1º de junho de 2016, um jornaleco paulista divulga matéria que dá conta de que:
“As negociações do acordo de delação de Léo Pinheiro (…) travaram
por causa do modo como o empreiteiro narrou dois episódios envolvendo o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (…) Segundo Pinheiro, as obras que a
OAS fez no apartamento tríplex do Guarujá (SP) e no sítio de Atibaia (SP) foram
uma forma de a empresa agradar a Lula, e não contrapartidas a algum benefício
que o grupo tenha recebido”
Cinco meses depois (23/11/2016), a 8.ª Turma do Tribunal Regional
Federal da 4.ª Região (TRF4) condenou o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro a 26
anos de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa
no esquema de propinas instalado na Petrobrás entre 2004 e 2014.
Na última quinta-feira, já com toda imprensa informada, Pinheiro,
tentando pela enézima vez ter sua pena anulada ou drasticamente reduzida, depôs
ao juiz Sergio Moro e acusou Lula de ser o proprietário do “tríplex” no Guarujá
e de ter pedido para que destruísse provas de que a OAS teria “pago propinas ao
PT”.
Em tese, pinheiro teria que apresentar provas, assim como qualquer
delator que acuse Lula, Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, José Serra,
Geraldo Alckmin, enfim, seja quem for. Do contrário, a acusação não valeria
nada.
Eis que Pinheiro oferece uma “prova” substituta contra Lula:
afirma que não tem provas das acusações que fez a Lula porque Lula pediu a ele
que destruísse as provas contra o PT. Desse modo, o delator acusa Lula sem
provas e o acusa de ter destruído as provas de que destruiu provas…
Está confuso, leitor?
Não entende, afinal, do que Lula é acusado?
As propinas a ele foram pagas por quê?
Qual foi a contrapartida de Lula para ganhar o tríplex?
Você que lê estas mal traçadas linhas tem toda razão de não estar
entendendo nada. Josef K., personagem de Kafka também não sabia qual era seu
crime, também se defendeu sem saber do que se defendia. Por conta disso,
processos baseados nesse tipo de estratégia condenatória abusiva são chamados
de kafkianos.
A delação de Leo Pinheiro não merece absolutamente nenhuma
credibilidade.
Até porque, contradiz o que ele dizia antes. Pinheiro mudou de
ideia após ter sido condenado a mofar na prisão até a morte. Quem de nós se
recusaria a confessar qualquer coisa para escapar a tão terrível destino?
O mais bizarro é que não se sabe que crimes Lula cometeu para ter
recebido esse tríplex como propina e o que “o PT” fez para a OAS para ter
recebido propinas cujas provas Lula teria mandado “destruir”.
O caso de Lula é diferente dos outros acusados. Todos sabem que
José Serra e Geraldo Alckmin foram delatados por terem recebido propina por
terem facilitado a vida da Odebrecht na construção do metrô de São Paulo e do
Rodoanel. Aécio é acusado de ter facilitado a vida da Odebrecht na construção
da Cidade Administrativa, sede do governo mineiro…
E Lula, o que fez?
Percebe a diferença, leitor?
É por isso que o processo falsário contra Lula é chamado de
kafkiano, porque ele é acusado de um crime que não sabe qual é.
Moro, Globo e os demais golpistas planejam prender Lula com base
na acusação absurda e sem credibilidade de Leo Pinheiro, a capa da Veja
sinaliza nessa direção, mas se pensam que o povo aceitará essa barbaridade,
estão loucos. Podem ousar, mas vão desencadear uma convulsão social que atrairá
as atenções dos quatro cantos do mundo.
* * *
No vídeo abaixo fica clara a estratégia ridiculamente evidente de
torturar um candidato a delator até que ele diga o que os torturadores querem
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