Eunício diz que colegas estão “horrorizados” após conversa com Paulo
Guedes: “Povo de rede social”
Paulo Guedes falou, Eunício
ouviu: "Prensa ninguém vai dar em mim", reagiu o senador
A certa altura da conversa, Eunício deixou a sala ao avistar a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e deixou Paulo Guedes conversando
com o atual líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).
"Então eu vi a Raquel Dodge lá na frente e saí para conversar com ela, e
ele seguiu conversando com o Fernando Bezerra, que saiu de lá
horrorizado", recorda o senador.
O Buzzfeed lembra que "o mal-estar aumentou depois da
solenidade" dos 30 anos da Constituição, quando Guedes declarou os
jornalistas, na entrada do Ministério da Fazenda, que uma "prensa"
tinha que ser dada no Senado para que a reforma da Previdência fosse logo
votada. A declaração soou, para além de pressão, como ameaça.
"Ele foi lá para a porta do Ministério da Fazenda e disse que
tem que dar uma prensa. Eu digo que aqui ninguém dá prensa. Aqui você convence,
discute, ganha, perde. Agora, prensa ninguém vai dar em mim", rebateu
Eunício.
Obsessão
Desde que foi eleito, Bolsonaro – a exemplo do próprio Paulo
Guedes e de outros próceres do novo governo, como o deputado e também futuro ministro
Onyz Lorenzoni (DEM-RS) – tem falado recorrentemente sobre a importância
que ele diz ver na aprovação da Previdência. Diante da alta rejeição da matéria
no Congresso, principalmente à primeira versão elaborada pela equipe de Temer,
o deputado do PSL passou a dizer que um texto mais palatável deveria ser
apreciado antes mesmo de sua posse, em 1º de janeiro de 2019.
Mais recentemente, noticiou-se que o trabalho de reformar a
Previdência, um mastodonte de centenas de bilhões de reais, poderia ser iniciado
antes do fim do ano por meio de alterações infraconstitucionais, que não
requerem apresentação de proposta de emenda à Constituição. No Congresso, o
clima é de ânimo zero para votar as matérias, principalmente por parte da atual
oposição (PT, PCdoB, PDT, Psol etc).
Coincidência ou não, Bolsonaro desmarcou compromissos que tinha não
só com Eunício, mas também com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O
compromisso com o senador deveria ter sido realizado ontem (sexta, 9). Com
Maia, a agenda da próxima terça-feira (13) foi cancelada, segundo a equipe de
transição de governo que o auxilia.
Repórter do "SAITE" Congresso em Foco desde 2007, atuou antes como jornalista de cultura e assessor de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), entre outras instituições. Em 2014, integrou a equipe do Broadcast Político, serviço de reportagem em tempo real do jornal O Estado de S. Paulo.
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