Cada vez mais cercado, Temer vive dia infernal
Temer, quando era vice-presidente, ao lado de Henrique Alves (à direita), que viria a ser um de seus futuros ministros (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Terça-feira, 6 de junho de 2017(um dia quente nas
costas DELE)
Logo ao amanhecer, Michel Temer ficou sabendo que prenderam mais
um dos homens de confiança do presidente, o seu ex-ministro Henrique Eduardo
Alves, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
Às quatro e meia da tarde, termina o prazo para Temer responder
às 82 perguntas que lhe foram enviadas ontem pela Polícia Federal referentes ao
inquérito aberto no STF que investiga crimes de obstrução da justiça, corrupção
passiva e formação de quadrilha.
E, às sete da noite, recomeça no Tribunal Superior Eleitoral o
julgamento da chapa Dilma-Temer que pode cassar o mandato do presidente por
abuso de poder político e econômico na campanha eleitoral de 2014.
Ao terminar de ler os jornais e os portais antes das dez da
manhã, me coloco no lugar do presidente Temer e me pergunto: por onde começar?
Cada vez mais cercado por todos os lados, rejeitado por nove em
cada dez brasileiros, com sua base de sustentação rachada, o presidente agora
se dedica apenas a fazer sua própria defesa no STF e no TSE para garantir o
foro privilegiado.
Como ele vai arrumar tempo para governar o país no ano e meio de
mandato que lhe resta? É humanamente impossível alguém conseguir trabalhar
nestas condições.
Como votar as reformas, controlar o câmbio e os juros, combater
a inflação e, ao mesmo tempo, retomar o crescimento para gerar os empregos que
14 milhões de trabalhadores perderam?
Só de uma coisa tenho certeza: eu não gostaria de estar no lugar
do presidente Michel Temer.
Já no desespero, diante do agravamento da crise política após as
delações da JBS, que envolveram diretamente o presidente, Temer saiu atirando
para todo lado, trocou ministros no fim de semana, criou um gabinete de crise
com ministros e advogados, e passa o dia todo reunido com eles no terceiro
andar do Palácio do Planalto.
Nada indica que o julgamento no TSE seja rápido o suficiente
para estancar a sangria do governo.
Ao contrário, a agonia brasileira deve continuar com
intermináveis pedidos de vista, recursos e embargos, qualquer que seja o
resultado.
Mais de 900 dias após a abertura do processo no TSE "só
para encher o saco do PT", como contou o senador Aécio Neves, então
presidente do PSDB, na conversa gravada pelo delator Joesley Batista o país foi
virado de cabeça para baixo e pernas para o ar.
Dilma foi cassada,
Temer assumiu em seu lugar.
O PSDB saltou para o governo e Aécio seria denunciado na Lava
Jato pelos mesmos crimes dos quais acusou os adversários que o derrotaram na
eleição.
Vida que segue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário